Sexta feira de manhã, antes das nove, minha mãe fez o maior alvoroço para colocar quadros e tintas entulhando meu quarto.
Eu até perguntei ao médico se deixar toda aquela tralha no meio do caminho não ia atrapalhar, mas, infelizmente, ele me respondeu:
- Na verdade, JungKook, você praticar algo que gosta não é uma coisa ruim, na verdade, é uma coisa.
- Mas eu não gosto disso.
Minha mãe encara o médico com um olhar de: Tá vendo o que eu disse.
E ele suspira.
- Olha, JungKook, ninguém está te forçando a nada, aqui você faz o que quiser.
Eu queria poder fazer o que eu quisesse, mas essa é uma mentira descabida.
- Então eu quero que tire isso daqui - peço.
- Infelizmente - minha mãe fala. - Isso aqui é uma hierarquia, na qual eu estou acima de você. Então minha vontade de que fique é superior a sua de que não fique.
Encaro o médico para ver se há alguma chance de ganhar essa discussão.
- Eu não posso fazer nada, garoto. Ela ainda é sua mãe.
Suspiro cruzando os braços irritado.
Ótimo. Agora tenho que ficar olhando para toda essa tralha o dia todo.
Minha mãe tenta conversar comigo mas eu estou irritado. Então depois de um tempo ela resmunga algo que não presto atenção e vai embora.
Sinceramente, eu odeio sexta feiras. Não é só pelo fato de eu ter fisioterapia, coisa que eu odeio. Mas apenas acordar e pensar "hoje é sexta" me deixa pior. Nem nas terças eu me sinto tão mal. E eu não sei o porquê disso.
Na verdade, não sei o porquê de várias coisas desde que fui internado. No começo era algo que me irritava profundamente, mas depois de tanto tempo internado e de tantas perguntas sem resposta eu não ligo mais para isso.
Na concepção deles eu não sou alguém que precise saber sobre a minha vida ou o meu estado.
...
Ouço batidas na porta e uma Emy cabisbaixa entra.
- Olá Emy - falo encarando a garotinha confuso.
Ela normalmente não vem aqui aos domingos.
- Oi Kookie, posso ficar aqui com você? - ela pede olhando para baixo.
- Claro que pode, mas seu pai não vem te ver dia de hoje? - pergunto. - Por que veio pra cá?
- Ele... - ela respira fundo e acho que tenta não chorar. - Ele não vem hoje - ela diz tristinha.
- Tenho certeza que ele tem um bom motivo para isso - digo e ela faz um bico.
Mas logo sua atenção é desviada para a tralha no canto do quarto.
- O que são essas coisas? - ela pergunta.
Só a ideia de uma criança usando todo esse material profissional me assusta. Mas eu disse que não vou mais usar, não foi? Quem sou eu para negá-la.
- Algumas tintas e quadros - digo. - Nada importante.
Ela solta uma exclamação animada.
- Será que eu posso...
- Pode - digo antes mesmo que ela pergunte para que não possa mudar de ideia depois.
- Eba.
Ela pega uma tinta, daquelas de pote, que não são profissionais, o que me deixa mais tranquilo, e um papel e diz:
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Forever - JJK
FanfictionJungKook já perdeu as esperanças. Um garoto mimado rabugento e, vamos admitir, um pouco dramático. É verdade que ele está internado há três anos, mas sua doença nem é tão grave assim. Tudo bem ele fazer um pouco de drama. Mas ele precisava mesmo ter...