CAPÍTULO 18 - SACRIFÍCIO

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Sacrifício: Também conhecido como imolação, oblação, oblata, oferenda ou oferta, é a prática de oferecer aos deuses alimento, vida de animais, humanos, colheitas ou plantações, como ato de forma de agrado ou culto. 

Levando em consideração o lado não religioso, pode ser entendido como sacrifício a perda de alguma coisa para se conseguir algo maior, um exemplo disso é quando um enxadrista entrega sua rainha em troca de um xeque-mate.

Sacrifício é algo complicado de se lidar, pois mesmo que você consiga um objetivo maior futuramente, você teve de deixar algo para isso, e o assunto fica ainda mais grave quando se envolve vidas. Quando está ocorrendo um massacre ou seqüestro e uma pessoa confronta o criminoso para salvar os demais, essa pessoa está se sacrificando.

Os cachorros estavam cercando o carro e o veículo não estava funcionando, não havia como sair dali, então Gustavo decidiu enfrentar os cachorros sozinho, se sacrificando para os demais poderem escapar.

- Gustavo? – chamou Mariana, desesperada.

Sem se importarem com o cachorro que se contorcia no chão, Carlos, Lucas e Mariana rapidamente desceram do carro e foram até Gustavo. Do jeito que o garoto caiu ele permaneceu, imóvel, enquanto uma poça de sangue ia se formando.

- Como é possível isso? Foi só uma mordida no pulso. – se espantou Lucas.

- A gente tem que fazer alguma coisa... – disse Mariana.

- Mas que merda... – Carlos o virou e constatou que as marcas de dente no pulso do garoto eram bem profundas, comum para mordidas de um rottweiler. O açougueiro tirou sua camisa e a amarrou com bastante força sobre a ferida de Gustavo. – A gente tem que levar ele pra um hospital...

- Mas será que tem hospital funcionando no meio disso? – perguntou Lucas.

- A gente tem que tentar...

- Mas o carro nem está funcionando. – lembrou Mariana.

- É mesmo... – Carlos rapidamente abriu o capô do carro e mexeu em fios e peças, logo ele encontrou o problema e concertou. Sob sua ordem Mariana e Lucas colocaram Gustavo dentro do carro e adentraram no veículo. Após alguma resistência o automóvel voltou a funcionar e Carlos começou a dirigir em alta velocidade.

- E o Felipe? – perguntou Lucas.

- A gente precisa ajudar o Gustavo. – respondeu Carlos.

- Mas o Felipe pode estar precisando de ajuda.

- O Gustavo também está precisando.

- Mas o Felipe... – falou mais alto Lucas, sendo interrompido em seguida.

- Chega! – ordenou Carlos. – Eu gosto do Felipe, mas dá um tempo! Ele saiu sem avisar ninguém porque não queria que fossemos atrás dele, e mesmo assim a gente veio e olha aí a merda que já deu!

- Mas ninguém mandou o Gustavo bancar o herói! – protestou Lucas.

- Lucas, para! – pediu Mariana. – A gente tava preso no carro, o Carlos não ia conseguir concertar com aqueles cachorros em volta, o Gustavo salvou a gente...

- Falando assim parece que você não está preocupada com o Felipe.

- É claro que eu estou, bem mais do que você! Mas ficar menosprezando o Gustavo por isso não vai adiantar. – se impôs Mariana. – E para de dizer que ele quis bancar o herói, porque o Felipe saiu sem avisar, e a casa dele está vazia, então eu tenho certeza que ele foi "bancar o herói" dos pais dele!

Mariana terminou sua fala e Lucas permaneceu calado enquanto Carlos respirava fundo devido à alta raiva que estava sentindo do garoto sentado ao seu lado.

Alguns minutos se passaram e o caminho de carro continuava, Carlos pretendia levar Gustavo a um hospital não muito grande, e que ficava relativamente perto do supermercado onde trabalhava. Carlos e Lucas estavam sentados nos bancos da frente, enquanto que Mariana estava sentada no banco de trás, com Gustavo deitado em seu colo. Todos estavam calados quando de repente Mariana deu um grito estrondoso que assustou os demais.

Garcia tinha calafrios de dor. Ele permaneceu deitado enquanto o suor escorria e pingava no sofá e no chão.

- Não tem nem um remédio pra dar pra ele... – comentou Raul.

- E do jeito que tá lá fora, não dá nem pra pensar em levar ele pro hospital... – disse Rodrigo.

- Aquela porta fodeu com os nossos planos. – lamentou Daniel. – Só nos resta esperar essa merda acabar.

- Esperar? Chefe, você sabe que essa merda tá acontecendo pela cidade toda, ninguém vai vir salvar a gente. – disse Raul.

- E o que você sugere? Que a gente se mate? – perguntou Daniel.

- Cadê o Doutor Estevão?

- O Steve? Ele disse que chamaram ele pra ajudar a descobrir porque essa merda tá acontecendo... Parece que eles conseguiram pegar um zumbi e vão examinar ele, algo assim... Ele não pode vir pra cá.

- E a gente vai ficar esperando ele terminar essa pesquisa pra vir pra cá cuidar do Garcia?

- Mas temos que esperar. – disse Rodrigo.

- E você quer que eu faça o quê? – perguntou Daniel.

- Vamos pegar a viatura e sair fora. Procurar um lugar seguro onde tenha comida, ajuda médica, armas melhores. A gente pode até não sermos infectados se ficarmos aqui, mas uma hora a fome vai apertar e vamos acabar morrendo de qualquer jeito. Eu não quero morrer assim, melhor a gente arriscar alguma coisa! – disse Raul, deixando Daniel e Rodrigo pensativos.

Felipe já estava cansado demais para continuar correndo, mesmo sabendo que poderia ser pego pelos zumbis, não havia mais ânimo e nem fôlego para continuar fugindo. Ele sabia que seus pais estavam em perigo, mas nem o mais hábil atleta teria tamanha disposição após ficar por tantos minutos correndo desesperadamente como Felipe estava fazendo. A segurança de seus pais era indispensável, mas o garoto é um ser humano, ele precisava recuperar suas energias. Foi aí que ele sentou em uma calçada e ficou lá parado enquanto respirava ofegante e colocava sua mão contra seu peito para sentir os seus descontrolados batimentos cardíacos.

O garoto estava distraído em seus pensamentos quando viu a poucos metros de distância um carro batendo violentamente em um poste. Felipe levantou assustado e com a barra de ferro em suas mãos se aproximou do veículo. Ele olhou pelo vidro do banco de trás e logo se desesperou. Rapidamente abriu a porta e puxou Mariana para o lado de fora, a garota tremia de medo. No banco da frente Carlos e Lucas estavam desacordados, e no banco de trás Felipe pôde perceber que Gustavo havia se transformado em um zumbi, muito mais violento que os demais.

Felipe ordenou que Mariana tentasse acordar Carlos e Lucas enquanto ele enfrentava o zumbi Gustavo.

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