Capítulo 17

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VALENTINA

Meus olhos se enchiam d'agua mas ele não me veria derramar nenhuma delas.

Ninguém me obrigou a fazer nada, eu acreditei que pudéssemos ter algo a mais do que amizade mas já percebi que não. Afinal há um motivo pra ele ser esse grosso e insensível e eu não estou disposta a ser saco de pancada de ninguém. Ele que desconte as raivas dele em qualquer outro lugar.

Não da pra mudar o que houve e continuo não me arrependendo, porque o cara que estava comigo ontem é muito diferente desse que eu acabei de ouvir.

Enquanto ele falava eu engulia seco, me sentia mal, na verdade não precisava assumir um compromisso, só queria que ele se lembrasse.

Ele quer que eu vá embora pra que sua mãe não me veja e ainda se oferece pra me pagar um uber, no minimo porque tá me achando uma daquelas "coitada", na hora eu me estresso e lembro-o de que eu não sou pobre. Posso e vou pagar o meu. Antes que ele venha me achar interesseira.

Saio o mais rápido que posso daquela casa com uma sensação de fugitiva. Ao passar do portão sinto-me aliviada, caminho mais alguns passos e sento-me na calçada, mando uma mensagem pro Otávio dizendo que vou dar uma volta, arejar, não estou em condições de vê-lo agora e contar tudo isso. Ele me mandou umas carinhas pensativas e disse que tudo bem, qualquer coisa é só eu ligar.

Finalmente consegui tranquilizar e as lágrimas cairam involuntariamente. Não consegui mais segurá-las.

Estava entrando no aplicativo da Uber quando alguém buzinou três vezes na minha frente. Era o Henrique.

Eu não acredito que ele está me vendo desse jeito.

HENRIQUE

Assim como eu havia falado ontem pro Marcelo vou lá conversar com ele sobre as atitudes erradas dele quando contei-lhe da traição da Gaby. 

Claro que sei que ela vai descobrir que fui eu, mas eu não tenho medo nem dela e nem do Brayan. Não podia vê-los brincarem assim com meu amigo.

Enfim, decidi ir cedo pra ele não ter tempo de sair pra fugir do assunto. Chegando lá na rua de longe avisto uma moça que não me parece estranha, sentada na calçada ali perto. Ao aproximar-me noto que é a Valentina. O que não fazia sentido porque sua casa não era ali perto. Na verdade a única pessoa conhecida que morava por aqui era o Marcelo.

Buzinei três vezes e ela finalmente olhou, com os olhos marejados, aquilo me apertou tanto o coração. Esqueci até o motivo de estar ali, só queria levar ela pra longe.

- Entra no carro Valentina !

- Não Henrique, já tô pedindo o uber.

- Pedir uber pra quê se eu tô aqui te oferecendo uma carona ? Vamos, te levo direto pra casa !

- Não vou pra casa, não agora eu vou é dar uma volta.

- Ótimo, porque eu também tava indo fazer a mesma coisa. Entra !

Depois de insistir mais uns minutos ela entrou. Já conseguia ver um sorrisinho breve em seus lábios e isso me deixou feliz.

Como uma coisa tão simples poderia ser assim tão boa ?

Então perguntei pra ela:
- Onde quer ir primeiro ?

- Sei lá, qualquer lugar. -respondeu cabisbaixa.

Algo tinha acontecido e eu vou descobrir. Fomos pra uma praça, caminhamos até um banco e sentamos ali mesmo observando o ambiente.

- Quer me perguntar alguma coisa ?- ela me surpreendeu com o quanto é direta. Sorri baixinho com isso.

- Estava procurando um jeito de falar, mas já que você foi direta também serei.- silenciei-me por alguns segundos, respirei devagar e soltei- O que você fazia em frente a Casa do Marcelo essa hora da manhã, sozinha e chorando ? E não adianta mentir pra mim porque eu vou descobrir. Mas claro que seria melhor você me contar do que eu saber por outra pessoa.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora