Vice-presidente da grande revista Moderntechno, Luna Abranov vê seu mundo desabar quando seu casamento acaba. Arrasada pelas circunstâncias da separação, ela busca conforto nos braços de outro homem.
James Trambley está prestes a começar o que deve...
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Rhanna me tirou da cama às seis da manhã, para que eu ficasse linda e fosse trabalhar, por um momento pensei em não ir. Para quê?
Meu marido cogitou votar contra mim, nossos pais vão perceber nosso desconforto. Não quero que o Fred sofra porque acha que seria melhor assim, eu sentia que não seria.
— Está fazendo aquilo de novo. — Saí do meu transe e olhei para Rhanna, que estava me encarando enquanto tomava seu chá.
— O que estou fazendo? — Rhanna arqueou uma de suas sobrancelhas escuras, e me questionou com seu olhar.
— Pare de pensar na decisão do Fred, ele é adulto e quer viver ao invés de ficar preso em uma mentira. E você deveria querer o mesmo!
— Mas, o que as pessoas vão dizer?
— Danem-se eles, Luna! — Rhanna levantou exaltada. — Para ser feliz, você precisa deixar de se importar, vocês serão notícia por pouco tempo e depois vão ser esquecidos.
— Há pessoas que nos acompanham diariamente...
— Olha só, se você quer viver nesse mundinho, tudo bem, mas me poupe dessa palhaçada, vocês são meus melhores amigos e eu vejo como estão sofrendo. Vocês merecem mais do que isso, e eu não suporto mais ficar no meio de pessoas deprimentes. E você está resistindo ao inevitável. O Fred é gay e uma hora ele vai se assumir. Ponto! — Rhanna disse brava e abaixei a cabeça concordando.
— Tem razão...
— Sim, eu tenho! Agora, coma! — Assenti e ela sentou em sua cadeira bufando.
Rhanna sempre foi assim, ela aguentava nossos lamentos até certo ponto, mas quando a situação a irritava, ela dava um basta e nós ficávamos sem saber como argumentar. Hoje, mais uma vez ela tem toda razão, eu estava me concentrando no motivo errado, preciso de toda minha energia concentrada em não deixar que certo idiota roubasse meu cargo.
Tudo bem que eu já fazia uma dupla função na empresa e que o setor de mídia de digital era eu quem comandava, mas, ainda assim, é o meu cargo e nunca ninguém disse que eu não executava bem meu trabalho. Muito pelo contrário. Comandava uma empresa riquíssima com o Fred há mais de quatro anos e até esse momento estamos na segunda posição do ranking nacional como uma das melhores revistas digitais. Estamos tentando conquistar o primeiro lugar há dois anos e tinha certeza que essa seria minha chance. Mas, com tudo que estava acontecendo tinha medo do que poderia acontecer, não poderia permitir que nossa vida pessoal nos custasse isso. E não ia!
Para minha sorte, sou uma boa artista em tudo que faço, e minha máscara estava sendo posta nesse exato momento.
***
Parei minha moto em frente ao prédio onde nossa revista online funcionava. Tirei meu capacete rosa e preto da cabeça e balancei o cabelo tentando fazer com que alguns nós se soltassem. Tirei minhas luvas e depois a jaqueta de couro na mesma cor do capacete.
