PARTE 12

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Luna olhava pela janela com o olhar vidrado, e eu não queria insistir, mas a curiosidade era maior

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Luna olhava pela janela com o olhar vidrado, e eu não queria insistir, mas a curiosidade era maior. Então resolvi perguntar:

— O Fred é gay? — Ouvi o suspiro de Luna e ela virou para mim um pouco envergonhada. Hesitou um pouco, tomou alguns fôlegos como se estivesse segurando o choro e recuperando alguma energia perdida. Então, ela começou a falar:

— Eu fiquei sabendo no ano passado, quando ele disse que queria se separar, eu não entendia o porquê daquilo tudo, ele era carinhoso, paciente, e nunca deu sinais de que não gostava mais de mim. Sem ter mais argumentos para me convencer de que ele me amava, mas não como homem, ele me disse a verdade, que tinha um tempo que ele havia descoberto que gostava de homens e que não conseguia mais viver em uma mentira.

Luna suspirou e esfregou a testa como se tentasse afastar uma dor de cabeça iminente.

— Disse que eu precisava seguir minha vida, porque eu sou jovem e bonita. Aquilo acabou comigo, eu não queria aceitar que o único homem que eu amei estava me deixando por outro homem, mas eu também não podia mais negar que não havia porque manter o casamento. Então nós fomos a uma reunião onde nos nomearam o casal mais amado do ano nas revistas e falaram tanto sobre o sucesso do nosso casamento... Foi quando comecei a criar em minha cabeça a ilusão de que o nosso casamento de fachada poderia dar certo. E que assim eu poderia proteger o Fred, já que além da nossa imagem, também tem o fato de os pais dele serem muito conservadores. Jamais vão admitir ter um filho gay.

Ela limpou os olhos tentando não tocar nos cílios e prosseguiu.

— Por um tempo eu consegui aguentar firme. Ser a mulher que sempre fui, mas então, Rhanna e Fred me obrigaram a sair, foi quando nos conhecemos, e eu não te contei nada porque é complicado explicar que tipo de relação tenho com o Fred. Somos amigos? Casados? Ex-namorados que agora se veem como irmãos? Nem eu sei o que somos. Então não falei e por ter uma vida sem esse tipo de preocupações, apesar de ser vigiada, eu não prestei atenção em nada, eu não pensei em outra coisa além do momento que estávamos vivendo e me desculpe pelo tormento que te causei, mas eu não me arrependo de nada que fizemos e não acho que foi errado. Foi mágico e eu vou guardar para sempre aqueles dias, pois foram os que me libertaram e me fizeram enxergar que eu posso seguir em frente sem o Fred.

Luna finalizou ofegante no mesmo momento que estacionei o carro em frente ao seu prédio. Fiquei sem palavras por um tempo, afinal, era uma história diferente da que pensei. Cheia de drama e muito sofrimento para os dois que não querem ver o outro sofrer, mas só se magoavam o tempo todo.

— Tem vergonha da situação? De descobrirem sobre o Fred? — perguntei por fim e Luna hesitou antes de responder.

— Um pouco, é humilhante saber que fui trocada por um homem e sinceramente, não sei dizer se preferia que fosse o contrário. Acho que a traição doeria do mesmo jeito. — Ela disse o que me fez balançar a cabeça positivamente.

— Acho que é um sentimento normal, traição é traição, Luna, mesmo que fosse traída com uma mulher, você se sentiria assim. Não se sinta culpada por isso, faz parte da vida, todo mundo já foi corno um dia — disse rindo e ela deixou escapar uma risada rouca.

— Você já foi? Por isso a sua regra, idi... a sua regra? — Ela interrompeu o que iria dizer e repetiu a parte da regra sorrindo sem graça.

— Não vou entrar em detalhes — disse firme. — Mas, sim, eu fui traído e não desejo isso para ninguém, por isso sei como se sente, sei que carregar essa dor pode ser agonizante. Mas há formas de seguir em frente. E você já começou. — Ela balançou a cabeça em negativa.

— Chega de aventuras no bar, nunca mais! Não quero mais ser motivo de piadas maldosas. — Ela disse amarga.

— Você não precisava passar por isso sozinha, o Fred poderia ter revelado o segredo dele! — disse e ela se mexeu ansiosa.

— Eu não o deixei fazer isso! Eu provoquei a situação, não ele! Eu deveria ter prestado atenção. — Ela disse incomodada com minha insinuação.

— Então, você escolheu passar por isso sozinha e ele deixou? Como se você estivesse em um bom estado emocional para decidir isso sozinha! Ele não parece te amar tanto assim. — Luna me olhou como se eu tivesse dado um tapa nela, a vi engolir em seco, mas não me respondeu.

Ela apenas tirou o cinto de segurança e saiu do carro. Bufei com raiva por não segurar a minha língua e a segui.

— Luna! — chamei-a, e a alcancei, peguei em seu braço levemente, ela parou e me olhou com os olhos lacrimejantes. — Me desculpa, eu não quis dizer isso.

— Está tudo bem, James. — Ela tirou o braço de minhas mãos gentilmente. — Eu entendi o que quis dizer e não estou chateada. Boa noite, boa corrida amanhã.

Ela disse e voltou a caminhar em direção ao prédio, me deixando com minha consciência pesada por ter deixado ela pensar que não era amada pelo Fred.

Eu sei o quanto ela ama aquele cara, estava estampada a admiração que ela sentia por ele, além do carinho, e sei que era recíproco, mas não entendia por que ele a deixou tomar toda a responsabilidade para si. Não entendia.



 Não entendia

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RESISTINDO A VOCÊ #1 - Duologia ResistindoOnde histórias criam vida. Descubra agora