Desprezo: Comportamento próprio da pessoa que não se importa, que não dá atenção, que age com indiferença. Isso acontece muito quando pessoas com mais poder aquisitivo ou financeiro tratam pessoas de menos condições como se fossem inferiores.
Finalmente os policiais e o ex militar chegaram ao quartel do exército. Por ser amigo dos militares Rodrigo foi na frente enquanto Daniel e Raul tentavam acordar Garcia. Logo na entrada ele já se deparou com uma enorme fila com pessoas buscando abrigo no quartel, algumas tossiam descontroladamente, outras se queixavam de dores, muitas estavam com o corpo sujo de sangue e não era possível saber se aquele sangue era delas ou não. – Daniel vai surtar aqui... – pensou.
Daniel e os outros dois se juntaram a Rodrigo que ainda não havia entrado na fila.
– Vamos pra fila? – perguntou Raul.
– Nunca! – sorriu ironicamente Rodrigo. Esperem-me aqui. – disse e em seguida saiu andando, ele foi em direção ao começo da fila e viu dois soldados segurando armas, o 1° tenente Pedro empunhava um fuzil de assalto 7.62mm, enquanto que o 1° tenente Leonardo empunhava uma espingarda calibre 12. Junto com eles estavam o Sargento Henrique fazendo anotações, o Capitão Adriano e o Subtenente Elias revistando as pessoas e averiguando se elas estavam em estado de contaminação, era uma espécie de triagem, quem estivesse aparentemente bem seguia para o lado esquerdo para ver o Doutor Aloísio enquanto que os que estivessem em estado de alerta eram mandados pro lado direito para serem examinados pelo Doutor Estevão. Algumas pessoas estavam claramente contaminadas, quase virando zumbis, esses eram passados na frente e mandados direto pra dentro do quartel.
– Posso te ajudar, senhor? – perguntou Leonardo, encarando Rodrigo.
– Não se lembram de mim? – perguntou Rodrigo, enquanto prestava continência.
– Como não vamos lembrar de você, Capitão Rodrigo? – disse o Capitão Adriano, que parou o que estava fazendo pra cumprimentar seu amigo. – Como você tá, joelho de vidro?
– Imbecil. – riu Rodrigo enquanto abraçava-o.
– Mas e aí, veio buscar abrigo aqui também? – perguntou Adriano.
– É o lugar mais seguro, claro que vim. – sorriu Rodrigo.
– Tá certo.
– Mas por que vocês não me avisaram nada?
– O coronel não deixou... – Adriano sussurrou no ouvido de Rodrigo.
– Porra... Já vi que hoje ele tá sem paciência...
– Pois é... Você ta sozinho?
– Não, tem uns amigos comigo...
– Chame eles.
Rodrigo foi buscar os demais enquanto Adriano entrou no quartel para chamar o Doutor Estevão, enquanto tudo isso acontecia a fila parou de andar e foi ficando maior, em um instante eles pararam de se importar em examinar as pessoas. Importante ressaltar a esse momento que todos os militares estavam usando máscaras de gás e roupas de proteção especiais, por isso Rodrigo não identificou seu amigo à primeira vista.
Rodrigo voltou ao início da fila com os demais, Daniel e Raul seguravam Garcia pra ele não cair. Adriano voltou com Estevão, o doutor piscou com um olho para Rodrigo, o ex militar prontamente já entendeu o recado.
– Doutor, não conseguimos resgatar nossos companheiros da delegacia, só sobrou esses... – disse Rodrigo com o objetivo de despistar as pessoas que já estavam olhando de cara feia para eles.
– É uma pena, mas pelo menos tem vocês... E o que houve com o Garcia? – perguntou Estevão que fingia surpresa.
– Uma porta caiu em cima dele. – disse Daniel.
– Temos que examinar, vamos rápido. – disse Estevão, em seguida todos entraram rapidamente e um burburinho foi formado na multidão.
– Do que estão reclamando? – gritou Adriano. – Eles são militares também, eles têm prioridade, quem achar ruim pode dar meia volta e ir embora!
A fala do capitão criou uma tensão no local, será que todos militares são arrogantes dessa maneira?
Joana andava lentamente na direção de Felipe, o garoto tremia, não conseguia nem gritar por socorro. Lucas estranhou que Felipe ficou calado e decidiu entrar na casa para averiguar.
Ao adentrar a casa o melhor amigo de Felipe ficou igualmente horrorizado com o que vira. – Não... – gritou Lucas, Mariana escutou e logo se desesperou, ela deixou Roger sozinho e entrou no imóvel, lá ela e Lucas puderam ver a zumbi Joana indo pra cima de Felipe enquanto o garoto permanecia imóvel e soando frio.
– Felipe, sai daí... – pediu Mariana.
Joana já estava praticamente em cima de Felipe, Lucas decidiu agir mesmo sabendo que poderia causar um atrito por agredir a mãe de seu melhor amigo, mesmo que ela fosse um zumbi. Ele correu e empurrou Joana, a zumbi caiu de bruços no chão. Felipe olhou assustado para ela e em seguida olhou para Lucas. Ele tentou falar algo, mas sua voz simplesmente não saía... A zumbi foi se levantando lentamente novamente, Mariana correu e puxou Felipe para longe, Lucas também recuou e os três se afastaram e observaram enquanto a morta andava e tentava atacar.
O garoto em estado de choque não sabia o que pensar, foi quando ele escutou de longe uma voz dizendo seu nome, era seu pai que o chamava, ao ouvir isso Felipe foi aos poucos voltando a si e enfim ele conseguiu assimilar o que estava acontecendo. Tomado pela adrenalina ele, mesmo tremendo, deu um tiro na cabeça de sua mãe, que caiu na hora. O garoto se ajoelhou e voltou a chorar, novamente Roger o chamou, mas dessa vez Felipe além de tristeza sentiu ódio.
– Felipe... – disse Roger.
– Seu desgraçado... – disse Felipe, voltando um olhar assustador para seu pai.
– Eu posso explicar... – respondeu com medo.
– Você jogou aquele zumbi em cima dela, não foi? – perguntou. – É sua cara fazer isso!
– Eu não...
– Eu duvido, você sempre foi desprezível! Eu tenho vergonha de ter um pai como você!
– Não fale assim comigo, me respeite. – tentou se impor.
– Eu tentei te avisar... Eu tentei avisar e você desligou na minha cara. – gritou com raiva. – Você só tinha que me escutar e ficar em casa, se você me ouvisse nada disso teria acontecido, A CULPA É SUA!
– Se acalme.
– Eu tenho certeza que você não fez nada pra ajudar ela... Ela tá morta por sua causa, maldito! – o ódio era visível a cada palavra dita.
– Ele veio pra cima, foi reflexo... Eu tentei sair, mas... – disse Roger, mostrando arrependimento.
– Mas jogou ele em cima dela, não é?
– Eu não tive a intenção de...
Antes que Roger pudesse terminar sua frase, Felipe deu um tiro na sua testa, matando seu pai na hora. O velho já estava morto, mas Felipe ainda descarregou todas as balas do tambor nas costas do homem. Ainda tomado pelo ódio, o garoto começou a dar chutes na cabeça do cadáver. Lucas e Mariana sentiram a dor do amigo e em nenhum momento tentaram impedir ele de descontar sua raiva...
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No Way Out
HorrorFelipe é um jovem pessimista que se vê em seu maior pesadelo, uma epidemia está contaminando pessoas e animais e aos poucos o país inteiro está sendo tomado por essa infecção. 1° lugar em Terror no Concurso Chuva de Visualização 1° lugar em Terror n...