Capítulo 26

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Valentina

Já estava quase na hora marcada, até pensei que Henrique iria se atrasar, mas para minha surpresa ele chegou exatamente no horário, tocou a campainha de casa e eu pedi para que Otávio abrisse a porta enquanto eu terminava de me arrumar.
Desci das escadas, e ele estava lá, todo formoso,com uma rosa na mão. Ele me entregou a rosa enquanto falava:

- Essa rosa é pra você se lembrar de nossa amizade, se quiser depois de seca colocá-la em seu herbário particular, não seria uma má ideia, até porque assim toda vez que olhar para ela lembraria de mim.- Fiquei realmente surpresa, esse tipo de homem ainda existe? Meus pensamentos tomavam conta de mim naquele momento, até que percebi que o deixei sem resposta e tratei logo de agradecer seu belo gesto.

-Henrique muito obrigada, não precisava, eu fiquei surpresa e até meio sem graça com essa atitude.-Ele sorriu e caminhou até a porta, quebrando aquele clima meio constrangedor ao mudar de assunto, agradeci em silêncio por isso.

- Vamos então? Temos muito o que conversar, quanto antes começarmos melhor !

- Claro, só vou pegar minha bolsa.

- Tudo bem, te espero no carro.

Subi rapidamente até o quarto dei uma última olhada no espelho, peguei a bolsa e fui para o carro. Henrique me esperava fora do carro, eu achava que estaria lá dentro mas tabom né, passei a mão no cabelo colocando a franja atrás da orelha e perguntei :
- Algum problema ? Achei que já estaria lá dentro ?

- Nenhum. Que espécie de homem eu seria se não abrisse a porta do carro pra uma jovem dama ?

- É sério isso ?- cai na gargalhada, ele riu junto comigo, foi maravilhoso aquele momento e logo completei:
- Entendo seu lado cavalheiro de ser, mas comigo, enquanto sua amiga, eu prefiro eu mesma abrir a porta, se não se importa, me sentiria melhor.

-Ufa! -ele disse parecendo um pouco aliviado- Ainda bem que você é tão você, estou cansado daquelas patricinhas "meia boca" que se acham donas do mundo.



No caminho,a conversa fluía, parecia-me realmente que Henrique precisava sair de casa,conversar.

Ele logo tocou no fato que queria mais partilhar comigo, seu relacionamento confuso com a Cecília, como sentia falta dela e como ela fazia bem pra ele. O assunto me interessou, ao mesmo tempo que me deixou surpresa, afinal nunca imaginei que os dois tivessem tido algo, quanto mais algo tão sério, então após ouvir muitas coisas sobre ela eu perguntei exatamente como tudo acabou e a resposta foi essa:

- Em um belo dia a cerca de um ano, eu estava quase pensando em assumir um compromisso sério, mas não sentia ainda no coração a certeza necessária, achava que a relação era boa daquele jeito, mas depois da briga que tivemos eu percebi que pra ela não estava, ficamos uns dias sem nos falar, o que não era normal para nós e no fim de semana seguinte fomos para uma festa na casa do Brayan, até então parecia estar tudo bem entre a gente, ela sumiu no meio da festa e eu quis dar o espaço e tempo dela então não a procurei, afinal querendo ou não era o primeiro dia que estávamos tão próximos depois da briga. Quando ela apareceu tinha um jeito diferente e me pediu pra levá-la pra casa e disse que queria conversar comigo outro dia. Assim fizemos e aconteceu o que eu nunca esperava, essa conversa era a decisão dela de parar por ali e se possível conversar o mínimo comigo, para não causar dor um no outro. Ela estava diferente e decidida a isso. Eu respeitei mas não imaginei que essa decisão doeria tanto em mim e continuaria me incomodando tempos depois. Eu nunca a vi com outro e sempre evito que ela me veja com outras também. Pode não ter sido assumido mas meio que todo mundo sabia do nosso relacionamento. Prefiro preservar o que houve entre nós. Dias atrás tentei falar com ela e a resposta além de ser uma libertação pro meu coração me trouxe a certeza de que acabou mesmo, ela disse que o sentimento mudou, que a única intimidade comigo que sente falta é um abraço. Ela deve ter outro no coração. Não é mais a mesma Cecília de um ano atrás. Essa é diferente. Mais decidida, apesar de escolher se esconder atrás daquelas patricinhas sem sal nem açúcar da escola, eu continuo gostando muito dela mas espero que agora eu consiga seguir em frente porque não dá mais pra correr atrás de passado.

-Nossa! Eu sinceramente não sei o que falar, nem imaginava que vocês tinham história juntos. Mas saiba que isso vai passar, você vai se refazer e no momento certo a sua pessoa vai chegar.

Chegamos no shopping e fomos pra praça de alimentação, a conversa estava mesmo ótima até que Henrique me perguntou do Marcelo:

- O que deu você e o Marcelo? Estão na mesma? Como foi a conversa de hoje mais cedo ?

-Ah Henrique, ele me mandou aquelas mensagens perguntando aonde eu iria, e com quem eu iria, tentei distorcer a conversa e não dar muita bola, fiz como você me aconselhou não deixei evidente nenhum tipo de sentimento por ele, acho que não vai me encher mais, não por hoje .

- Você contou onde e com quem ia sair ?

-Eu só disse que iria no shopping, só isso. Sobre a pessoa que ia sair comigo, ele duvidou. Melhor assim, quanto menos ele souber de mim melhor.

- Se você contou eu não duvido nada que ele é capaz de aparecer por aqui. Ainda mais depois desse súbito interesse dele em você

- Credo Henrique! Não existe essa possibilidade, não quero ver ele tão cedo!

-Seeei.-falou com ar de dúvida.- Vou ali pedir nosso lanche, tem preferência de algo ?

- Pra ser sincera não. Pode escolher.

Nesse momento o Henrique foi pedir o lanche, meu celular vibrou e meu coração começou a acelerar quando eu li de quem era a mensagem, era Marcelo:

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