CAPÍTULO 17 - SANGUE E MAIS SANGUE

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Ponto cirúrgico: Conhecido também como sutura é um tipo de ligação usada por e para manter unidos , , e outros tecidos do corpo humano, após terem sido seccionados por um ferimento ou após uma cirurgia. O objetivo do ponto é fechar feridas abertas evitando sangramentos e infecções no local.

O procedimento é feito com fios, geralmente feitos com seda, algodão, intestino de animais, entre outros, sendo utilizada a devida higiene. Porém, Garcia está com uma ferida aberta em seu braço e o sangue está escorrendo, essa lesão deve ser amenizada de alguma forma, sabendo que não podem correr o risco de sair da delegacia, Daniel propôs dar pontos no local, mas como o kit de primeiro socorros foi levado embora pela cabo Ruth, a sutura de Raul será grampos em seu braço.

- Como assim? – perguntou Garcia, confuso.

- Meter o grampo aí, vai fechar esse buraco. – respondeu Daniel.

- Você tá louco? Isso vai doer pra caralho! – protestou Garcia.

- Você disse que não doía. – questionou Daniel.

- Não dói o osso, mas a pele tá doendo sim...

- E agora? - perguntou Raul?

- Vai ter que fazer com dor mesmo! – impôs Daniel. – Tá escorrendo sangue, se você ficar com essa merda aberta pode ser infectado!

- Infectado sem ser mordido?

- Não sei como isso funciona... E mesmo que não seja infectado, perder muito sangue vai te deixar fraco... Mais do que já é. Temos que fazer isso logo!

- Vai ser melhor assim... – disse Rodrigo, tentando confortar Garcia.

Os quatro desceram para o andar de baixo, Daniel foi até a sala do delegado e pegou o grampeador que estava em cima da escrivaninha, foi até o banheiro e lá viu Rodrigo cuidadosamente jogando água na ferida de Garcia enquanto o mesmo soava frio. Raul que ainda sentia dores pelo corpo ficou apenas observando, enquanto mexia seu braço de um lado pro outro, tentando fazer com que suas costas parassem de doer.

- Lavou bem? – perguntou Daniel.

- Estou lavando, mas parece que cada vez que jogo água o sangue aparece em quantidade maior. – respondeu Rodrigo.

- Não tem mesmo outro jeito, chefe? – perguntou Garcia, tremendo de medo.

- Para de ser moça! – exigiu Daniel. – E você ainda está saindo no lucro.

- Por quê?

- Eu ia jogar álcool aí pra ter certeza de que está bem limpo... Mas sei que você não ia querer, então esquece... Agora fecha os olhos.

Garcia fez o que Daniel mandou e segundos após sentiu algo perfurando agudamente em sua pele, ele resistiu e não gritou, mas tremia de dor. A primeira grampeada havia sido feita, mas o corte era grande, só uma não seria o suficiente, e o braço de Garcia teve de ser grampeado de novo e de novo, por mais de dez vezes, já que alguns grampos não estavam atravessando sua pele. Ao final Garcia quase desmaiou de dor, Rodrigo o segurou e lhe sentou no sofá, aquele mesmo usado por Alfredo minutos atrás, o sangue não estava mais escorrendo, mas Garcia não conseguia movimentar o seu braço.

Ainda escondido na viela, Felipe continuou pensando no que devia fazer, cada segundo que passava os zumbis se aproximavam mais, sem ter muito o que fazer o garoto voltou a correr e os zumbis indo atrás, com uma diferença, agora eles caminhavam mais rápido do que antes, percebendo isso Felipe também acelerou sua corrida. – Por que eles ficaram mais rápidos do nada? – pensou enquanto passava por ruas e mais ruas e ia chamando a atenção de mais monstros. – Será que eles ficam mais rápidos de acordo com o tempo que estão infectados? Se for isso, já era... – Felipe continuou fugindo, e ao virar em uma rua, ele olhou pra trás enquanto corria e acabou batendo fortemente com a cabeça em um muro, escorrendo bastante sangue de seu escalpo. Temendo que os zumbis sentissem o cheiro do sangue, ele tentou ao máximo estancar o sangramento, em vão. Nesse momento a dor, somada com o medo, a angústia e a aflição fizeram com que Felipe parasse por um momento e pensasse se ficar fugindo era algo inteligente, não seria melhor aceitar o destino e deixar os zumbis o pegarem de uma vez? Mas ele balançou sua cabeça e ficou bravo consigo mesmo. – Eu só vou morrer quando tiver certeza de que meus pais estão seguros! – concluindo e voltando a correr.

Carlos pegou o revólver e recarregou. – Pra atirar eu tenho que abrir os vidros, e se eles entrarem? Aí não vai ter nem como correr. – disse.

- Tenta ligar o carro de novo... – pediu Mariana.

Carlos tentou e tentou de novo, mas o veículo continuou parado. – É inútil! – disse.

- O jeito vai ser tentar matar eles... – disse Gustavo.

- Mas e se eles conseguirem entrar? – perguntou Lucas.

- E vamos fazer o que? Esperar alguém salvar a gente? Vamos morrer aqui.

- Já sei. – disse Carlos. O açougueiro abriu a janela do carro e cuidadosamente colocou seu braço pra fora e atirou em uma placa de trânsito que tinha ali na rua, fazendo barulho, os cachorros olharam para a placa, mas logo retornaram sua atenção ao carro. – Merda!

Sem falar nada, Gustavo pegou a sua faca, a mesma que ele tinha usado para atacar a zumbi Luísa. Preocupados com os cachorros, Carlos, Lucas e Mariana não perceberam a movimentação do garoto, eles seguiram com os olhos fixos nos animais, eis que eles percebem Gustavo abrindo a porta e cravando a faca no olho de um dos cachorros.

- O que você tá fazendo? – gritou Carlos.

O cachorro latiu de dor, Gustavo tentou puxar a faca de volta, mas o outro cachorro lhe mordeu o pulso. Carlos rapidamente mirou no animal e atirou, descarregou o tambor, matando o bicho, o outro cachorro, se contorcia de dor e girava de um lado para o outro, por hora não era mais um perigo. Todos se desesperaram ao ver Gustavo segurando seu pulso enquanto o sangue ia descendo, ele não disse uma palavra, lágrimas escorriam em seu rosto, ele chorava em silêncio. O garoto cambaleou por duas vezes, na terceira ele caiu para fora do carro de bruços, com o rosto no asfalto.

- Gustavo! – gritou Lucas.

No Way OutOnde histórias criam vida. Descubra agora