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Michael dormia tranquilamente em seu lado, Luke tinha vontade de acariciar seus cabelos, pareciam tão macios quanto algodão. O loiro arrumou toda a cama, guardou o notebook e jogou fora as embalagens de doce que comeu, quando terminou, ficou sem saber o que fazer.

Hemmings sentou na cama e ficou encarando o garoto, a boca entreaberta, o rosto amassado e os lábios avermelhados, parecia tão tranquilo e confortável dormindo, que Luke até quis tirar uma foto e assim fez, com o maior cuidado do mundo para não ter nenhum som ou flash.

Ficou com pena de acordar o colorido e não tinha muito o que se fazer fora do quarto. Encarar Clifford, por mais que fosse satisfatório, também lhe dava sono. Luke pensou em ir dormir na sala ou no quarto de Jack, assim como pensou na possibilidade de ir no quarto de Michael, todavia era muito trabalho e o loiro não se sentia confortável em invadir a privacidade dos outros, entretanto o sofá também não era uma boa opção, era desconfortável demais.

Engoliu o medo que sentia de acordar com Michael lhe tocando ou gritando com ele por dormirem juntos, era irracional e, por mais que Luke confiasse no colorido e soubesse que ele nunca lhe faria mal, o medo era sua defesa, assim como a insegurança, para sobreviver, era sem lógica sentir medo de alguém que te faz se sentir protegido. Mas não era medo de Michael em si e sim do que poderia fazer ou se alguém pudesse entrar.

Luke ainda era devorado por sentimentos estranhos, que lhe assustavam por imenso, de maneira confusa e sem noção, que era logo substituída pelo pavor. Tem como não sentir medo de algo que você não tem ideia do que seja?

Hemmings se encolheu no lado de Clifford, ficou afastado o suficiente para não encostar no colorido e acorda-lo, assim como não tão afastado para não cair da cama.

Luke, por breves segundos, quis acordar Michael e contar sua história, contar a marca que carregava, as conquistas que ganhava e as cicatrizes que fechavam. Quis contar e, por breves segundos, achou que o medo iria embora, achou que se livraria do peso que sentia, de toda a dor e angústia. Luke, por breves segundos, quis contar antes que morresse afogado, quis contar o segredo que guardava para não afundar e se sufocar nas próprias palavras.

Until The End - MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora