Acordo me sentindo descansado. Pego o celular e olho a hora: 14:38.
- O quê? - Quase grito.
- Por que gritou, garoto? - a garota fala me assustando e a encaro surpreso.
- Ainda está aqui? - pergunto.
- Bom, você está me vendo, não está? - diz.
- Aish, não precisa falar desse jeito - reclamo. - Eu acabei de acordar.
Ela ri.
- Desculpa, eu não quis ser rude, mas você estava dormindo e do nada grita. Eu me assustei. Sim, ainda estou aqui. Na verdade, fui em casa e voltei.
- Por quê? - pergunto e ela ri.
- Minha irmã está lá em casa e, apesar dela e minha mãe se amarem muito, toda vez elas brigam. Minha mãe quer que ela volte lá para casa e ela quer independência para morar sozinha. Então, depois de um café da manhã repleto de indiretas e olhos revirados, eu resolvi voltar, que eu ganhava mais.
"Pelo menos você dorme em silêncio e eu consegui estudar um pouco, por que elas logo começariam a gritar e..." Ela deixa a frase morrer.
- Sua irmã não mora com vocês... - falo esperando que ela entenda como uma pergunta.
Apesar de estar curioso, não quero que ela pense que estou me metendo na sua vida.
- Não, ela saiu de casa quando fez vinte. Ela queria trabalhar com arte e minha mãe não gostava da ideia, e fora de casa ela pode fazer o que quiser. Mas, quando meu pai morreu minha mãe queria que ela voltasse de qualquer jeito, aí elas brigaram feio, mas agora já estão de boa.
- Como... - penso em como falar isso de um jeito que não pareça forçado, mas não sei se tem como - Como você sente com relação a esse lance do seu pai? - pergunto.
- Com o fato de ele ter morrido? - afirmo com a cabeça e ela encara o nada por alguns segundos. - Bom, no começo foi muito ruim. Ele era um bom pai, sabe? E eu achava injusto o fato de ele ter ficado doente, sendo que tem tantas pessoas ruins saudáveis por aí. Eu quase entrei em depressão, mas depois, com a ajuda da minha irmã, eu aceitei.
"Hoje acredito que o que tem que acontecer vai acontecer, e, se ele foi, é porque era essa era a hora dele, o que ele precisava no momento."
Pareceu ser um tipo de conversa sobre religiosidade, mas resolvi não perguntar sobre isso, porque não é da minha conta no que ela crê ou deixa de crer.
- Por que a pergunta? - ela vem até a maca e sento encolhendo as pernas para dar espaço para ela sentar também.
Eu não queria ter que responder, Mas me sinto mal em ignorá-la depois dela ter me contado sobre seu pai.
Suspiro encarando o teto.
- Não sei. Desde que eu fui internado meu contato com meu pai foi diminuindo gradativamente e hoje é quase zero. Ele trabalha muito para pagar o tratamento, já que é uma coisa meio que experimental, iniciação privada, com parceria com o governo... Então ele normalmente não tem tempo de vir para cá. E quando você fala do seu pai eu me sinto meio mal por isso.
Ela suspira.
- Olha, eu não sei bem o que te dizer - fala abraçando os joelhos. - Se eu tivesse no seu lugar eu tentaria me reaproximar. Quando meu pai morreu foi a pior época da minha vida e se eu tivesse a oportunidade de ter algum momento a mais com ele, o mínimo que fosse, eu realmente iria atrás dela.
Ficamos em silêncio por um tempo até ela dizer:
- Vou colocar aquele junto com os outros.
- Quê? - pergunto confuso.
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Forever - JJK
Fiksi PenggemarJungKook já perdeu as esperanças. Um garoto mimado rabugento e, vamos admitir, um pouco dramático. É verdade que ele está internado há três anos, mas sua doença nem é tão grave assim. Tudo bem ele fazer um pouco de drama. Mas ele precisava mesmo ter...