loqui ad flores

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(antes de ler, beba água e procure uma sombra. Se cuidem e se hidratem)

⚠️TW: MENSÃO MORTE DE ANIMAL]

  O vento e a chuva fraca pareciam diminuir na planície a frente deles. Chuuya puxou o ar limpo para os pulmões antes de descer a elevação para encontrar o resto do grupo que os esperava perto do rio. Eles não trocaram uma palavra e Lucy ficou com uma expressão irritada por todo o caminho — provavelmente a ideia de estar presente em um espaço de mais tensão a incomodava mais do que esperava — Fyodor parecia ser o único que sabia o peso que cada um carregava ali.

 Lucy entendia que eles precisavam de um tempo e a maneira como ambos estavam lidando com toda aquela situação era idiota, mas ela não podia fazer nada. Se eles mesmo não conseguiam resolver quem ela era para tentar fazer alguma coisa, além disso a única coisa que ela queria era que eles agissem normalmente para que seus nervos sobrevivessem a aquela caminhada.

 – É bem diferente da velha e suja Londres – Comentou Nathaniel – Aquela cidade parece um limpador de chaminés velho e sujo de poeira, não se compara a Nova York.

 – Deveria ter ficado lá – murmurou a ruiva, ela não ligava se alguém tivesse ouvido.

 – Por isso que eu prefiro o campo, aqui sempre há algo bom para se ver, os animais, o bosque, na cidade não existe essa tranquilidade.

 Ao longe a neblina se dissipou, mas a chuva fina continuava pela encosta da colina onde o grupo de Shibusawa caminhava. Eles estavam atravessando uma área cheia de árvores, em alguns lugares os caçadores de Tatsuhiko atiravam em alguns patos que voavam ao longe. A única coisa que sabiam era que o cervo havia sido visto minutos antes depois da elevação, eles precisavam atravessar uma longa faixa de bosque até chegar lá. 

 Chuuya já havia visto aquela prática milhares de vezes na infância então não se dava ao trabalho de considerá-la tão vil, matar por esporte era bárbaro mas ele não comentou nada por mais que soubesse que Lucy fosse a única pessoa ali que compactuava com a ideia. Shibusawa ia na frente com Fyodor eles pareciam conversar sobre algo mas era difícil de saber se era algo sério devido a neutralidade de ambos, Dostoievsky sempre com uma expressão neutra e Tatsuhiko com um olhar calmo quase relaxado, aquele homem era como uma pintura em branco, os olhos cinza e os cabelos claros, a pele pálida e o semblante sinuoso por mais gentis que pareciam ser deixavam Chuuya intrigado e hesitante. 

 Enquanto Chuuya tentava não virar o rosto para observar o de Dazai, sempre que o fazia ele encontrava uma expressão vazia, eles não trocaram uma palavra desde o início da caminhada e ambos preferiam continuar assim. Afinal eles não podiam fazer barulho, eles não precisavam começar uma briga no meio do nada cercados por armas.

 – Por que não atravessamos a planície para tentar pegar alguns patos daquele bando maior? – Lucy indagou para o grupo ao que todos pareciam concordar de imediato, mas Chuuya torceu o nariz. 

 – Não é uma boa ideia – ele murmurou apenas para ela ouvir. 

 – Por que não? 

 Para a surpresa de alguns foi Shibusawa que perguntou, Chuuya não hesitou em responder: 

 – Se quiser acompanhar o bando vão ter que passar por aquela elevação, pertos das árvores secas, e do outro lado é uma floresta fechada, provavelmente a lobos depois dos limites – ele apontou até o outro lado da planície – É início do inverno, mas nevou muito, provavelmente eles estão agitados. Você não vai querer que ninguém se machuque.

 – Impressionante – falou Shibusawa – Morou no campo alguma vez na vida? 

 Chuuya o encarou, ele podia notar o divertimento e a curiosidade na voz daquele homem, para aquele tipo de pessoa qualquer novidade era motivo de entretenimento. 

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