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Michael arregalou os olhos quando viu Luke chorando apavoradamente, supões mil e uma coisas até chegar a mesa em passos largos, preocupado com a situação do garoto.

- Lukey - murmurou, largando o violão. O colorido tentou se aproximar com cautela, porém o loiro se afastou. - eu não vou te machucar, prometo - disse em baixo tom, mas não se moveu.

Michael passou as mãos nos cabelos ressecados, cogitando ligar para Jack, pois era o único que conseguiria tocar no garoto e saber o que estava acontecendo. Por leves momentos, Clifford pensou ser por ter o deixado sozinho, porém Luke estava muito bem quando saiu, não tinha lógica alguma.

- quer ir para casa? Posso chamar Jack para vir aqui - falou, ouvindo o garoto fungar e, por fim, negou. - você quer me contar o que aconteceu? Está se sentindo mal? - perguntou, já procurando o celular em seu bolso.

- me tocaram - gaguejou, com a voz trêmula e baixa demais. Luke fez muita força para falar, para cuspir as palavras presas em sua garganta. Abraçando o próprio corpo, tentou parar de tremer e, principalmente, de chorar. Estava envergonhado e se sentindo culpado pelo que aconteceu.

Michael demorou um pouco para entender as palavras pronúnciadas, porém uma raiva súbita devorou seu corpo quando ele finalmente compreendeu.

- quem fez isso, Luke? - indagou, tentando não soar grosso ou zangado demais. O loiro estremeceu, apertando mais o próprio corpo e, de relance, olhou para o tatuado.

Clifford levantou, sentindo a raiva de um demônio e a força de um deus, comandado por sentimentos e movido pela fúria cegando seus olhos esverdeados. Não pensou duas vezes em acertar o tatuado, seus movimentos eram involuntários e por um momento tudo foi apagado em sua volta.

Seus murros eram como chumbo atingido o estômago e a face do tatuado, ele não conseguia e não queria parar, os gritos a sua volta e os pedidos implorando para parar do garoto machucado a sua frente não eram o suficiente. Jurou poder ouvir os ossos ou algum órgão fazer um som bem estranho, sua mão já estava machucada e com alguns respingos de sangue, obviamente do homem a sua frente. Michael não havia notado quando o homem caiu e, muito menos, quando ele subiu em cima do mesmo e continuou a soca-lo, sem previsão de quando iria parar.

- Mike - Luke sussurrou, com medo do colorido matar o tatuado. Seu nome escapou tão rápido de sua boca, mal pôde segurar, foi repentino demais.

O mar de sangue escorria por todo o rosto de garoto, seu nome dito pelo loiro foi como um clique, um clique para perceber que deveria parar. Michael respirou fundo, quase conseguiu ver o mundo rodar enquanto sentia a mão latejar. Luke, que tentava se acalmar, lhe olhava com certo medo, fazendo-o se sentir culpado, não tão culpado quanto estava se sentindo por ter deixado alguém toca-lo, Michael tinha prometido, prometido a Luke, a Jack, a si própria, aos quatro ventos e ainda assim, não foi capaz de cumprir sua promessa.

Until The End - MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora