Capítulo 16 - Reuniões de Famílias

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A rainha estava impaciente, seu irmão ainda estava ferido devido ao confronto contra o saci mas ele havia insistido em falar com Anita também. A irmã mais velha era imune a magia portanto o contato era extremamente difícil, mas todos a esperavam com anseios.

Nos dias anteriores Olver foi tratado pelos folufos curandeiros e apresentado a todos, Rosalya conheceu também a elfa e sua amiga de capa negra que decidiram continuar a jornada juntas até que Olver se recuperasse completamente. O paradeiro do mago era incerto, pois ninguém o havia visto após a luta contra Susan.

A falda em que estavam era plana com chão de rochas ásperas e rodeada por cachoeiras, a rainha havia ordenado aos castores e aos ursos de derrubar as árvores do interior da orla das cataratas para que servissem como o novo lar fixo para os folufos, a abundancia de águas e a posição central fundo no pântano era ideal para o estabelecimento da capital. O pátio em questão foi escolhido como um espaço, bastante amplo, para servir de centro de reuniões do novo povo e esta ser circulada por cachoeiras era o maior charme da mais nova praça.

Ali estavam apenas a alta cúpula da sociedade folufa, a Rainha Rosalya e seus guardas reais Tamy e Tody, o conselheiro Atenas e os generais de guerra Marcos e Zeca. O silencio foi quebrado pelo irmão:

_ Não acho que ela virá. – Disse Olver, triste.

_ Ela disse que viria, além do mais, nossos pais foram mortos covardemente pelos empregadores dela. Quero ver o que ela sabe. – Respondeu a rainha, ainda encarando a cachoeira.

_ Ela pode estar em perigo, pode ser que assim que soube do assassinato ter tentado fugir ou fugido de fato e, em seu encalço, o rei pode ter mandado alguém. – Olver ainda sentia dores em seus ossos, mas sabia que estes melhorariam pois foram recentemente tratados pelos folufos curandeiros.

_ As dríades disseram que ela está em Alamestre. Que sabe de tudo, mas ainda permanece por lá.

O capa vermelha não sabia o que sentir sobre aquilo, tudo o que sua irmã mais velha tinha contado para a família era que trabalha nas oficinas do novo rei como inventora. Mas era impossível que ela não soubesse o que tinha acontecido.

A leve neblina causada pelas quedas d'agua começara a chacoalhar e a brilhar. Todos observaram o rosto de uma mulher, negra com olhos castanhos escuros e lábios cheios a aparecer sutilmente na cachoeira central da orla. A imagem logo se materializou-se de fato, parecendo o reflexo num espelho.

_ Olver? Rosalya? Oh pobrezinhos, onde estão? – Perguntou a mulher.

_ Anita, o que aconteceu? Por que mataram nosso pai? – Perguntou a rainha, cruzando os braços e olhando profundamente nos olhos do reflexo na agua. Como rainha, sabia que deveria conter as emoções e que aquela situação poderia ser uma armadilha.

_ Anita, muito prazer em vê-la. Eu senti tanta saudade. – Disse o bruxo, chorando de emoção.

_ Ó Olver, sinto muito. Contei aos lobos sobre o quão poderoso era nossos pais, sabe, sem maldade alguma, não sabia que eles iriam atrás deles. Queriam O Grande do lado deles e quando o pai se negou a... – A mulher chorou um pouquinho.

Todos na praça olhavam para o chão, tristes. Até Tody estava com seu bonito chapéu sob o peito. Rosalya por um momento lembrou-se do alce de chocolate.

_ Anita, venha conosco, podemos protegê-la. – Determinou a rainha.

_ Não posso pequenina. Estou sob custódia da coroa. – Anita enxugava as lágrimas. – Estou terminando a minha mais nova invenção e os lobos me disseram que poderei ir, mas não creio quer me disseram a verdade.

_ Mataram o pai, fizeram a mãe correr no escuro pela floresta com nada mais que as vestes do corpo e Fred nos braços. E eu? Me abandonaram nos escombros de nossa casa, me deixaram lá para morrer, Anita. Você não pode permanecer com essa gente.

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora