Capítulo 18

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Ela me respondeu imediatamente, como se já soubesse qual seria a pergunta:

- Imaginei mesmo que era isso que ia querer saber. Mas vai ter que prometer não comentar com ninguém, ainda não sei se quero contar ao Otávio. 

- Tudo bem, eu prometo.

- Sai com o Otávio ontem pra um bar, ele foi dar umas voltas e eu fiquei sozinha, pedi umas caipirinhas e as tomava quando o Marcelo se aproximou todo diferente. Parecia estar sob efeito de álcool, mas isso só me incomodou no início, bebemos muitooooo -ela sorriu nesse momento, e que sorriso lindo- e comemos juntos, conversamos mil coisas sem sentido e depois de umas horas ele me chamou pra ir pra casa dele, ao chegar lá ele passou mal, levei pro banheiro, vomitou e acabou sujando a roupa toda, pus na máquina pra lavar e fui ajudá-lo a tomar um banho, em algum momento ele acabou me puxando pra baixo do chuveiro, me beijou, foi bem carinhoso, ao sair debaixo da água fria fomos pra sua cama e terminamos o que tinhamos começado. Em seguida dormimos.- eu a olhava meio assustado, sentia que meus olhos estavam arregalados não estava acreditando no que estava ouvindo- Quando acordei hoje achei que nossa relação seria diferente, ou que ele pelo menos tivesse respeito pela noite que passamos mas não. Ele sequer lembra. Quem dirá ter respeito. Me questionou o que eu fazia na casa dele. Pediu pra eu dizer o que aconteceu mas deixando claro que não queria que nada tivesse acontecido que assim ele não se arrependeria depois. Eu então resolvi mentir pra ele e disse que não rolou nada. Que só fui pra lá porque tava sem minha chave, que ele estava passando mal e que depois dormimos e eu só estava esperando ele acordar pra abrir o portão e eu ir embora. Segurei as lágrimas e menti sim. E antes que você me diga que esta decepcionado em minha defesa digo que apenas não vou permitir que depois de uma noite tão importante pra mim, o cara me trate como uma qualquer.- ela silenciou por um tempo e eu não conseguia dizer nada, e ao contrário do que ela disse essa atitude dela me fascinou, que mulher é essa ? Ela continuou a falar-  Ele Falou muita coisa entre elas que eu não posso contar a ninguém sobre essa noite porque não entenderiam. Ai fui embora e estava prestes a pedir o uber quando você chegou. O que foi bom porque eu pude desabafar sem fingimento. Pode guardar esse segredo ?

Eu sentia vontade de socar a cara do meu amigo por ter agido assim com ela. Cara será que ele tem noção do quanto a primeira vez é importante pras meninas ? Será que ele entende que a maioria delas fantasia um conto de fadas ? Pelo que ela disse ele foi legal com ela ontem mas o dia seguinte também faz parte. Ela vai ter esse sentimento de rejeição pra sempre com ela.

- Posso e vou guardar Valentina, se você prometer me deixar estar por perto a partir de agora, em todas as ocasiões, como um bom amigo e não me esconder nada.

- Claro que sim. Vai ser ótimo ter um amigo lindo como você(risos).

Sorri sem mostrar os dentes, estava feliz com a confiança dela.

- Você que é amigo dele pode me dizer uma coisa com sinceridade por favor? Acha que ele se lembra e está fingindo não lembrar porque é conveniente ?

Isso realmente havia passado pela minha cabeça, mas tem muita coisa que torna dificil saber entender a atitude dele. Como o fato de ele nunca, bêbado ou sóbrio, ter levado nenhuma mulher pra casa dele.

- Bom Valentina, eu realmente não sei te responder. Mas não vamos pensar nisso. Pensa apenas que a vida é feita de escolhas se um não quer tem quem queira.- Ela sorria e eu acabei sorrindo com ela.

- O sorriso é mesmo contagioso !- Disse e ela apenas concordou com a cabeça. Então continuei falando:

-Sei que é pessoal, mas como sei que você era virgem até ontem, tu não deve tomar anticoncecional, e pelo jeito que você disse que estavam bêbados pode ser que não tenham usado camisinha. Não precisa me responder, vamos ali na farmácia.

Ela abaixou a cabeça e apenas concordou comigo. Chegando na farmácia ela ficou sem graça de entrar então fui sozinho e deixei ela no carro. Voltei rapidamente com o remédio.

-Pega Val, posso te chamar assim né ?

- Claro.- ela ainda estava com vergonha.- Que remédio é esse ? 

- Já ouviu falar em pílula do dia seguinte ? É essa mesma- não aguentei e sorri denovo, isso estava se tornando um hábito perto dela, enquanto dirigia até sua casa eu explicava como usar.

- Henrique, eu nunca vou esquecer que nessas poucas horas você me demonstrou mais amizade do que muito "amigo" de muitos anos. Pode contar sempre comigo.

- Relaxa, vai ter ocasiões pra retribuir,  eu também tenho problemas (risos). Vamos tirar a nossa primeira foto.

Ela se aproximou e tiramos a foto, que agora vai ficar numa pasta só dela. Cujo nome é "Minha amiga Valentina ♡"

Otávio saiu ao ouvir o barulho do carro, ela virou pra mim e se despediu. Eu conversei um pouco com ele,  esperei eles entrarem e fui pra casa.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora