RESISTINDO A VOCÊ #1 - Duologia Resistindo

PARTE 36

DOIS MESES DEPOIS

É engraçado quando a nossa vida toma rumos que jamais imaginamos. Principalmente quando é tudo o que sempre sonhamos ao mesmo tempo.

Parecia que tudo que havíamos vivido até chegar ali era para que sempre nos lembrássemos de agradecer por cada momento feliz. Para que quando momentos tristes viessem, a gente pudesse ter as lembranças das coisas boas.

Fred entrou em minha sala e o olhei animada ao vê-lo tão feliz.

— Essa felicidade toda tem nome? — Fred riu e pegou minha mão.

— Claro que tem! Eduardo! — O olhei emocionada.

— Me conta tudo! — Fred se ajeitou na cadeira.

— Nos conhecemos em uma sorveteria há alguns dias. Nossa, Luna! A história dele é triste demais. Ele é órfão, foi abandonado quando bebê em um colégio interno. Ele se sente tão rejeitado pela vida. Quando se descobriu gay, foi ainda pior, porque os amigos que tinha se afastaram. Mas desde que nos conhecemos, acho que tenho conseguido ajudar ele, e hoje no almoço, o pedi em namoro, ele aceitou, Luna! Estou feliz demais, como não tenho me sentido há muito tempo. Você sabe, que desde que minha mãe se foi, eu carrego essa culpa, mas agora parece que estou começando a viver de novo. Estou curando minha culpa, amando. E você não sabe o quanto agradeço a você e nossos amigos por isso. — Sorri emocionada por ver meu amigo tão feliz.

— Fico tão feliz por isso, Fred! E quero muito que supere tudo! — disse apertando sua mão.

— Já estou superando, para eu ser completamente feliz agora, só precisava que meu pai me aceitasse. — Franzi a testa com pena do Fred.

— Não deveria ficar implorando pela aceitação dele, ele também é humano e já errou muito, e você não só o aceitou como é, como perdoou, se não consegue ver o homem maravilhoso que é independente da sua escolha sexual, então não merece ter o filho que tem.

— Eu sei que tem razão, mas ainda assim é difícil, Luna! — Apertei sua mão de novo e ele apertou a minha. — Quer almoçar comigo?

— Bom, acho que terminei por aqui. Vamos ligar para o James e a Rhanna? — Fred me ofereceu o braço.

— Vamos, mas acho difícil a Rhanna e o Harley pararem de brigar para comer. — Acabei rindo e balançando a cabeça concordando.

— Aqueles dois ainda vão casar! — Fred me olhou bravo.

— Espero que não, não quero que minha irmã sofra! — Fred disse com assombro, ele odiava o Harley.

— Acho mais fácil ela colocar o Harley no chinelo. — Fred acabou rindo.

Chegamos ao setor de Rhanna e batemos em sua porta. Ela disse para entrarmos e nos deparamos com uma cena inusitada.

Harley estava sentado no sofá com gelo na testa. Eu e Fred nos olhamos e depois encaramos Rhanna.

— O que aconteceu aqui? — Harley tirou o gelo da testa onde havia uma parte avermelhada.

— Essa louca me atacou com o grampeador! — Harley levantou quando Rhanna ameaçou ir até ele. — Não se aproxime de mim, ou eu não respondo pelos meus atos, ligarei para um hospício internar você!

— Rhanna, o que deu em você para bater assim nele? — Fred perguntou indo até ela.

— Ele me beijou! — Rhanna estava vermelha de raiva.

— E você queria, onde isso é ruim? — Harley falou indignado.

— Ah, pelo amor de Deus! — Pegou o grampeador novamente e Fred segurou sua mão.

— Tudo bem, vamos almoçar! Depois vocês resolvem seus problemas. — Fred disse firme e Rhanna largou o objeto com um baque.

— Eu vou matar ele, se encostar em mim novamente.

— E eu vou mandar te internar, sua louca!

— Harley, não piore as coisas! Acho bom você ir almoçar com o James enquanto acalmamos a Rhanna — falei tentando segurar o riso, Harley bufou como um touro e voltou a se sentar.

— Vamos sair logo daqui! — Rhanna disse batendo os pés, a acompanhamos.

— Rhanna, vocês precisam resolver isso! — Fred disse e ela bufou.

— Resolver o fato de que eu odeio aquele cara e ele trabalha comigo? — Ela disse e depois olhou para mim. — Luna, você precisa me livrar desse castigo, precisa fazer aquele cara ir embora, eu o detesto.

— Eu posso tentar realocá-lo, mas ainda assim, o setor dele seria no seu, vão trabalhar juntos indiretamente. — Rhanna abaixou o rosto nas mãos e chorou, eu e Fred nos olhamos, chocados.

— Por que ele tinha que ser tão gostoso? É difícil odiá-lo e desejá-lo. Eu preciso que ele fique distante.

Eu e Fred acabamos rindo. E ela ficou brava.

— Eu odeio vocês também! Primeiro, o James ferra com a minha vida, e quando penso que vou encontrar apoio nos meus melhores amigos, eles riem de mim. — Rhanna dramatizou e nós rolamos os olhos.

— Por isso vamos te levar para almoçar! E pode falar sobre o que quiser, até sobre o Harley! — falei e ela me deu um tapa forte. Esfreguei o local rindo. — Mas está muito brava hoje. Ainda bem que não tem nenhum grampeador. — Fred riu e abriu a porta quando chegamos ao seu carro. Enquanto Rhanna resmungava, mandei mensagem para James explicando a situação e pedindo que ele acalmasse o Harley.

Nosso almoço acabou sendo divertido e por fim, Fred nos contou algo que o tem preocupado.

— O Douglas tem me mandado mensagens anônimas. — Me assustei, havia muito tempo que não ouvia nada sobre ele.

— Como sabe que é ele? — perguntei descansando meu sorvete na mesa.

— Quem me ameaçaria? — Fred respondeu esfregando o cabelo.

— Que tipo de ameaça? — Rhanna perguntou preocupada.

— As mensagens dizem para que eu tome cuidado ao sair de casa. Que acidentes acontecem... Tenho medo por estar entrando em um relacionamento e colocar Eduardo em perigo. Se Luna que nem era uma ameaça já foi vítima dele, imagine alguém que realmente seja?

— Acho que está na hora de ir à delegacia prestar queixa, Fred! — Rhanna disse e eu concordei.

— Sim, é o que pretendo fazer. — Franzi a boca, preocupada com meu amigo. Mas não havia muito o que pudéssemos fazer, a não ser, realmente denunciar o Douglas.