4. Aflição

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O meu mundo ruiu em questão de horas e a vida que tanto admirava estava há um passo de se tornar um pesadelo. Neste momento eu só queria morrer, morrer mesmo. Negan tinha passado dos limites em tudo que já havia feito, ele superou qualquer expectativa da pior maneira possível.

A minha cabeça ainda doía por conta da pancada que me deram mais cedo e minha visão estava voltando ao normal aos poucos.

Minhas lágrimas escorriam feito cascatas, nem conseguir contê-las eu conseguia, e isso me deixava enraivecida ao máximo porque estava machucando internamente toda aquela situação soterrada de constrangimento.

— Vejo que já acordou. — o diabo apareceu, encostando a cabeça na grade e me olhando de forma doentia. — Isso é bom.

— O que está fazendo aqui? — escondi o rosto e o limpei, para não dar o gostinho a ele de me ver chorando.

— Eu não sabia que precisava pedir permissão para estar onde quero estar.

O encarei e apenas maneei a cabeça.

— Você é um doente!

— Eu sou é inteligente. Mas não vim aqui discutir isso contigo, pelo contrário, vim aqui propor algo novo a ti. — o sorriso se alargou em seu rosto e eu engoli seco.

— Nosso trato já está sendo cumprido! Eu estou aqui, não estou?

— De certa forma está, mas não do jeito que eu quero que esteja. E isso vai mudar completamente se ainda sentir algo em relação àqueles que deixou para trás. — ele se abaixou, mantendo seu olhar preso a mim.

— O que você quer, Negan? — e mais uma onda de ódio tomou meu corpo.

— Eu quero Lucille viva.

Estreitei os olhos.

— Você realmente perdeu a gota de juízo que existia nessa sua cabeça! Bom, acho que nem isso você tinha mais! VOCÊ É LOUCO! — esbravejei sem paciência.

— Sou louco e você está em minhas mãos. Eu disse que vou trazer a Lucille de volta, por bem ou por mal. Estou tentando fazer do jeito fácil, mas pelo visto — ele se levantou novamente — Terá que ser do jeito difícil. — com uma batida na grade, ele saiu, deixando-me sozinha novamente.

Levantei abruptamente e me segurei nas grades.

— EU VOU MATAR VOCÊ SEU INFELIZ! ESCUTA ISSO! EU VOU TE MATAR! — gritei escancaradamente e recuei em seguida, puxando meus fios de cabelo, transtornada.

O que eu iria fazer ali sozinha? Sem ninguém? Será que o pessoal se esqueceu de mim? Negan é capaz de qualquer coisa pra me manter aqui, e nunca pensei que diria isso, mas estou começando a temê-lo.

•••

Eu não sabia que horas eram, só sabia que a noite havia chegado pela luz da lua que entrava pela clarabóia. Sim, continuo presa nessa cela e sabe quando irei ser liberta! RAIOS DE VIDA! Nunca pensei que diria isso mas, preferia estar lutando contra zumbis agora.

Não tinha nada para fazer ali e por isso me sentia agonizada. O tempo parecia não passar e só piorava a espera pela luz do dia.

— Dormindo, bonitinha? — Morris surgiu do outro lado, abrindo a fechadura da grade.

Ele trazia consigo uma corda comprida enrolada e colocada no ombro.

— Por acaso pareço estar dormindo para você?

Ele passou a língua pelos lábios e adentrou, ficando no mesmo recinto que eu e obrigando-me a levantar e recuar até sentir a parede crespa logo atrás.

— O chefe me pediu para vir aqui, então é melhor cooperar. — dizia retirando a corda de onde estava e vindo até mim.

— O que pensa que vai fazer? — engoli seco.

— Errou, garota. Eu não penso, eu farei. — Morris me olhou — Vira.

— Não, eu não vou virar.

— Vira ou eu viro, escolhe. — disse severo.

— Não irei virar! — meus olhos chegou até a porta que estava aberta e o pensamento de fugir logo se acendeu em mim.

Morris revirou os olhos e me segurou pelo braço, forçando me a virar. Comecei a me debater no intuito de fazê-lo soltar, porém ele não soltou e a única saída que consegui encontrar era chutar suas bolas.

Assim fiz e de imediato o vi se contorcer. Nessa hora eu corri, ou pelo menos tentei. Morris, mesmo com dor, segurou meu tornozelo, fazendo-me cair no chão de barriga.

Logo senti que ele se colocou sobre mim, pegando minhas mãos e as amarrando com aquela corda.

— Achou que seria fácil fugir?

— SAI DE CIMA DE MIM! — gritei me movimentando com dificuldade.

— Só vou sair porque estou aqui a mando de Negan, caso contrário... — ele teve a capacidade de aproximar e lamber o lóbulo da minha orelha — seu corpo seria meu! — o vi se levantar em seguida — Anda! Fica de pé! — puxou pela corda com brutalidade. — Vamos para o sótão.

— O quê!?

— Não acho que falei grego, mocinha da foice.

Sótão era o lugar onde Negan torturava aqueles que o desafiavam. Jason já esteve lá e me disse que é o pior lugar da terra já visitado por ele.

Meu coração disparou.

O que diabos aquele infeliz faria comigo?

— Eu vou matar vocês!

— Você vai, talvez um dia, mas não hoje. Anda, vamos logo! — me empurrou para fora segurando pela corda como se eu fosse um cachorro.

Naquele corredor haviam vários outros homens, não seria inteligente da minha parte tentar algo, não depois do tombo que levei tentando escapar.

Queria chorar, mas isso demonstraria minha fraqueza, e eu, me conhecendo perfeitamente odiaria mostrar isso. Eles não teriam esse gostinho.

Após alguns minutos caminhando, entramos em outro bloco, logo do outro lado.

— Chegamos. — Morris soltou meus pulsos e tornou a me empurrar pelo ombro. — Senta ali, Negan chegará em breve. — mostrou a cadeira de aço enferrujada no meio do galpão.

Simon e Dwight se encontravam ali também, mas não haviam dito nada, só estavam observando.

Sentei e novamente fui amarrada, desta fez foram as pernas, pés e as mãos novamente.

Tinha uma mesa cheia de objetos pontiagudos, um deles inclusive era a minha própria foice!

— Achou que se sairia bem todas as vezes? — Morris se abaixou perto de mim — Uma hora a sua coroa iria cair, Lucille.

O ódio dentro de mim só crescia. Ao ouvi-lo falando aquele nome, minha única reação foi cuspir na cara dele.

— Olha aqui, sua cadela...! — vociferou pegando meu rosto com força.

— Solta ela, Morris. A diversão acontece comigo. — era Negan e o taco dele, surgindo no local de pouca luz.

Morris se afastou e me deixou em "paz".

— O que você acha que vai fazer comigo, Negan? Me matar? Você quer mesmo me matar? Sério? — ri de desgosto, olhando pra ele que continuava andando na minha direção.

— Mais cedo eu disse que queria fazer um trato contigo, e que queria Lucille viva, certo? Pois bem... — ele abriu os braços — Vamos ressuscita-lá! — soltou uma de suas risadas — Mas como não quis do jeito fácil... Terá de ser do modo extremamente difícil. — concluiu pegando o canivete em cima da mesa.

Ela está viva | The Walking Dead Onde histórias criam vida. Descubra agora