CAPÍTULO 22 - DESNECESSÁRIO

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Sensação de morte: É quando uma pessoa sente uma sensação ruim, lhe vindo pensamentos sobre sua própria morte ou a morte de outra pessoa ou animal. Esta sensação geralmente está ligada à ansiedade e pode ser combatida, mas no caso de Carlos foi diferente. Com dores no peito o açougueiro provavelmente previu que já estava em seus últimos suspiros e conversou com Felipe, Lucas e Mariana, os dando conselhos e colocando toda sua confiança neles, para segundos depois o pior acontecer...

Carlos se levantou com dificuldade enquanto os três amigos olhavam assustados, Felipe pegou o revólver e exigiu que Carlos o respondesse, ao não obter resposta Felipe deu um tiro na testa do zumbi, o que foi suficiente para matá-lo.

– Não acredito, o Carlos também... – lamentou Mariana.

– Tá todo mundo morrendo... – disse Lucas.

Felipe estava cabisbaixo quando Lucas disse isso. – Morte... – com lágrimas nos olhos o garoto tentou se recompor. – Não vamos ficar chorando... Vamos fazer o que ele falou, salvar nossos pais. – disse enquanto tentava voltar a uma postura imponente.

– Vamos então. – disse Lucas.

– Seus pais estão na rua, né? Vamos logo! – sugeriu Mariana.

– Então vamos, eu vou com a arma e você vai com a barra, Lucas. – disse Felipe.

– Por que você vai com a arma? – questionou Lucas.

– Sério isso? Numa hora dessas, Lucas? – disse Mariana, reprovando a atitude do amigo.

– Eu só perguntei...

Felipe saiu andando, pegou todas as munições que estavam em cima de uma mesa, as colocou no bolso e foi pra rua. Mariana encarou Lucas com um olhar de negação e saiu da casa, seguindo Felipe, Lucas foi logo atrás. Os três saíram correndo e desviando dos zumbis que já estavam tomando a rua, continuaram fugindo por minutos e quanto mais percorriam, mais zumbis apareciam, então pararam em uma esquina onde não havia monstros para descansarem um pouco. – Não vamos longe assim. – disse Felipe.

– E o que você sugere? – perguntou Mariana.

– L, você sabe dirigir? – perguntou Felipe.

– Sei mais ou menos... – respondeu Lucas, confuso.

– Já é o suficiente. – Felipe pegou a barra de ferro da mão de Lucas e a usou para arrombar a porta de um carro que estava estacionado.

– O que você tá fazendo? – perguntou Mariana.

– Precisamos fazer o que o Carlos falou, com um carro será bem mais fácil. Entrem! – respondeu Felipe.

– Mas e se o dono precisar? – perguntou preocupada. – Não vamos fazer isso. Não é, Lucas?

Lucas não respondeu a pergunta de Mariana, ele ficou calado por alguns segundos e entrou no carro, sentando no banco do motorista.

– Você tá louco? – gesticulou Mariana.

– Não vamos sem você, se você não entrar logo vamos te colocar pra dentro à força! – impôs Felipe.

– Eu não vou roubar o carro de ninguém! – cruzou os braços.

Felipe e Lucas se encararam e olharam para Mariana com cara de poucos amigos. – Podem fazer cara feia! – disse ela.

– Você reclamou que eu tava de frescura lá atrás e agora você faz a mesma coisa? – perguntou Lucas.

– Roubar é bem diferente!

– Vai ficar sozinha aqui pra que? Pra ficar gritando enquanto os zumbis se aproximam? – perguntou Felipe.

– Para de ser idiota, entra logo! – pediu Lucas.

– Não. – bateu o pé.

Felipe andou em direção à Mariana e a agarrou pela cintura, Lucas saiu do carro e abriu a porta de trás, com muito esforço, já que Mariana se debatia e resistia muito, Felipe a jogou dentro do veículo e a fechou, ela tentou sair, mas Lucas travou a porta, ele entrou novamente no automóvel e Felipe entrou pelo outro lado. Após alguma demora Lucas conseguiu ligar o carro e os três partiram enquanto Mariana continuava xingando e brigando com seus amigos, esses que por vez apenas fingiam não escutar.

Rodrigo, dirigindo, Daniel, Raul e Garcia continuaram seguindo viagem. Daniel tentava insistentemente ligar para alguém, mas a pessoa não atendia. – Que merda. – disse ele.

– Tá ligando pra quem? – perguntou Rodrigo.

– Para o Steve, mas ele não atende! – reclamou Daniel. – É uma merda mesmo... Liga o rádio aí.

Rodrigo ligou o rádio e todos, exceto Garcia que estava dormindo, escutaram o recado.

"O quartel do exército conseguiu se proteger dos ataques e está totalmente seguro, os militares pedem para que quem conseguir venha para cá. Segundo o Doutor Jorge Estevão não foi descoberta a causa da infecção e nem uma cura, mas eles conseguiram um método confidencial para descobrir se as pessoas estão infectadas. Se você vier para cá e estiver infectado saiba que não ficará com os demais, se sua infecção for moderada você ficará em quarentena até eles encontrarem uma cura, mas se você já está altamente contaminado... Eles recomendam que você nem venha pra cá para evitar problemas."

– Como assim? O Steve não me disse nada. – disse Daniel.

– Eu liguei várias vezes pros meus colegas do exército e eles só disseram que estavam tentando descobrir, não me deram mais novidades. – reclamou Rodrigo.

– E a gente vai pra lá? – perguntou Raul.

– Temos que ir, o Steve vai dar um jeito nesse braço do Garcia.

– Mas ouviram o que foi dito? Se estivermos contaminados vamos pra quarentena... A gente ficou um tempo perto do Alfredo, e se isso foi o suficiente pra infectar a gente?

– Só vamos saber isso na hora, e cala a boca que eu tô ficando com dor de cabeça já. – ordenou Daniel.

Coincidentemente Felipe e Lucas ouviram parcialmente a mesma notícia, mas muita coisa eles não conseguiram escutar já que Mariana continuava a resmungar. – Você conseguiu entender? – perguntou Felipe.

– Mais ou menos né, a Mariana não fica quieta. – reclamou Lucas.

– Se vocês não fizessem coisa errada eu não reclamaria.

– Você quer descer? – perguntou Felipe, já bem irritado.

– Quero. – respondeu Mariana.

Lucas parou o carro em uma esquina e vários zumbis começaram a se aproximar, Felipe pegou o revólver. – Desce aí então. – disse ele para a garota que ficou calada e imóvel.

– Tá demorando demais hein, você não estava tão convicta? – ironizou Lucas.

– Não vai descer? – perguntou Felipe e não obteve resposta. – Eu sabia, você não quer descer porra nenhuma, só quer chamar atenção. Para de ser hipócrita e para de encher o saco! – ordenou.

– Então vamos achar nossos pais e depois ir pro quartel? – perguntou Lucas.

– Sim, tomara que lá seja seguro... – disse Felipe. – Teríamos certeza se é ou não se alguém não ficasse de palhaçada numa hora dessas... Patético.

Mariana apenas abaixou a cabeça e ficou calada enquanto todos seguiram viagem, rumo à rua do supermercado em que trabalhavam.

No Way OutOnde histórias criam vida. Descubra agora