CAPÍTULO 16 - FRATURA EXPOSTA

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Congelar: Transformar algo, seja líquido, objeto ou corpo em estado sólido, abaixo de 0°C, através do frio. Ou seja, quando se fica muito exposto a baixas temperaturas, o sujeito ou material fica petrificado pelo gelo. Existe também uma expressão informal que diz que determinada pessoa ou animal congelou, isso não necessariamente quer dizer que ela está exposta ao frio, significa que esse alguém ficou estático, imóvel, sem reação ao passar por alguma situação que provoca um sentimento, sendo este muitas vezes o medo. Uma coisa que muito coopera para essa expressão é o fato de começarmos a suar frio quando ficamos assustados.

Ao ver os dois cachorros, por segundos Lucas e Mariana congelaram, e mesmo tendo retomado a consciência rapidamente, os dois ainda estavam tremendo e soando frio de medo.

Mariana pensou em correr, cautelosamente, mas impondo sua força, Lucas a segurou enquanto os cachorros vinham andando lentamente na direção do carro. Gustavo rapidamente abriu a porta para que os dois pudessem entrar.

- Os zumbis não correm... O que estamos esperando? – perguntou Mariana.

- Os zumbis humanos não correm, mas não sabemos sobre os animais... – sussurrou Lucas.

Todos ficaram apreensivos com o risco eminente daqueles dois cachorros começarem a correr e acabar mordendo os dois que estavam fora do carro. Carlos empunhou o revólver enquanto Lucas e Mariana davam passos lentos em direção à porta do veículo. Nesse momento os cachorros começaram a emitir um som indigesto, mistura de rosnado com grunhido. Um dos animais assumiu posição de ataque, Carlos precavido colocou seu corpo para fora da janela do carro e efetuou um disparo que acertou a pata dianteira direita do cachorro, este por estar apoiando o peso de seu corpo nessa pata, acabou por cair com o focinho no chão. O outro cachorro começou correr na direção de Lucas e Mariana, Carlos continuou atirando, mas errou os tiros devido à velocidade do animal.

Lucas empurrou Mariana em direção ao carro para que ela entrasse, Gustavo conseguiu a pegar e a puxou para dentro, o cachorro vinha agora apenas para cima do garoto, a poucos passos de sua presa, o animal pulou ferozmente para frente, mas Lucas conseguiu desviar e também pulou para dentro do veículo. Com as portas trancadas, Carlos soltou a arma e tentou sair com o carro, mas o automóvel deu problema justo num momento como aquele.

Estavam lá os quatro, dentro do carro sem conseguirem dar partida e com dois cachorros zumbis ferozes do lado de fora tentando adentrar ao espaço claustrofóbico em que Carlos, Lucas, Mariana e Gustavo se encontravam.

Felipe corria desesperadamente dos zumbis que o perseguiam desde a rua do supermercado, eles eram lentos, mas a cada esquina que o garoto passava, mais monstros apareciam e começavam a segui-lo, chegou um momento em que mais de cinqüenta zumbis o perseguiam, como ele poderia enfrentar tudo isso com apenas uma barra de ferro e uma faca? Felipe foi cauteloso como nunca fora antes, se ele entrasse em um beco errado e desse de cara com mais zumbis, seria seu fim, pois os zumbis que tentavam o pegar estavam estreitando os caminhos às suas costas, ou seja, sem chances de voltar pelo caminho do qual ele veio.

Após minutos correndo, Felipe parou em frente a um açougue para descansar um pouco, em meio às respiradas profundas recuperando o fôlego, o garoto observou que o estabelecimento estava vazio, provavelmente os funcionários dali foram infectados também. Então, tomando o devido cuidado, ele entrou no local e percebeu que definitivamente não havia ninguém ali. Foi nesse momento que ele viu grandes peças de carne de boi perduradas em ganchos, igual a qualquer outro açougue. Foi aí que o garoto, baseado em obras ficcionais, supôs: - Zumbis querem comida... – Sem pensar muito Felipe tirou duas peças dos seus lugares e com muito esforço, já que se tratava de mais de cinqüenta quilos de carne, jogou-as no meio da rua, na esperança de ganhar alguns minutos enquanto os zumbis a comiam.

Escondido em uma viela mais a frente na rua, Felipe observava enquanto os zumbis se aproximavam da carne. Eles pararam em frente ao alimento, e com muito esforço alguns se abaixaram e começaram a comer, mas logo pararam e voltaram a buscar por alguém, foi então que o garoto percebeu que os zumbis não queriam carne de animal, eles queriam a carne quente que está no corpo dos humanos. Felipe chegou a cogitar que eles não comeram porque a carne estava gelada, mas naquele momento não importava, ele nem tinha mais chances de pegar a carne de volta, o que lhe restou foi correr de novo, mais e mais, enquanto outros zumbis iam aparecendo e se juntando à horda. Felipe pensou em mudar de caminho e voltar ao supermercado para encontrar seus pais, mas ficou com medo dos zumbis, de alguma forma, chegarem lá também, o impedindo de seguir esse plano.

- Puta que pariu, Garcia! – gritou Daniel. – Onde vou achar médico agora?

- Calma. – pediu Rodrigo. – Vamos ver se está quebrado mesmo. – O ex-militar segurou o braço de Garcia com cuidado enquanto o sargento apenas observava, já que não estava sentindo nada. Após movimentar o braço do colega algumas vezes, Rodrigo concluiu. – Ele quebrou o braço...

- Só faltava essa...

- E pior, o osso está esfarelando... Acho que você perdeu os movimentos do braço.

- Não acredito. – Garcia sentiu um misto de emoções, mas o que acabou tomando seu rosto foi o desespero.

- Não tinha momento pior pra isso acontecer. – disse Raul, enquanto trancava Alfredo na sala do acidente.

- E agora, chefe? – perguntou Garcia em pânico. – O que eu vou fazer?

- Esse sangue escorrendo... Tá pensando o mesmo que eu, Daniel? – questionou Rodrigo.

- Tá falando do quê? – perguntou Garcia, emocionalmente abalado.

- A gente tem que dar um jeito de fechar esse rasgo no seu braço... Uma ferida dessa vai fazer você ser contaminado mais fácil.

- Mas como vamos fazer isso? – perguntou Raul.

- Cadê o kit de primeiro socorros? – perguntou Daniel.

- Esqueceu que você deu pra cabo Ruth? Foi a desculpa que você usou pra ela sair daqui. – respondeu.

- Mas a gente não pode deixar essa ferida aberta. – disse Rodrigo.

- Só tem um jeito... – disse Daniel. – usar um grampeador...

No Way OutOnde histórias criam vida. Descubra agora