21. Trato mortal

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Todos estavam em choque, olhavam a cena com pavor e Rick não conseguia distinguir com clareza o que sentia, era parecido com o que sentiu quando viu Glenn e Abraham serem mortos impiedosamente. Daryl também se encontrava parado, catatônico e somente o sorriso de Negan se fazia presente ali, diante deles...



Negan continuava me encarando com um ódio arrebatador nos olhos. Aquilo não me amedrontava nenhum pouco, pelo contrário. Ter medo dele foi algo que deixei para trás há muito tempo. Por um lado eu tinha que agradecê-lo, graças ao seu "amável" jeito de lidar comigo, hoje posso ser bem pior do que ele.

— Do que você está falando? — perguntou fechando os olhos lentamente.

— Que Hope não é sua filha. — repeti — Eu tinha minhas dúvidas... Mas aí lembrei que na noite anterior de eu vir para cá, Rick e eu dormimos juntos. Bem, você sabe o que acontece quando dois adultos que se gostam dormem juntos, — olhei para minha filha e depois voltei a olhá-lo — não sabe?

— Você não tem provas! Não sabe do que está falando! Quer um teste de DNA? — Negan riu — Aqui não tem como você ter certeza de nada! — constatou com tanta certeza, pena que estava redondamente enganado.

— Você é tão burro e cego! Olha para ela... Veja que não há nada de ti nela! Nem o nariz, nem a boca... — apontei — Ela é o Rick escritinha. Sem tirar nem por. E os olhos, eles são iguais os dele. Você não precisa de um teste de DNA se usar mais sua percepção minuciosa. Graças ao universo, não carreguei nada seu dentro de mim, não que isso me impedisse de amá-la, até porque uma criatura tão indefesa não tem
culpa das coisas horríveis que você fez! Mas confesso que é muito reconfortante saber que Hope não carrega seu sangue. — não conseguia conter a felicidade em dizer aquilo, assim como ele não deixava de demonstrar sua raiva pela feição em seu rosto.

— Você tem noção do peso de suas palavras? Sabe que isso vai ter volta, não sabe? — ele apontou o dedo na minha cara.

Eu deu risada.

— A mesma coisa que fiz com Simon, posso fazer contigo. Eu virei mãe, mas não me tornei incapaz. Não ouse, nunca mais, apontar esse dedo na minha cara, esta ouvindo?

Ele abaixou a mão e deu um passo para trás.

— O que é seu está bem guardado, Lucille. — falou e eu não me importei, apenas me sentei na cama e aproximei-me da neném.

— Pode fechar a porta quando sair? Quero dar de mamar à ela. Se não for pedir muito. — ousei do deboche, o deixando mais furioso ainda. Ele saiu, não acatou ao meu pedido, mas me deixou bem satisfeita.

Por incrível que pareça, agora me sinto muito bem, forte o suficiente para enfrentar qual mal que cruzar meu caminho. Hope me deu tanta força agora que está comigo, em meus braços que... por alguma razão, Negan se tornou apenas uma mosca irritando zumbindo em meu ouvido.

Está na hora de voltar a ser quem eu realmente sou e  deixar essa carcaça diabólica para trás, pelo bem de todos e pelo bem da minha filha.

***

— Pediu para me chamar? — Jasmine surgiu ali, parando na porta.

— Sim, queria que você buscasse umas toalhas limpas, fazendo favor. — pedi e ela ficou me encarando sem saber o que dizer — O que foi? — dei uma risada falhada, estranhando aquilo.

— Você não costuma pedir por favor...

Ah, era aquilo!

Ela está viva | The Walking Dead Onde histórias criam vida. Descubra agora