PARTE 10

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Hoje está acontecendo a festa de confraternização da empresa, e enquanto passava pelas mesas cumprimentando os nossos funcionários e convidados com um sorriso falso no rosto, fiquei me perguntando por que ainda me dou o trabalho de ser gentil com ...

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Hoje está acontecendo a festa de confraternização da empresa, e enquanto passava pelas mesas cumprimentando os nossos funcionários e convidados com um sorriso falso no rosto, fiquei me perguntando por que ainda me dou o trabalho de ser gentil com essa gente que falava de mim pelas costas? Ou por que para mim era tão difícil simplesmente deixar o Fred se ferrar e revelar quem ele era a todos.

Os últimos dias foram extremamente cansativos e eu vinha me sentindo esgotada em todos os sentidos, estava cansada das pessoas que me cercavam, do meu trabalho e de ser tratada como se fosse um lixo pela maldita mídia. Tenho chorado mais do que achei ser possível para um ser humano e mesmo assim, ainda me sobrava muitas lágrimas para derramar.

Achei que iria me sentir melhor vindo para essa festa, mas ela só piora meu humor inconstante. Principalmente quando a Paulina, mãe do Fred resolveu me importunar.

Ela chegou com mais uma amiga bebericando um champanhe, as duas nem pedem e se sentam em minha mesa, Rhanna saiu há pouco para pegar algo para bebermos, queria ter tido essa ideia primeiro, talvez agora não tivesse que lidar com minha ex-sogra.

— Quanto tempo não a vejo, Luna, você parece muito bem! Vejo que abandonar meu filho não foi nem um pouco doloroso para você! — Ela jogou o veneno sem fazer cerimônia e sorri amarelo dando de ombros.

— Fred e eu saímos dessa relação como bons amigos, não havia motivos para ressentimentos. — Paulina ia rebater, mas Rhanna chegou rindo e colocou minha bebida em minha mesa.

— Vocês não vão acreditar, eu peguei a Beth e a Paloma se pegando no banheiro, gente, que babado, quem ia adivinhar que aquelas mulheres lindas eram lésbicas! — Rhanna contou animada ao que Paulina entortou a boca. — Eu tô passada, mas feliz por elas, é bom encontrar a nossa metade da laranja. — Sorri concordando, apesar do assunto me incomodar. Paulina bufou e fez cara de nojo.

— Eu não tive mais filhos e graças a Deus o meu filho é muito homem, porque eu nunca aceitaria uma coisa dessas! Imaginem só, os tempos de hoje estão virados ao avesso, a geração que aceita tudo, até uma nojeira dessas! — Rhanna e eu nos encaramos ofendidas pelo que a mãe de Fred disse.

— É muito preconceito para uma pessoa só, não acha? — Rhanna disse inconformada.

— Não, Paulina está certa, é uma geração de modinha, todos querem ser gays para chamar atenção, no nosso tempo não tinha essas coisas, erámos normais. — A tal amiga de Paulina que eu não fazia ideia quem era disse, e meu coração se encolheu no peito, eu não sabia como rebater aquilo.

— Hoje em dia vocês não são nada normais, são preconceituosas nojentas, deveriam ir presas! — Rhanna levantou indignada e saiu da mesa, me deixando sozinha com esses furacões.

— Você pelo jeito concorda com essa malcriada, não é? Isso porque eu a criei em minha casa como se fosse minha filha! — Paulina desviou o olhar de mim e começou a falar com a amiga, ignorando por completo o que eu poderia vir a dizer.

Minha opinião sobre o assunto já foi muito preconceituoso também, mas depois do Fred, tudo mudou, eu passei a vê-los como pessoas comuns, e hoje amo ele ainda mais, e me lembrei — depois de passar toda a noite me perguntando por que estou deixando minha vida virar o próprio inferno —, do porquê estou fazendo de tudo para que ninguém descubra sobre o Fred.

O julgamento, as piadinhas, a revolta que a própria mãe/família poderia dirigir a ele. Eu não queria que meu melhor amigo sofresse assim, e enquanto eu tiver forças para lutar, eu vou protegê-lo custe o que custar!

Esse foi o pior fim de ano da minha vida, e ao mesmo tempo, o que mais aprendi a me doar por alguém, eu me sentia menos egoísta, e até um pouco mais forte. Aguentei tanta coisa nos últimos dias, que achava que um furacão poderia atingir o país e eu conseguiria andar sobre ele. Pensei rindo ao entrar em casa.

Uma chuva fina cai lá fora e me coloquei de frente para a janela para observá-la cair, me sentia mais leve e acabei fechando os olhos, respirando lentamente, tentando acalmar meu espírito, para a solidão que me esperava. Tenho me sentido estranha em relação a isso, no fundo eu sei que não estou só, mas ao chegar em casa era sempre assim, um vazio. E ainda tinha as lembranças que ultimamente insistiam em fazer parte da minha mente.

Mas eu sabia, na verdade sentia, que logo minha solidão iria acabar, não vou mais me permitir ficar assim, vou conseguir ser o suficiente para mim, mesmo que para isso eu tenha que me tornar outra Luna.

Quanto ao James, eu não tinha esperanças para um "nós", depois do beijo, eu fiquei muito perdida, porque não foi só desejo o que senti, foi algo mais, que eu achei só ter sentido por um homem na vida, e esse homem quebrou meu coração há pouco mais de um ano.

Eu tinha sentimentos pelo James, sentimentos fortes, mas eu sabia que nosso envolvimento jamais seria possível. Tudo entre nós começou errado. E estava farta de erros na minha vida, não aceitaria mais nada além do que for certo.

Então eu já dei o meu caso com ele por encerrado, e vou curar meu coração mais uma vez. Sozinha, e como sempre fiz, comendo porcaria e vendo série. Sair para encontrar novos caras, não deu certo uma vez, eu é que não vou insistir no erro.


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RESISTINDO A VOCÊ #1 - Duologia ResistindoOnde histórias criam vida. Descubra agora