O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de Ivalin

Capítulo 11 - O Descanso dos Gigantes

O Sol de Párduras era famoso por ser o mais forte e impiedoso de todo o mundo. A feira estava abarrotada de estrangeiros que aproveitavam as promoções das especiarias trazidas pelos mercadores dos diversos cantos do mundo. O capa azul sentava-se espalhafatosamente esparramado na cadeira da taverna a céu aberto com as mangas arregaçadas, gola arriada e bermuda recém-improvisada com cortes na altura das canelas.

_ Parece ser um nortenho. – Disse a odalisca mais nova.

_ É, com certeza um nortenho. Um nortenho grande e musculoso – Observou a mais velha.

_ Consegue ver alguma aliança? – Perguntou a mais nova.

_ Acho que essa informação poderá apenas ser obtida com uma pesquisa de campo. Por que você não vai lá dar o "oi" caloroso famoso das moças das areias. – Disse a mais velha, fazendo movimentos ondulares com as sobrancelhas.

_ Não sou boa com os meninos. Ainda mais com aqueles pelos quais eu acho atraente. – Ovete observava o moço loiro, alto, bem apessoado e com uma capa azul brilhante às costas que parecia mergulhar em pensamentos distantes enquanto tomava sua cerveja amanteigada gelada com magia.

_ Se continuar assim, casará com um menino que não acha atraente. Vamos lá, da um "oi" pra ele. Vai que vocês dois ficam rubros olhando para o chão enquanto murmuram grunhidos incompreensíveis um para o outro entre uma risadinha acanhada e outra? – Rosane parecia divertir-se com a vergonha da jovem.

_ Ele veste azul. É um estudioso. Aposto que está só de passagem.

_ Esses são os mais fáceis. – Disse a odalisca mais velha sorrindo infantilmente.

_ Se é nortenho ele gosta de moças brancas, loiras e com os olhinhos azuis. Que chance tenho eu? Nem ao menos curvas exuberantes tenho.

_ Se é nortenho, deve ter visto apenas moças brancas, loiras e com os olhinhos azuis. Portanto, você tem a vantagem de se... Espere. Está só arranjando desculpinhas para não ir falar com o rapaz. Ora, minha jovem, deve-se aproveitar a vida quando ainda se é jovem igual a você. Acredite, quando tiver minha idade...

Rosane foi abafando a voz enquanto a moça mais jovem apertou os punhos e caminhava decidida em direção ao rapaz de pelo menos dois metros de altura que suava bicas pelas vestes.

Ovete sentia seu peito apertar enquanto andava vagarosamente em direção ao capa azul, podia jurar que sua visão turvava a cada passo. O estômago apertando, os pés amortecendo e a bunda parecendo que ia cair a qualquer momento. A jovem olhou para trás, mas sua companheira apenas ria com um olhar bobo acenando com a mão para que ela seguisse em frente.

As cortinas de entrada da grande tenda abriram-se violentamente abrindo espaço para a entrada de uma mulher com o que parecia ser o dobro da altura de Ovete. A mulher tinha pelo menos um metro e oitenta de altura, cabelo meio moicano com tatuagens coloridas na lateral careca, no rosto havia pinturas tribais ameaçadoras e as mãos calejadas da garota indicava que ela dedicava pelo menos metade de seu tempo livre em lutas corpo a corpo.

_ KAUÊ! – Berrou a garota de cabelos loiros e um olho azul e outro verde.

O berro foi tão alto que todos na taberna assustaram-se com o que pareceu o rugido de uma leoa selvagem. O imenso guri levou um susto tão grande que no salto derramou a cerveja na roupa de peles, virando-se rapidamente para encarar a jovem que acabara de entrar com o rosto rubro de raiva.

Ovete voltou correndo para as asas da amiga, que a consolava com tapinhas e afagos gentis às costas da garota.

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_ Rebeca, ela estudou comigo na Primum. – Disse o capa azul chacoalhando a varinha por cima do copo, fazendo surgir cubos de gelo lá dentro.

Nudous esticava-se com a barriga para cima numa tentativa inútil de se desfazer do calor que o assolava. Karen tentou afagar a fuinha, mas esta se recusava a receber carinho, a jovem começara a pensar que o bichinho sentia-se traído por ter sido levado para um lugar tão quente e seco quanto o Oeste.