Capítulo 9 - O Jardim em Chamas

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Elva despertou com o sacolejar causada pela corrida rítmica do mago, pelo canto do olho viu a capa vermelha arrastar pelo chão e levantar centenas de folhas luminosas e secas. Viu que Olver havia pegado seu arco e disparava flechas contra as sombras que deslizavam rapidamente atrás do trio. Por sorte, Elva estava vestindo a pulseira, que a protegera, ela estava pequenina e, portanto mais leve e fácil de ser carregada pelo mago.

Sentiu uma fisgada excruciante e percebeu a flecha sendo expelida para fora de seu corpo. Bernalk sabia curar. Elva sentiu o sangue correr suas vestes e rapidamente sentiu sua carne a preencher o vazio deixado pelo dardo. Era uma sensação estranha, mas confiava na perícia de capa branca amador do mago.

Bernalk então gritou algo a Olver que Elva não conseguiu compreender e se viu sendo arremessada de costas para o chão, aterrissou suavemente no lodo imundo do pântano. O mago encarou as sombras e começou a recitar um canto. Olver parou ao seu lado e continuava a atirar flechas contra as dríades, que revidavam, mas as flechas não penetravam mais que dois metros do mago, Elva nunca presenciou Bernalk sendo atingido por flechas.

De repente Elva sentiu um tremor vindo das profundezas da terra e assustou-se quando a imensa criatura se levantou, feito de pedras e musgo coloridamente luminoso, o golem ergueu-se quase da altura das árvores retorcidas, espreguiçou-se atirando os braços para o alto e fazendo ondas de terra e lama serem atiradas para todas as direções e encarou as dríades que não perderam tempo em se atirar contra o golem mágico. As dríades pularam em cima do golem e o escalavam como se deslizassem rocha acima.

_ Olver, lembre-se, se você acertar uma delas e a machucar, nunca sairemos vivos daqui. Concentre-se em assustá-las e negar terreno a elas.

_ Senhor Bernalk, você já me disse isso algumas vezes, seja o que for que esteja planejando, faça logo. Minha nossa, não acho que seu golem irá aguentar por muito tempo.

Elva virou-se para ver o golem e surpreendeu-se ao constatar de que as dríades já haviam decepado um braço do imenso golem, tamanho a ferocidade do ataque com seus sabres e espadas mal forjadas. Quando alguma dríade se arriscava pular para perto do trio, Olver atirava flechas de aviso ao chão, as dríades mostravam os dentes ameaçadoramente, mas felizmente não avançavam. Bernalk agarrara a bolsa em que a elfa trouxera os artefatos e a jogou nas costas.

_ Bruxo, não podemos lutar contra elas, quanto mais insistirmos nessa briga, maior será nosso prejuízo. Vamos correr. Acha que consegue carregar Elva?

O Jovem capa vermelha olhou para a pequenina elfa no chão, corou, mas balançou a cabeça afirmativamente. Contudo, era tarde demais, as dríades já haviam derrotado o golem fazendo-o explodir em cinzas negras que desapareciam lentamente. As dríades agora cercavam o trio de todas as direções. O capa vermelha pode até ver os olhos verde-brilhantes o observar de cima de diversas árvores do redor da orla. As lanças mal feitas e espadas mal forjadas apontavam para os encurralados.

Bernalk empurrou o bruxo para perto da elfa e abriu os braços, separando-os das figuras negras que se mantinham a distancia segura do grupo do mago. Elva a viu abrindo caminho por entre as irmãs. Ela era alta e esguia, ostentava um longo vestido alaranjado que brilhava feito fogo. Seus olhos dourados brilhavam ameaçadoramente, destacando-a em sua pele pálida. Ela parou de frente para o mago e com voz autoritária disse:

_ Vocês! Vocês entram em nossas terras e matam nossos amigos da floresta! A sua guerra serve para vocês matarem a sua gente, não a nossa.

_ Não fazemos parte da guerra que se segue. Ó minha nobre dríade. Caçávamos apenas para nos alimentarmos, não tínhamos a intenção de ferir qualquer criatura gratuitamente. - A voz de Bernalk soava suave, ele não mostrava nenhum sentimento senão a calma. Mas era firme.

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora