Piada: Também conhecida com anedota, é uma breve história, de final engraçado e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou gargalhadas em quem a ouve ou lê. Felipe compartilhou com seus amigos o seu pensamento de que o homem que foi morto e desmembrado durante a madrugada e o sumiço de dois corpos da funerária se tratam da mesma coisa, Lucas e Mariana riram como se o garoto tivesse contado uma piada, Lucas ironizou a situação e citou o jogo eletrônico Resident Evil, de 1996, para fazer uma brincadeira. Felipe claramente ficou chateado, mas torce para que seus amigos estejam certos em descartarem essa possibilidade.
Felipe estava se dirigindo ao banheiro para se trocar, mas parou para pensar e concluiu: Se as portas estão fechadas, não tem para que usar o uniforme do mercado, então ele apenas guardou sua mochila e foi atrás de algo para fazer, talvez cortar frios, organizar produtos nas prateleiras, checar a validade dos laticínios, qualquer coisa que fizesse ele distrair sua mente. Ele decidiu ir dar bom dia aos funcionários da área de açougue e padaria, e assim o fez. Chegou até o local determinado e cumprimentou os colegas de trabalho com um sorriso social em seu rosto.
- E aí, ficou sabendo do cara que foi encontrado morto aqui perto? – perguntou Carlos, um dos açougueiros, um homem por volta de seus trinta anos.
- Fiquei sabendo sim, pra que tanta violência, né? – respondeu Felipe, que optou por não dizer o que realmente pensava para seus colegas, ele não queria ser motivo de piada novamente.
- O pior é que essas merdas acontecem e a gente que sai prejudicado, olha aí o mercado vazio... – disse Alfredo, o outro açougueiro, esse tem pouco mais de quarenta anos.
- Onde saímos prejudicados? Bom pra gente que recebe mesmo sem fazer nada. – disse Gustavo, da padaria, jovem da mesma idade de Felipe.
Felipe ficou pensando em como Gustavo nunca leva nada a sério e sempre faz piadas e comentários desnecessários, mesmo que só ele ache graça. Mas mesmo sendo um idiota, sempre tratou bem os clientes.
- Cala sua boca. Se você não gosta de trabalhar o problema é seu, se for pra vir pra cá fazer nada, eu prefiro ficar em casa. E tem mais, um homem morreu brutalmente, não devemos ficar felizes. – retrucou Alfredo.
- Começou a lição de moral... – reclamou Gustavo.
- A cada segundo pelo menos uma pessoa morre, seria hipocrisia da nossa parte ficar triste só por esse, ou ficamos tristes por todos ou por nenhum. – disse Felipe.
- E quem disse que eu não fico triste? – rebateu Alfredo.
- Está perdendo seu tempo. Seus sentimentos não mudam nada, a vida já é uma porcaria, ficar se lamentando pelos outros só vai piorar o que já está ruim. – respondeu Felipe.
- O seu pessimismo me irrita. – diz Alfredo, que se retira e vai para dentro da sala de carnes.
- Você pega pesado demais, Felipe. – disse Carlos.
- Pelo menos fez ele calar a boca. – brincou Gustavo.
- Ele é bem mais velho que a gente, é até brincadeira um moleque de dezenove anos ter que falar isso pra ele. – responde Felipe, se retirando dali.
Felipe anda pelos corredores, ele tenta pensar em outras coisas, mas tudo o que está acontecendo o deixa apreensivo.
Enquanto isso Lucas, ainda rindo, e Mariana, agora um pouco arrependida, conversavam.
- Você não acha que a gente exagerou rindo dele? – perguntou a garota.
- Qual é Mari? – respondeu Lucas, irritado. – O Mike sempre zoa a gente quando falamos alguma coisa que não faz sentido pra ele, mas agora a gente tem que aceitar de boa essa merda que ele inventou?
- Mas e se o que ele falou for verdade? Você tem que concordar que um homem ser morto à mordidas e dois corpos terem sumido no mesmo dia é muita coincidência... – disse Mariana, preocupada.
- Você mesma acabou de dizer, coincidência. A gente nem sabe se isso dos corpos é verdade, o Mike pode ter visto algum jornal com notícias falsas, ou sei lá, talvez ele tenha lido outra coisa e o medo fez ele pensar que viu isso. – rebateu ainda irritado.
- Eu não acho que foi isso que aconteceu, e o Felipe não é medroso. – defendeu o amigo.
- Você que pensa, eu conheço ele há muito mais tempo que você. – respondeu Lucas. – Mas se isso vai te fazer ficar mais sossegada, vamos lá falar com ele.
Felipe vai até Luísa, ela estava conversando com Sofia, uma senhora de quase sessenta anos que trabalha no caixa do supermercado.
- O que você quer, Felipe? – perguntou a gerente.
- Eu só vi a notícia por cima, eu não vi detalhes, o que realmente aconteceu? – perguntou Felipe.
- Pelo que eu li, aconteceu às quatro da manhã, dois animais cercaram o homem e o atacaram, pelo que a polícia disse, foram as mordidas que mataram ele. – respondeu Sofia.
- Mas não pode ter sido pessoas que o mataram com mordidas e depois esquartejaram ele? Já vimos vários casos de crimes como esse, por que justo esse seria causado por animais? – disse o jovem.
- Pode ter sido, essa história tá muito mal contada, a gente tem que esperar a perícia ter certeza do que realmente aconteceu. – respondeu Luísa.
- Eu não me surpreenderia se fosse isso, lembram que teve um cara há uns anos que matou o pai e comeu o coração dele? – disse Sofia.
- É, também teve um caso de um homem que matou um cara com um cortador de gelo e depois arrancou partes dele, fritou e comeu, que nojo... – disse Felipe com cara de enjoo.
- Mas por que você está tão preocupado, Felipe? Todo dia tem morte aqui na cidade e você nunca liga, o que foi? – questionou Luísa, preocupada.
Felipe começa a pensar se deve contar para elas...
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No Way Out
HorrorFelipe é um jovem pessimista que se vê em seu maior pesadelo, uma epidemia está contaminando pessoas e animais e aos poucos o país inteiro está sendo tomado por essa infecção. 1° lugar em Terror no Concurso Chuva de Visualização 1° lugar em Terror n...