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O caminho para casa foi silencioso, o rádio desligado e a respiração mal se era ouvida, apenas o som da estrada se fazia presente, como uma música para dormir.

Michael e Luke entraram no apartamento cautelosamente, nenhum dos dois trocaram uma única palavra, até o Hemmings mais novo ver a mão machucada de Clifford.

- Mikey - falou preocupado e pegando a pequena mão do colorido, se culpando levemente pelo acontecido.

- está tudo bem, não está doendo tanto. - murmurou, todavia não adiantou de nada. Luke lhe arrastou até o banheiro, pegando as coisas certas para passar e enfaixar sua mão.

O colorido sentou sobre a pia e deixou que Luke cuidasse de seus ferimentos com delicadeza, com medo de Michael sentir dor.

- obrigado - agradeceu quando Luke terminou de enfaixar seus cortes. - Luke, desculpe. Eu deveria ter ficado contigo - falou umidecendo os lábios, encarando o loiro com medo do mesmo negar.

- você não sabia, Mikey. Ninguém tem culpa disso. - murmurou, ainda, segurando a mão de Michael. - obrigado por estar lá, chegaste a tempo - balbuciou envergonhado, olhando para o chão. Não podia nem imaginar o que teria acontecido se Michael não tivesse chegado a tempo.

O colorido se soltou do loiro, lhe fazendo o encarar. Michael deu um pequeno sorriso e acariciou o rosto de Luke, sua mente foi atacada e os olhos azuis quase lhe devoraram, Michael caiu de joelhos no mundo real quando o mesmo se arrepiou com seu toque, se afastando.

- eu prometi lhe cantar uma música antes de você dormir. - falou, descendo da pia. Clifford não estava se importando muito com a quantidade de barulhos que faziam, havia se esquecido totalmente que Jack já dormia.

Michael acompanhou Luke até o quarto e esperou o garoto se ajeitar na cama, fez questão de o cobrir com o cobertor e de se sentar próximo o suficiente para mexer em seus cabelos. O loiro deixou um leve sorriso se formar e por alguns momentos, enquanto Michael cantava para ele, pôde esquecer os ocorridos da noite.

Teve a dádiva de esquecer o toque, o olhar e até o medo, já agora não se recordava nem de ter sentido náuseas. O poder de esquecer, de apagar era algo que Luke queria ter, algo que desejava muito e a voz de Michael lhe proporcionava isto. Até o mesmo parar.

- Boa noite - murmurou o colorido, inclinando-se para deixar um beijo na bochecha de Luke antes de sair.

O local beijado formigava e Hemmings jurou que um mar de confusões corriam a sua volta, dançando sem parar e o deixando tonto. Luke sentia a cabeça latejar, seus olhos pesavam de sono mas algo dentro de si não deixava ele pregar os olhos, encarava a porta como se a qualquer momento alguém fosse entrar e Luke temia, mais do que qualquer coisa, que o tatuado ou Nick aparecessem ali. O medo subiu em seu corpo e com rédeas firmes, lhe prendeu, paralisou com os olhos na porta por horas à fio.

Until The End - MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora