CAPÍTULO 9 - ALERTA

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Inútil: Desnecessário, sem utilidade, desprovido de serventia, que não serve para nada, descartável. Uma pessoa inútil não faz diferença nenhuma, sua presença não é importante e ela poderia não estar ali e tudo continuaria do mesmo jeito. Ninguém é inútil sempre, todos têm uma utilidade para pelo menos uma coisa, mas existem pessoas que em certas situações se tornam fardos a serem carregados. No momento duas pessoas estão sendo inúteis, Alfredo, que se diz um homem de fé, está desistindo de lutar por sua vida e tentando fazer seus dois colegas sentirem o mesmo incômodo, o que irritou Gustavo. Mariana até agora não fez nada também, ela só gritou e chorou e quando Lucas estava sendo atacado a garota ficou parada, tremendo de desespero, mas vamos dar um desconto, eles não esperavam passar por essa situação, os outros também não, mas cada um tem uma reação diferente, Lucas, por exemplo, se recusou a acreditar, Felipe acreditou rapidamente mas está pouco otimista, Mariana e Alfredo estão assimilando a situação ainda, será que eles terão alguma utilidade no decorrer desse pesadelo?

- Para com isso, Gustavo. Ficar irritado não vai ajudar. – pediu Carlos.

- Ficar dizendo que não vai dar certo que vai ajudar, né? – respondeu o furioso garoto.

- Esquece isso.

- Desculpa... – disse Alfredo, com lágrimas nos olhos.

- Cala a boca, você já tirou minha paciência! – respondeu Gustavo. – Vamos logo, Carlos!

Carlos pensou em reprimir Gustavo, mas ele entendeu o lado do garoto, é bem desconfortável fazer algo com alguém do lado dizendo que vai dar errado. Alfredo não fez por mal, mas isso não é desculpa, se um jogador mandar a bola contra a própria meta, mesmo que sem querer, ainda vai ser um gol contra, e isso prejudica o resto da equipe.

- Calma, vamos pensar em como fazer isso. – afirmou Carlos.

- Certo... – concordou Gustavo, enquanto encarava Alfredo. – Já deu pra perceber que ela não consegue correr.

- Ou talvez consiga e só não quis ainda... – respondeu Carlos. – Mas vamos supor que ela não consiga...

- A gente pode atacar ela por trás, derrubamos ela e um segura a cabeça dela no chão enquanto o outro procura a chave no bolso. – sugeriu Gustavo.

- Pode funcionar. -  supôs Carlos. – Então eu seguro e você pega as chaves, certo?

- Pode ser. Qual será o bolso que a chave está?- perguntou o garoto.

- Talvez no bolso de trás. – respondeu o açougueiro.

- Caramba, eu sempre quis pegar na bunda dela, mas não com ela morta, né? – disse o garoto seguido de uma risadinha.

- Você é retardado. – respondeu Carlos, rindo.

- Mas e a força dela? – perguntou Alfredo, com uma voz trêmula.

- O quê? – perguntou Carlos.

- E se ela tiver ficado mais forte? – perguntou, com a voz falhando.

- Não pensei nisso... – disse Gustavo. – Mas Carlos, você ainda é mais forte que ela, vamos logo.

- Temos que arriscar...

Gustavo e Carlos começaram a procurar a zumbi Luísa pelo supermercado enquanto Alfredo não sabia o que fazer, o homem de meia idade quer ajudar, mas tem medo de seu destino ser o mesmo de Sofia. Apesar de não ter demonstrado, ele sentiu muito a morte dela, os dois trabalhavam ali há mais de dez anos, chegaram antes de Luísa se tornar gerente. Sofia e Alfredo não eram exatamente amigos, mas também não eram só conhecidos, e vê-la morrer na sua frente o deixou abalado.

Carlos encontrou a zumbi e fez um sinal para Gustavo, que cautelosamente se posicionou atrás da gerente, Carlos se posicionou à frente. – Seja o que Deus quiser... – Gustavo correu em direção à Luísa, Carlos fez o mesmo, ao ver o açougueiro, a zumbi começou a andar em sua direção para atacá-lo, Gustavo a alcançou e para a derrubar ele lhe deu um chute com a sola do pé nas costas, antes de cair, a zumbi cuspiu sangue na cara de Carlos, sem enxergar nada, ele parou de correr e colocou a mão nos olhos, nesse momento a morta, caída, agarrou o pé do açougueiro, para desespero de todos.

Enquanto isso na casa de Felipe, Roger, de quarenta e oito anos, pai de Felipe, resmungava sobre o filho enquanto assistia a um filme na TV.

- Quem é que estava ligando? – Perguntou Joana, de quarenta anos, a mãe de Felipe, que estava voltando do quintal.

- Seu filho. – respondeu o ranzinza. – Vou ter uma boa conversa com esse moleque quando ele chegar.

- Mas por quê?

- Ele liga pra falar merda e ainda falta com respeito, tá merecendo a surra que nunca levou na vida!

- O que ele queria?

- Falar merda, eu já disse!

O Filme que Roger estava assistindo foi interrompido por um plantão. A repórter dizia:

- Atenção todos! Estamos aqui direto da redação para dar um alerta. Quem estiver em casa, não saia! E quem estiver na rua, volte para casa ou vá para um estabelecimento seguro e fique por lá, não fiquem na rua! Ataques canibais estão ocorrendo por toda a zona leste de São Paulo, ainda não sabemos se as pessoas estão descontroladas ou se foram infectadas por algum vírus, resultando nesse efeito colateral, a polícia e os bombeiros estão tentando resolver, são milhares os pedidos de ajuda, todas as unidades do SAMU já foram acionadas para socorrer as vítimas, o trânsito está um caos. As forças armadas já foram adicionadas e estão vindo para cá, mas não tem previsão para o fim dos ataques, então para sua própria segurança, permaneçam abrigados até novas recomendações!

- Então era isso... – disse Roger.

- Isso o quê? – perguntou Joana.

- O Felipe falou pra tomar cuidado, que o Lucas tinha sido atacado, mas eu pensei que ele tava brincando.

- Qual é seu problema? – Perguntou Joana, irritada. – Nosso filho ligou tentando avisar e você diz que ele só queria falar merda? – Roger ia responder, mas foi interrompido. – O Felipe tá na rua correndo perigo e você aí dizendo que vai dar uma surra nele... Eu vou atrás do meu filho agora!

- Você não vai pra lugar nenhum. Não escutou que é pra ficar em casa?

- Eu não tô nem aí. – Joana pegou sua bolsa e saiu de casa, Roger preocupado foi atrás dela.

No Way OutOnde histórias criam vida. Descubra agora