CAPÍTULO 6 - ZUMBI

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Raiva: também conhecida, impropriamente, como hidrofobia, é uma doença infecciosa que afeta os mamíferos causada pelo vírus da raiva que se instala e multiplica primeiro nos nervos periféricos e depois no sistema nervoso central e dali para as glândulas salivares, de onde se multiplica e se propaga. Geralmente é contraída por animais de rua, mas seres humanos também podem ser contaminados, na maioria das vezes através da saliva do animal, seja por mordida ou por lambida, mas também pode ser ocasionada por arranhões, e Luísa sofreu os dois. O animal adquire essa doença ao entrar em contato com outro animal doente, e seus principais sintomas são a mudança de comportamento, ficando mais agressivos, e no caso dos gatos, os bichos ficam dando mordidas no ar, mas em nenhum lugar diz que o animal infectado fica com os olhos vermelhos, apesar de não ter sido citado, isso ocorreu com o gato Félix, a íris ocular estava vermelha igual ao dono da papelaria que acabou atacando Lucas e Felipe. Outra coisa importante a se mencionar é que a cada dia os sintomas vão ficando mais fortes, mas o comportamento do animal não muda bruscamente de um dia pro outro, e o felino no dia anterior estava normal. O vírus da raiva no corpo humano pode causar vários sintomas como dor de cabeça, dor de garganta, mal-estar, falta de apetite, e outros mais graves como coceira, formigamento e ardência no lugar da mordida ou arranhão.

O que aconteceu no supermercado foi algo extremamente diferente da explicação acima. Félix estava inquieto, mas não atacou ninguém até Luísa tentar segurá-lo. Luísa desmaiou por causa da mordida, o que não é normal, e o que nos leva a conclusão de que se trata de outro tipo de vírus é o fato de Luísa ter mordido violentamente Sofia, canibalismo não é sintoma de hidrofobia humana. Portanto, o que contaminou Luísa ainda não sabemos, mas não é raiva.

Todos ficaram apavorados ao ver Luísa mordendo o pescoço de Sofia. Carlos ficou mais desesperado ainda, ele percebeu que Félix contaminou sua supervisora, logo ele também será contaminado, já que foi arranhado pelo gato. Sofia gritou de dor por alguns segundos, Alfredo fechou os olhos devido ao medo, Gustavo ficou imóvel, Carlos ficou relutante e não fez nada para ajudar. Sofia parou de resistir e em poucos segundos acabou morrendo. Luísa, infectada, soltou Sofia e se levantou, ela começou a caminhar na direção de Carlos, que gritou: - Corre! – Carlos, Alfredo e Gustavo correram para os fundos do mercado, Luísa os seguia com passos rápidos, ela está com a cara cheia de sangue, olhos vermelhos e fazendo um barulho característico, não há mais dúvidas, Felipe estava certo, zumbis existem e Luísa acabara de se tornar um.

Carlos, Alfredo e Gustavo entraram no estoque e se trancaram lá dentro.

- O que a gente vai fazer? – perguntou Gustavo.

- Nos ajude, senhor... – rezava Alfredo enquanto tremia.

- Não foi uma boa ideia se trancar aqui... – disse Carlos. – Melhor sair.

- Você tá louco? – questionou Gustavo.

- Uma hora ela vai chegar aqui, aí não vamos mais ter chance... Essa é a única saída que temos. – afirmou Carlos.

- Se a gente tem que sair, vamos logo então. – pediu Gustavo.

- Eu não vou pra lugar nenhum... – disse Alfredo, tremendo.

- Não inventa, vamos logo. – disse Gustavo.

- Eu não vou. – determinou Alfredo.

- Você vai sim! Deus não ficaria feliz de te ver desistir. – afirmou Carlos.

Ao ouvir o nome de sua santidade, Alfredo foi convencido, então Carlos destrancou a porta, lentamente abriu a porta e conferiu se a zumbi não estava por ali, ele percebeu que não e comentou com os outros dois que ela devia estar pelos corredores, nenhum dos três sabia que Felipe, Lucas e Mariana haviam saído, Gustavo comentou que ela poderia estar atrás dos três, Alfredo sugeriu procurá-los pelo mercado, Gustavo sugeriu deixar eles pra lá e fugir, mas Carlos se negou e decidiu verificar se eles ainda estavam ali, depois de alguns minutos olhando pelos corredores, ele confirmou que eles haviam saído, porém ele não encontrou a zumbi Luísa em nenhum lugar, então eles devem tomar muito cuidado para não darem de cara com ela. Gustavo foi até o açougue e pegou três facas, cada um ficou com uma. Os três caminharam pelos corredores em direção a saída do mercado, agindo com bastante cautela, pois além da zumbi Luísa, eles contam com a possibilidade de encontrarem o infectado gato Félix e até uma provável zumbi Sofia.

Após alguns minutos de uma caminhada devagar e cautelosa, eles chegaram a porta do supermercado. O suposto cadáver de Sofia ainda estava no chão, Alfredo pensou em tentar ajudar, mas ficou com medo de se aproximar e acontecer o mesmo que aconteceu com a senhora há alguns minutos atrás, então ele voltou a ligar para a emergência.

- Alô? Eu pedi uma ambulância há alguns minutos. – Disse Alfredo, palpitante. Do outro lado da linha a atendente disse que estavam pedindo ambulâncias em vários outros lugares ao mesmo tempo e por isso não há prazo para a ajuda chegar, a atendente também disse que o mesmo está acontecendo com a polícia e os bombeiros. Alfredo se lamentou e desligou o celular.

- O que vamos fazer agora? – perguntou Alfredo.

- Vamos sair daqui! – respondeu Gustavo.

- Só tem um problema... – lembrou Carlos. – A porta tá trancada e a chave está com a Luísa...

- Fodeu... – disse Gustavo.

Felipe, Lucas e Mariana caminham rápido, eles presenciam várias viaturas e ambulâncias passando pelas ruas em alta velocidade, ao dobrarem a esquina da rua do supermercado, perceberam um saco preto se mexendo em meio à outros lixos.

- Vamos ver o que é? – perguntou Lucas apreensivo.

- Claro que não! Deve ser outro deles. – respondeu Felipe.

- Cara, pode ser um animal, ou um bebê...

- Você não tá vendo esse tanto de polícia e SAMU passando? Alguma coisa tá muito errada. Se quiser pode ir lá ver, mas eu não vou!

- Beleza, vou olhar. – respondeu Lucas.

- Eu acho melhor escutar o Felipe... – disse Mariana, receosa.

- Vocês tão viajando demais. – Lucas se aproximou do saco de lixo, e ao rasgá-lo, uma mão saiu de dentro e grudou no seu pescoço.

Felipe e Mariana olham assustados, sem saber o que fazer.

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