Olver estava cercado. Sentia o suor escorrendo pelos braços e pulsos e conseguia sentir magicamente a correnteza seguir pela varinha faiscante até finalmente pingar no chão. Sua capa o protegera do ultimo ataque do mago. Bernalk pairava a uma distancia segura enquanto seus minions de pedra o defendiam.
O capa vermelha já estava exausto de derrubar e abater as criaturas com lanças e flechas mágicas, até conjurara feitiços em muitos dos rochosos afim de atrasá-los para que o bruxo tivesse algum tempo a mais para pensar em seus próximos movimentos. O mago sempre conjurava mais golens e, quando Olver conseguia chegar um mínimo mais perto, ele rodopiava no ar girando o cajado, levantando mais e mais mini golens de pedra e cascalho para tumultuar o caminho por entre os dois.
Mas agora estava diferente, Olver percebera. O mago estava tentando fazê-lo desistir de uma maneira diferente, estava cercando-o com seus súditos. Olver sacou seu arco das costas, correu por entre dois brutamontes de rocha desviando de seus golpes com rapidez de um gato, fazendo-os socar um no outro e disparou duas flechas no ar, silvando elas acertaram a cabeça de outros dois golens que caíram um por cima do outro. Olver começou então a escalar a enorme montanha de pedra recém-formada pelos dois, ele subia sentindo os pés deslizar e derrapar por entre os cascalhos. Chegando ao topo, pode ver que estava a poucos metros do mago, que o aguardava com um olhar inocente para o vazio, parecendo não estar de mente presente ali. Olver então saltou, ou teria saltado se não tivesse escorregado no cascalho.
Ao se desenterrar no mar de terra, areia e pedras ergueu as mão em sinal de desistência.
_ Ahá, sabemos agora quem ficará com a bolsa de doces. – Sorriu o mago, alegremente.
_ Não estava muito interessado nos doces, para ser honesto, senhor Bernalk. – Disse o bruxo, puxando enormes quantidades de ar de uma só vez sentindo que seu coração estava quase a pular para fora do peito.
_ Como não? São deliciosos. Aqui pegue um pirulito, mas não pegue o amarelinho, ele é muito azedo.
Olver pegou o pirulito amarelinho e fitou o olhar frustrado do mago.
_ Tenho irmãos, senhor Bernalk. Dizendo-me para não pegar o amarelo, só indica que este é o seu favorito. – Olver ostentava um olhar astuto em seu rosto jovial todo suado.
_ Anotado. – Bernalk agora descascava o azul.
_ Alguma dica de como ganhar da próxima vez, senhor Bernalk? – Perguntou o capa vermelha torcendo um pouco o rosto, talvez aceitando o pirulito azedo não tenha sido a melhor ideia.
_ Todos nós somos nossos piores inimigos. Mas também somos nossos melhores professores.
Os dois sentaram um ao lado do outro e admiravam os campos das fazendas anãs que crescia no enorme horizonte. Os anões plantavam desde cenouras a cevada em enormes campos. Mas há algum tempo estes estavam vazios, os fazendeiros estavam receosos de cuidar dos campos graças a alguma coisa que atacava as crianças enquanto os pais estavam fora.
Bernalk e Olver aceitaram caçar a tal criatura, Bernalk por lascas e Olver por experiência. O capa vermelha e o mago treinavam várias vezes ao dia. Olver sentia que a magia crescia dentro dele, mas ainda não conseguia acreditar no poder do mago. Bernalk parecia inocente demais para a quantidade absurda de magia que produzia durante as lutas. Às vezes o capa vermelha duvidava até mesmo de Bernalk estar prestando a máxima atenção enquanto Olver usava, com certeza, a capacidade máxima de seu corpo e sua mente.
_ Bernalk, existe alguma diferença entre usar um cajado e uma varinha durante as lutas? – Perguntou Olver, observando o cajado simples, porém bem desenhado cajado.
_ Não, um amigo meu costumava dizer que a melhor arma de um bruxo é o cérebro. De toda maneira, quem expressa melhor seu desejo a magia acaba ganhando. Você aponta a varinha pro seu adversário e pensa "magia, jogue uma pedra nesse cara", e ela o faz da ponta da dita varinha, como se canalizada, você balança o cajado e pensa "magia, faça um rodamoinho derrubar ele" e o rodamoinho se forma no balanço, essas coisas. A comunicação plena com a magia é o objetivo final de todos os bruxos do mundo. Eu como mago, sou sincronizado diretamente com a magia, às vezes eu nem sequer imagino meus ataques mágicos. Eles simplesmente acontecem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de Ivalin
خيال (فانتازيا)Ivalin é um mundo mágico e problemático. Diversas raças coexistem em uma simbiose caótica onde guerras são travadas com magia e ferro. Quando novos rumos são tomados em um dos reinos dos humanos que parece ser prejudicial a todos, uma guerra eclode...