12 - Como uma dívida eterna

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- Como assim você está chorando? - ela me pergunta segurando o riso quando o terceiro filme acaba.

- Como você não está? - pergunto. - Um filme lindo desses.

Ela ri.

- Então tá.

Agora já são dez horas e ela está deitada do meu lado na cama.

Até eu tenho dúvidas sobre como chegamos aqui. Porque em um minuto eu estava sentado na cama, com o Notebook no colo, e ela na cadeira e no outro estávamos deitados juntos. Pelo menos eu já passei da fase da vergonha, porque no começo do filme eu estava dividido entre ler a legenda e checar se estava muito próximo dela.

Minha mãe passou aqui às seis e deu um pouco de trabalho para convencê-la a nós deixar assistir os filmes. Mas conseguimos, e ela foi dormir em casa, o que é bom porque ninguém merece dormir no sofá.

Por um tempo, ficamos em silêncio. Tempo no qual fico encarando o nada pensando no que acabamos de assistir, até ela perguntar:

- Quer assistir outro?

- Pode ir para casa - falo. - Se não vai chegar tarde.

- Mas eu vou dormir aqui - diz.

- Por quê? - pergunto seco.

- Para não te deixar sozinho - fala.

- Você não dorme sozinha? - pergunto.

- Não, durmo com minha mãe.

- No mesmo quarto? - pergunto surpreso.

- É - fala rindo - dormimos juntas.

- Mas não é o normal - digo me sentando.

- E o que seria normal? - pergunta fazendo o mesmo para me encarar.

- Cada uma em um quarto - digo.

- Então, está dizendo que quer que eu durma lá fora? - pergunta com uma sobrancelha erguida.

- Não, estou dizendo que pode ir pra casa. Não me importo de dormir sozinho.

- Nossa, eu sou uma companhia tão ruim assim? - pergunta ofendida (ou dramática) com a mão no peito

- Aish - reclamo irritado. - Se quer tanto ficar, fique.

- O.K.

Ela se encosta na cama encarando o teto.

- Seu namorado não vai se irritar? - pergunto antes de perceber e ela ri.

- É com isso que está preocupado? Se minha mãe deixa ele não tem do que reclamar.

Então era mesmo o namorado.

- Se você acha - digo.

Ela ri novamente e cruzo os braços, o que é um pouco incômodo já que à noite eu fico preso ao monitor de batimentos.

- Eu não acho, eu tenho certeza.

- Que seja - digo.

- Não fique irritado - pede. - Eu quero ficar com você, apenas deixe. O.K.? Você não precisa me afastar toda vez que eu tento ficar mais próxima de você.

- Eu não faço isso - digo encarando o chão.

- Claro que faz - responde. - No primeiro dia que eu vim aqui, no segundo dia que eu vim aqui, antes do seu aniversário, depois do seu aniversário, agora...

- E-eu não...

- Você pode até não fazer de propósito - diz. - Mas você faz.

Suspiro. Eu sei que faço, mas é o certo.

Forever - JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora