Olver lembrava-se de poucas tempestades igualmente fortes quanto a que caía feito baldes d'água em sua cabeça e ombros, e ainda assim nunca esteve dentro delas e sim protegido dentro de sua casinha nas montanhas, debaixo das cobertas ouvindo o barulhinho gostoso da chuva a lutar contra o telhado de barro.
Sua capa o defendia das pancadas, mas estava ensopado do mesmo jeito. O megalocerus chamado Thranduil bufava e balançava a enorme cabeça cornada de tempos em tempos, tentando amenizar o fluxo de chuva em suas narinas, o alce levava o bruxo a pedido de Rosalya que agora reinava como líder de seu povo.
O capa vermelha não podia enxergar muito mais que dois metros à sua frente devido a cascata continua que insistia em cair do céu, a escuridão da noite também o atrapalhava. O bruxo tentou puxar a varinha e iluminar o caminho à sua frente momentos antes, mas a luz atrapalhava Thranduil que se recusava a carrega-lo se ele continuasse a não confiar nas patas firmes que o levavam ao destino.
Estava rumo a casa da amiga de Anita que o ensinaria mais sobre magia, Olver agora se perguntava como que sua irmã conhecia uma professora de magia se sua mana não podia conjura-la.
O relâmpago iluminou de repente a estrada à sua frente revelando a figura bizarra que os esperava no meio da estrada. O imenso alce assustou-se e empinou arremessando Olver no chão, que também levou o susto tanto com a figura quanto com o salto da besta. O bruxo estatelou-se no oceano de agua de chuva e lama que cavava fundo o meio da estrada. Ao ouvir os cascos romperem rápidos e distantes floresta adentro, o bruxo finalmente sacou a varinha e apontou para onde ele achava que a figura negra o aguardara. Olver apertou os olhos e os cobriu com as mãos na tentativa inútil de enxergar através do escuro e da correnteza que escorria pelo seu rosto.
_ Luz. – Ordenou o jovem bruxo para a magia que saía da ponta da varinha apenas para iluminar a figura negra e baixinha a menos de dez centímetros do bruxo o acertar na têmpora e fazê-lo cair novamente na lama.
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_ Ele está acordando, dessa vez você foi longe demais Camila, eles vão descobrir e vão nos punir. – Disse uma voz feminina ao lado esquerdo.
Olver gemeu ao sentir a cabeça latejar e parecer girar por cima dos ombros. A menina da direita apertou a adaga no pescoço do capa vermelha, que paralisou assustado, e disse:
_ Nome. – Olver ouviu a ordem.
_ Olver das Montanhas, Filho de Aurora. – Olver sentiu que caso arriscasse engolir a saliva de sua boca, poderia ter a garganta cortada.
_ O que estava fazendo tão longe das montanhas moleque? – Olver admirou a moça que o ameaçava, era baixinha e mais ou menos a idade de sua irmã mais velha, ostentava uma enorme barriga com uma cicatriz na altura do umbigo e vestia roupas de algodão muito limpas.
_ Estava viajando de encontro com minha nova mestra. – Olver disse com a voz mais inocente que pôde, e era verdade. O rapaz sentiu a adaga relaxar um pouquinho e logo a observou voltar para o coldre da jovem gravida.
_ Camila, esse rapaz é problema, já disse. – A outra mulher era mais corpulenta e alta, loira, tinha olhos azuis que mais pareciam safiras e uma barriga ainda maior que o de sua amiga mais jovem.
Camila bufou e encarou o capa vermelha, ela era ruiva de olhos azuis brilhante sem pupila nem íris, também possuía pele branca pálida que fez Olver quase perguntar em voz alta se ambas estavam bem.
O bruxo tateou as vestes e encontrou-se em novas roupas de algodão, secas e limpas.
_ Trocamos você, aquela sua roupinha chique estava toda encharcada e suja de barro. Espero que não tenhamos magoado vossa majestade. – Disse Camila com os olhos apertados em desconfiança.
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O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de Ivalin
FantasiaIvalin é um mundo mágico e problemático. Diversas raças coexistem em uma simbiose caótica onde guerras são travadas com magia e ferro. Quando novos rumos são tomados em um dos reinos dos humanos que parece ser prejudicial a todos, uma guerra eclode...