(Olhem o mural de cometários no perfil)Novembro de 1924
Até que ele subisse ao palco, Dazai não sentiu nada. De todos os rostos que viu desde o início da manhã, nenhum parecia minimamente adequado. Um tédio, no mínimo.
- "Estou prestes a morrer!"
O rosto do homem de cabelos negros era iluminado pelos holofotes, ele tinha um sotaque francês necessario para o seu papel mas não tinha emoções. Dazai estava entediado, sentado em um lugar privilegiado da plateia ele analisava aquele homem, que ele mal lembrava o nome, com uma frieza que lhe era característica, mesmo assim, era nítido que a atuação daquele que estava no palco não fazia jus a obra que Dazai outrora dera meses e noites em claro para terminar.
-"Se meus dias estiverem contados, prefiro parecer amanhã a..."
Osamu segurou um bocejo de irritação e tédio. Ele encarou a Srta. Godwin como uma criança que encara a mãe após ter feito uma bobagem, a moça de cabelos levemente avermelhados apenas desviou o rosto com asco logo em seguida fazendo menção para que o homem saísse do palco.
Mary se aproximou sentando-se ao lado de Dazai.
- Você dispensou todos até agora, não demonstrou interesse em ninguém - ela parecia quase irritada - Por acaso se esqueceu que tem um prazo?
- Você viu aquilo?- perguntou como se fosse óbvio - O personagem está num estado miserável, tanto em sua alma quando em seu corpo, esses amadores não têm sensibilidade para entender isso.
- E você precisa entender que seu tempo está acabando.
- Prazos, tempo - ele jogou o pescoço para trás - Isso é só um mero detalhe. Eu não posso escolher um aleatório...
- O fato que este prédio e tudo que entra nele é meu não é um mero detalhe, inclusive os espetáculos.
- Mas até onde minha mente se estende, foi você quem insistiu para que minha obra viesse para seu palco.
Ela pareceu ficar mais irritada, quase como se quisesse dar um tapa em seu rosto, e talvez o fizesse em breve.
- Escrever e dirigir isso está fazendo você se tornar o pior tipo de ser humano - ela quase murmurava.
- Você nunca quis ninharias, Srta. Godwin.- ele a encarou com um sorriso cínico.- Não somos diferentes um do outro.
- Ambição é um mal maior que virtude.
- Posso viver um pouco mais com isso.
Dazai manteve o sorriso como uma criança teimosa, ele sabia que o que ela dissera era verdade, ele era de fato muito pior do que ela apesar de suas ambições. Osamu sabia que ela queria se provar, ser aquela mulher que surpreenderia a todos que um dia duvidaram que ela poderia ser dona de um dos mais incríveis anfiteatros de Londres. Que manteria o legado da família.
- Ah meu Deus!- ela sussurrou.
- O que foi?
Ele não obteve resposta, apenas olhou para o palco e sentiu que repetiria as mesmas palavras que saíram segundos antes dos lábios de Mary. A figura diante deles naquele palco se assemelhava a um dos anjos da capela sistina, seu rosto pálido entre os fios vermelhos chamavam atenção, mas ele parecia alheio aos olhares sobre ele. Que Nakahara Chuuya era muito mais belo visto daquela forma, iluminado pelos refletores, isso era fato, as fotografias que saíram nos últimos meses não destacavam tamanha postura.
- É muita ousadia dele, vir aqui como se fosse a maior estrela de Londres.- Dazai sussurrou.
- Cogita que ele é bom demais para você?- dessa vez foi a vez de Mary ostentar um tom sínico. Estava feliz por poder rebater Dazai e deixá-lo vulnerável.
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Pantomime
Любовные романыO final da primeira grande guerra afastou o público. Dazai Osamu, um misterioso dramaturgo, está preso à sua própria obsessão em levar um trabalho recentemente concluído para os palcos mas logo se vê em meio de conflitos internos que envolvem Chuuya...