Nós resolvemos assistir um desenho para quebrar o clima e ficamos assim até uma e meia da manhã, quando chegamos a conclusão de que estava tarde, aí ela voltou para o sofá e dormiu lá, para me dar mais espaço na cama.
O que não foi ruim, mas não foi bom. Eu não sei, é estranho.
Quando eu acordei ela já não estava mais aqui. O que me deixou sentindo como se estivesse em um daqueles filmes em que o protagonista acorda e a pessoa com quem passou a noite sumiu. Só que eu não passei a noite com ela. Mas isso me magoou mesmo assim. Quer dizer, magoou não é a palavra certa, mas eu me senti chateado.
E, para piorar, hoje eu acordei realmente nervoso. Tudo bem que nesses últimos dias eu tenho saído do quarto para andar com as muletas e fazendo mais exercícios de sustentação. Mas não sei se estou realmente pronto para voltar a andar.
- Por que está tão nervoso? - pergunta o fisioterapeuta enquanto me auxilia nos exercícios.
- Eu não estou nervoso - falo tentando relaxar meu corpo que eu sei que está tenso.
- Dá pra ver - fala e suspiro.
- Você tem certeza sobre isso? - pergunto. - Eu não sei se...
- Sim, eu tenho certeza - diz sério.
Suspiro novamente.
- Eu... - Não termino a frase.
- Você não tem que ter medo - ele diz. - Eu sei que você teve alguns espasmos enquanto andava e que nunca ficou tanto tempo parado, mas você andou sua vida inteira. Não tem porquê ficar com medo agora. Além do mais, se você se convencer que não consegue não vai conseguir mesmo, não pode já começar com pensamentos negativos.
- Eu sei... mas não consigo evitar. Isso está ficando cada vez pior. Cada vez que eu fico desse jeito dura mais tempo e gradativamente eu vou parar de andar - falo. - E isso me assusta e também não me faz querer continuar. Se eu posso parar de andar a qualquer momento, pra que reaprender?
- Se você parar novamente, nem sabe se vai acontecer. JungKook, só porque alguns casos terminam em perda dos movimentos das pernas, não quer dizer que você vá perdê-los também.
- Certo - falo somente para não prolongar a discussão.
- Não seja tão pessimista - diz.
- Não seja tão otimista - digo.
- Se você não é, alguém tem que ser - ele sorri.
- Certo - falo rindo fraco.
- Vamos - ele fala. - Primeiro sente.
- O.K. - faço com um pouco de dificuldade.
- Ótimo. Agora venha. Você consegue. Eu não vou te deixar cair.
- O.K. - repito e desço da maca ainda me segurando nessa porque ainda não me sinto seguro para fazer isso.
Vou tirando a força dos braços aos poucos para ter certeza de que minhas pernas vão aguentar o peso e depois solto o colchão. Mexo minhas pernas devagar, praticamente arrastando os pés no chão, ainda com o corpo tenso.
- Viu, você está indo bem - ele fala. - E fez tudo sozinho.
Rio desacreditado tentando levantar mais os pés.
- Eu fiz? - pergunto meio desorientado me concentrando nos meus passos e o ouço rir.
- Fez sim, venha, vamos até o seu quarto.
- Você acha que eu consigo? - pergunto.
- Eu tenho certeza, você só tem que ficar calmo.
- Certo - falo ainda olhando para meus pés.
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Forever - JJK
FanfictionJungKook já perdeu as esperanças. Um garoto mimado rabugento e, vamos admitir, um pouco dramático. É verdade que ele está internado há três anos, mas sua doença nem é tão grave assim. Tudo bem ele fazer um pouco de drama. Mas ele precisava mesmo ter...