9 - Amigos...

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Ontem foi a primeira vez que a mandei embora. Na verdade, eu, educadamente, avisei que o horário de visita havia terminado.

Ela não fez muita cerimônia, apenas concordou e foi embora. Normalmente eu não me importaria que ela excedesse o horário, mas eu queria pensar.

Pensar em tudo que ela disse, em todo aquele discurso.

Admito que me deixou um pouco decepcionado ela dizer que quis ser minha amiga por eu estar internado. Mas depois eu pensei que é melhor ela ter escolhido ser minha amiga do que se ela tivesse me olhado com nojo ou algo do tipo.

Além disso ela disse que quer ser minha amiga agora, me conhecer... e eu vou acreditar nela por enquanto, porque eu sou trouxa. Eu queria que eu não tivesse me apegado a ela, seria tão mais fácil ignorar tudo que ela disse e mandá-la embora, mas agora eu realmente gosto da sua companhia.

E, mesmo querendo que ela encontre alguém melhor, ainda me permito ser egoísta e querer que ela continue voltando. E espero que ela faça segunda, mesmo eu tendo a mandado embora. Porque eu realmente me sinto menos sozinho com ela.

Suspiro irritado. Eu me odeio por me sentir dependente dela em tão pouco tempo. Faz o que, duas semanas?

Mas tem uma coisa que me fez realmente sentir mal naquele discurso todo. Ela realmente tinha que falar no pai dela? As palavras de minha mãe voltam. Ela pediu para eu ligar para meu pai ontem e, como sempre, eu não fiz.

Eu não me sinto confortável para falar com meu pai. Não como antes. Ele vem tão pouco aqui. E normalmente está tão cansado que nem conversamos.

Claro que isso é culpa minha e que ele tem que trabalhar mais para pagar o tratamento.

- Talvez ele mereça uma ligação - suspiro.

Pego o celular na bancada, mas está sem carga. É nisso que dá não usar essa porcaria.

Suspiro irritado, talvez seja apenas o destino me dizendo que eu não deveria ligar.

- Bom dia, Kookie - minha mãe fala me tirando dos meus pensamentos ao entrar no quarto.

Ela vem até mim e beija minha cabeça.

- Como passou a noite? - pergunta.

- Bem - digo. - E você?

- Bem também - ela repete minha mentira.

- Então... eu estava pensando... - lá vem. - E... seu aniversário está próximo...

- É mesmo? - pergunto sem interesse.

- Vamos JungKook, um pouco de animação, por favor.

- Nossa, meu aniversário, incrível - falo com um falso ânimo nem um pouco convincente e ela me encara com deboche.

- Por quê não está animado para o seu aniversário? - ela pergunta.

- Por que eu deveria estar? - pergunto. - É igual a qualquer outro dia, só que eu fico mais velho, não é nada de mais. Não tem porquê ficar animado.

Eu não tenho amigos, eu não tenho festa, eu não posso sair...

- Vamos JungKook, eu posso te comprar um bolo, um presente...

- Eu aceito o bolo, mas eu não quero presente, não tem nada que eu queira ganhar.

- Por que não? - pergunta. - Qualquer coisa.

- Não tem nada que eu gosta...

- Um celular novo - ela diz. - Pra você baixar seus jogos.

Encaro-a por alguns segundos para ver se está brincando comigo. Ela sempre reclamou que eu passava tempo de mais jogando.

Forever - JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora