Capítulo 19 - Meteco Magico

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Aurora corria por entre os arbustos e os galhos, sentia as pedras pontiagudas machucarem os pés, mas não podia parar. Fred agitava-se em seu colo e a bruxa nada podia fazer para acalmá-lo.

_ Mãe, você tá machucando minhas costelas eu estou bem corra sinto algo mas está doendo não está, nós aguentamos.

A bruxa correu até uma ribanceira no fundo do bosque e agachou-se por debaixo da lama, pôs Fred no chão e olhou por cima da terra que começara a encharcar-se com a chuva tempestuosa. Os capas vermelhas pareciam ter perdido seu rastro, mas ainda podia se ver as luzes de suas varinhas por entre as árvores.

_ Fred, querido. Teremos que nos virar sozinhos a partir daqui. Tempos difíceis virão e teremos que nos virar, entendeu? Nunca nos separar, vamos juntos a partir de agora. Mas você terá de prometer fazer o que eu mando, não irá desobedecer e nem fazer algo perigoso, entendeu?

A criança balançou a cabeça positivamente, aparentemente nunca tinha visto a mãe tão nervosa na vida. A bruxa sentou-se e cobriu o rosto com as mãos. O arcanista assistiu, triste, sua mãe a soluçar.

_ Maurício. Ô Mauricio. Achou que encontrei alguma coisa. – Gritou uma voz vinda das árvores logo atrás dos dois.

_ É um ursinho, um panda de pelúcia senhor.

_ JUDY! CALA A BOCA DOIS DESCULPA. – Gritou o garotinho.

As luzes das varinhas começaram a se agrupar perto de onde mãe e filho estavam, os bruxos e bruxas se esgueiravam por entre as árvores tentando ver algo além da cascata de chuva que caía.

Aurora subiu o morrinho e encarou os capas vermelhas que juntavam-se em um grupo. Os bruxos e bruxas apontavam as varinhas faiscantes para a mulher.

_ Moça, nosso chefe disse para leva-la até ele. Não vamos machucar nem você e nem o garoto se fizer o que nós mandarmos. – Disse o mais alto dos quatro.

A chuva caía e escorria no corpo da bruxa. Aurora ficou imóvel por um instante observando os capas vermelhas que a encaravam de volta com as varinhas apontadas para ela.

A mulher começara a caminhar em direção aos agressores.

_ Não, não. Nem mais um passo senão... – O grupo se enfileirou de maneira com que todos pudessem encarar a bruxa que cambaleava em direção à eles.

Aurora agarrou com força a pele debaixo do pescoço e a removeu com um puxão, revelando a caveira por entre os ombros. Os capas vermelhas assistiam a mulher se automutilar com as bocas abertas de surpresa. Os olhos da bruxa começavam a flamejar e o fogo consumiu a caveira da mulher.

Ela gorgolejou, gargalhou um pouco e cuspiu o fogo em direção aos capas vermelhas que fugiram aterrorizados.

A ilusão voltou para dentro da lamparina da mulher que nunca havia deixado seu lugar junto ao filho, ela sentia que aquele foi o último feitiço daquela noite a dormência começara a impedir a sensibilidade dos dedos o frio havia se intensificado e a visão turvou um pouco, mas era preciso continuar.

A mulher tentou se levanta e suas pernas não atenderam o pedido, estava fraca, mal vestida e descalça. Não sobravam muitas opções, teria de chamar por ajuda e, entre morrer e deixar o filho mais novo numa floresta cheia de bandidos, sozinho, na chuva e no frio e pedir ajuda às suas antigas companheiras que Aurora havia traído anos atrás, bom, a mulher não teve dúvidas.

A mãe desenhou um circulo no barro que encharcava-se ali próximo e dentro dele as estrelas, runas e símbolos das silencio. A lamparina foi posta ao centro.

Aurora abraçou o filho que tremia de frio, enquanto observava o caldeirão à sua frente abrir-se para as mulheres que entravam com varinhas em punho e chapéus pontudos na cabeça.

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora