Acaso: aleatoriedade, sem rumo, sem intenção prévia, ou seja, algo que acontece do nada e sem motivo aparente. Todos os dias coisas acontecem por acaso, desde um pombo defecar na cabeça de um homem, até um menino achar uma nota de cinqüenta reais no meio da rua. O acaso interfere na vida de todos, às vezes acontecem coisas por acaso que acabam mudando nossos trajetos, seguimos outros rumos, seria isso improviso ou algo já pré-escrito? Será Deus controlando tudo ou será o destino? Destino, uma coisa tão complexa, mas tão simples ao mesmo tempo, simplesmente é o que te espera no futuro, tudo que acontece em sua vida é o seu destino. O destino pode ser bom ou ruim, o destino daquele garoto que sofre bullying na escola pode ser assassinar seus colegas, o destino de um valentão pode o tornar uma vítima dessa vingança, o destino de alguém que sempre tentou ajudar o garoto vítima de bullying pode o impedir de ir para a escola no dia do massacre, isso é destino.
O destino de São Paulo em 2019 é ser palco da pior epidemia de todos os tempos, sem exageros, algo que pode acabar com a vida na Terra.
Em frente à banca de jornal Felipe leu o título da manchete de um jornal, ele sentiu uma mistura de sentimentos, tudo muito confuso, mas com certeza não era algo bom. O que ele leu fez ele assimilar o que estava acontecendo, e pessimista como é, ele não viu uma saída para esse pesadelo.
A manchete dizia "Dois corpos que passariam pelo processo de embalsamento são roubados da funerária".
Quem roubaria cadáveres da funerária? Foi com esse pensamento que Felipe chegou à conclusão de que os dois animais que desmembraram o homem na noite passada e esses corpos que sumiram da funerária se tratam da mesma coisa. Em meio à mil pensamentos ele balançou a cabeça dizendo à si mesmo para parar de pensar nessas besteiras, isso é apenas ficção, nada dá mais medo do que o desconhecido. O jovem até tinha lido uns meses antes sobre cientistas americanos terem criado um método para reviver mortos, mas ele achou que era apenas uma notícia falsa para conseguir acessos no site. Felipe decidiu não ficar criando paranoias em sua cabeça, ele se virou e começou a caminhar em direção ao supermercado, mas essa tensão que ele sentia era mais forte, por precaução ele ligou para casa, seu pai atendeu, Felipe o disse para ter cuidado pois um homem foi morto à mordidas e dois corpos sumiram da funerária e podia se tratar da mesma coisa, ele ouviu uma risada com desprezo do outro lado da linha, ignorou a idiotice do pai e o disse para avisar à mãe, e recebeu a resposta de que ela não seria incomodada com essa merda. Felipe desligou o telefone e tentou não deixar a raiva tomar conta dele.
Enfim ele chega ao supermercado, as portas estão abaixadas, mas se o mercado estava fechado, por que Lucas disse para Felipe se apressar? Felipe lembrou disso e bateu na porta, Luísa, a gerente do mercado abriu a porta e o mandou entrar rapidamente, fechando a porta em seguida.
- O que você tá fazendo? – perguntou Felipe.
- Não viu as notícias? Tem animais perigosos à solta, não vou correr o risco deles entrarem aqui. – respondeu Luísa.
- E os clientes? Já não tem ninguém aqui, com as portas fechadas aí que não vai ter mesmo.
- Todos devem estar em casa com medo, mas caso apareça alguém, eu vou ver pelas câmeras.
Felipe encerra o diálogo e vai até Lucas que estava arrumando alguns produtos na prateleira, junto à ele estava Mariana, amiga dos dois.
- E aí L. – disse Felipe ao seu amigo acompanhado de um aperto de mãos.
- E aí vagabundo, enrolando pra chegar né? – disse Lucas com um sorriso.
- Oi Mari. – diz à sua amiga seguido de um beijo na bochecha.
- Oi, Que cara é essa? Viu um fantasma? – brincou a garota.
- Ainda não...
- Por que ainda? – perguntou Lucas.
Após encarar Lucas e Mariana por alguns segundos, ele decidiu deixar pra lá.
- Agora fala! – disse Mariana curiosa e um pouco brava.
Felipe permaneceu calado.
- Fala logo, vai ficar fazendo suspense agora? – perguntou Lucas.
- Beleza, mas não é pra rir! – disse Felipe em tom imponente.
- Não garanto nada, fala aí.
- Vocês viram que um homem foi morto aqui na cidade e desmembrado por dois animais?
- Isso eu vi, até comentei com você.
- Que horrível, né? – disse Mariana.
- Eu vi numa banca de jornal que dois mortos sumiram de uma funerária...
Lucas e Mariana se olham por segundos.
- Quer dizer que você acha que foi um ataque zumbi? – pergunta Lucas em meio à gargalhadas.
- Não é pra rir, mano. – diz Felipe bravo,
- Mas olha a merda que você fala. – diz Lucas recuperando o fôlego.
- Que merda hein Mike. – diz Mariana em meio à risadas contidas.
Os amigos chamam apelidaram Felipe de Mike por ele ser fã de Michael Myers.
- Foda-se. – diz Felipe bravo enquanto sai caminhando.
- Peraí cara, eu sou o Chris, a Mari é a Jill e você é o Barry, estamos na mansão Arklay agora. – diz Lucas rindo desesperadamente.
Felipe para de andar por um momento, pensa em várias respostas, mas prefere ficar em silêncio.
- Logo você que sempre diz pra gente parar de pensar besteira agora está achando que existem zumbis? – diz Mariana.
- E que explicação vocês tem para o que está acontecendo? – questionou Felipe.
- Foram animais ué, a polícia e o IBAMA já estão procurando por eles. Daqui a pouco sai a notícia que eles fugiram de algum zoológico. – diz Lucas,
- E os corpos que sumiram? – retruca Felipe.
- Isso deve ser mentira ou um mal entendido. – diz Mariana.
- E mesmo se não for, tem gente louca por aí, o próprio Michael Myers que você é tão fã roubou o túmulo da irmã dele. – completou Lucas.
- Mas Halloween é só um filme, esse roubo de corpos é de verdade! – diz Felipe.
- Tá bom cara, mas existe uma coisa chamada necrofilia, pode ter sido algum doente que sumiu com esses corpos, só isso.
Felipe agora não sabe se acredita que é apenas coincidência...
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No Way Out
HorrorFelipe é um jovem pessimista que se vê em seu maior pesadelo, uma epidemia está contaminando pessoas e animais e aos poucos o país inteiro está sendo tomado por essa infecção. 1° lugar em Terror no Concurso Chuva de Visualização 1° lugar em Terror n...