MARCELO
Estava sentado bebendo quando um velho amigo se aproximou, nós havíamos nos afastado, por ele entrar numas parada errada ai. Mas mesmo assim, sempre que nos vemos agimos normalmente. Ele só não frequenta mais a minha casa e nem eu a casa dele. Não marcamos de sair juntos, mas volta e meia nos encontramos nas baladas afora.
- Eai Marcelim! - ele disse ja demonstrando não estar sóbrio.
- Fala Beto!- seu nome é Humberto mas desde criança só o chamamos de Beto.
Ele sentou comigo no bar, contei a merda que acabou de me acontecer, falamos também das outras minas da escola desde as mais feias até as mais gatas, ele me incentivou a procurar outras gurias pra me divertir, não assumir compromisso pra manter aparência, ate que mesmo noiado ele tinha mais ideia boa do que eu na cabeça e começamos a beber juntos.
Enquanto bebiamos falamos de muitos assuntos nada haver e foi bem legal. Já não sabia mais nem o que eu tava falando e mesmo assim eu insisti em continuar bebendo. Depois de algumas horas ele me ofereceu um bagulho que trazia embrulhado no bolso da calça.
Eu nem pensei e já aceitei. Coisa que não sei se faria estando sóbrio. Quando me entregou eu percebi que se tratava de um baseado- Maconha embrulhada na seda.
Não pensei duas vezes antes de fumá-lo. O primeiro da minha vida. Em seguida tive a impressão de euforia intensa, via umas luzes diferentes, senti uma fome lascada e pedi dois pratos de tira gosto bem cheios, comi e continuei com fome, ele fumava comigo e não parecia estar na mesma que eu.
Começou a tocar uma música lá de corno e eu ja comecei a chorar, parecia que a música falava comigo cara, que porra é essa? Me sinto estranho. Tava feliz agorinha. Meu humor ta mudando.
Caminhei até um espelho e vi que Meus olhos estavam meio vermelhos. Uma sensação de que eu podia fazer o que eu quisesse naquele momento. Mas no meio disso tudo uma alegria que permanecia.
Quando vi aquela garota sentada sozinha tomando uma caipirinha e pensei.. vou chegar nela. Caminhei até ela e me sentei do seu lado.
- Oi !- sorri maliciosamente.
- O..oii !- ela gaguejou ao responder e ja vi que tava na minha.
- Você tá sozinha ?
- É, mais ou menos meu irmão ta por ai com um cara.- ela bebia a caipirinha enquanto tentava desviar do meu olhar. Antes que eu pudesse continuar falando ela me questionou:
- Cê ta bem Marcelo ?- com um olhar preocupado- Por que Não estaria Valentina ?- falei em meio a alguns sorrisos.
- Sei lá, você tá diferente.-ela engasgou e se recuperou rapidamente- Perai, sabe meu nome ?
- Claro, como não saberia ? Você é como luz naquela escola que estava na escuridão, a garota mais incrível, a única que me atrai realmente, isso me preocupa as vezes, você é diferente.- quando terminei de falar só conseguia pensar: por que diabos tô falando essas viadagem agora mano?
Ela corou enquanto eu falava, sorria timidamente, conversamos por mais algum tempo, bebi altas caipirinha com ela, começamos a misturar vodca com suco, quando percebemos ja estavamos tomando a vodca pura.
O papo tava mó massa , em algum momento lhe disse que jamais a imaginei bebendo e conversando como uma pessoa normal e já pensei que ela levaria pro lado pessoal esse comentário mas não. Ela apenas sorriu e me disse que isso é prova de que não a conheço tanto assim, a convidei pra ir na minha casa, ela me surpreendeu mandando um SMS pro irmão e logo aceitou.
Ela era tão certinha na escola e nas festas, antes desse momento jamais a vi bebendo nem cerveja, jurava que não ia. Pensei que ia rolar aqueles papo de mina virgem cheia de não me toque e esperando o casamento.
Tinha algo estranho em mim. Tava realmente atraido por ela, não me reconhecia e não a reconhecia. Será que ela era mesmo assim por baixo daquela roupa feia e eu não enxergava por procurar que ela fosse por fora como a Puta que acabava de me trair ?
Recebi uma mensagem do Henrique:
Tá tudo bem ai Marcelo ? Vi o que tu fez, tá ligado que vamos falar sobre isso depois né ?Eu :
Tô ligado e tô ótimo. Brota lá em casa amanhã Henrique, hoje não tô pra conversa.Ele:
Beleza. Amanhã passo lá.Pedi desculpas a Valentina por parar de respondê-la pra mexer no celular. Ela nem disse nada, só balançou a cabeça positivamente.
Tomamos mais umas antárticas nevando, sorriamos de tudo ao nosso redor. Nem queria ir embora. A companhia tava mesmo muito agradável. Tava me fazendo falta momentos como aquele. Segurei em sua mão, pedimos o uber pra minha casa e é disso que me lembro, ou pelo menos deveria lembrar.
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Valentina
Teen Fiction+16/ A vida nunca foi e nunca será realmente entendida. São tantas descobertas e conflitos envolvidos ao mesmo tempo. Entender a si mesmo pode levar a paz, a tranquilidade e até a sanidade mental de alguém. Mas em meio a tudo isso, amizade, amor e c...