White Noise

Capítulo 9 🎲

Min Yoongi realmente queria que a gente morresse. Eu não sei como tinha concordado em ir com ele até aquele lugar, não quando sabia que o pessoal de lá demarcava o território de forma pior do que animais que querem impressionar as fêmeas. As vezes o ser humano é pior do que aqueles que são considerados irracionais.

Minha mãe ficaria irritada por ver que eu tinha saído de casa cedo, para outra vizinhança e sem avisar, porém eu lidaria com um problema de cada vez. Eu finalmente interrompi o silêncio, dando voz ao meu receio:

– Yoongi, eu acho melhor voltarmos. A gente tenta arranjar em outro lugar.

– Chegou até aqui para fugir com medo agora, docinho? – Ele estava mais irritante do que o normal, com aquela blusa xadrez vermelha por cima de sua camiseta preta, o cabelo bagunçado e o sorriso presunçoso no rosto. Ele continuou a andar, me deixando para trás. Tentei o alcançar.

– Como você pode ter tanta confiança estando nesse lugar? – O nervosismo estava transparecendo, mas eu sabia que aquela vizinhança tinha muita gente violenta. As casas eram cinzas, com portões tortos, tinta descascando e a calçada esburacada. Ninguém aparecia nas janelas e nenhuma criança brincava na rua, mesmo sendo manhã e isso deveria significar alguma coisa.

– Pegamos um ônibus de longe para chegar até aqui e resolver o seu problema, agora iremos até o final.

– Mas isso é muito arriscado.

– Ok docinho, faremos o seguinte. – Ele parou bruscamente e eu quase bati de cara nas suas costas. – Você fica aqui e espera e eu volto com seu celular inteiro, não dá tempo nem de eu mexer nele. Infelizmente.

– Esse não é o problema! – Apoiei o peso em uma perna e cruzei os braços.

– Se você quer tanto continuar com essa bobagem covarde, deixa que eu me viro sozinho, você fica aí. 

– Você não iria fazer isso tudo e voltar aqui. –  Ele simplesmente foi. Sem nem olhar para trás. Que garotinho convencido, se achando confiante em um dos maiores locais de crime. Se qualquer pessoa perigosa soubesse quem era o pai dele, não queria nem pensar, ele seria morto na hora. Essa briga entre eles já era antiga e uma das únicas coisas que aprendi com meus pais era: você não se mete com os caras do sul da capital.

Tudo continuava silencioso e eu me perguntava se as pessoas que moravam ali tinham medo até de sair de casa.
Só era esquisito, em um domingo, ver uma vizinhança tão gelada e vazia. Não estava nem frio e o calor não combinava com aquele clima de suspense. Só esperava que eu pudesse voltar logo para o meu lugar. Estava sozinha plantada de pé em uma calçada e eu queria encontrar uma saída. Quem diria que em algum dia eu iria concordar com aquilo e sair junto com Min Yoongi para um lugar daqueles. Minha mãe me mataria se soubesse. Se bem que se tratando dos planos que ela queria fazer comigo, essa loucura era até melhor. Era completamente frustrante o pensamento deles de que eu precisava de um homem para ter sucesso. Era a isso que minha vida se resumia? A ser um acessório bonito? Para me elogiarem e me colocarem em uma prateleira de vidro? Meu tempo estava acabando e eu não fazia ideia de como iria mudar essa situação. Meu pai continuaria me pressionando em encontros com homens que eu não dava a mínima quando percebesse que essa relação com o filho do Senhor Min não resultaria em nada e eu precisaria me virar. Como mudar?
Não tinha resposta para minha pergunta.

Chanyeol provavelmente iria para a faculdade e se tornaria um advogado bem sucedido, Hwasa seria estilista e Moonbyul continuaria administrando o Galpão. Todos tinham sua vida decidida, por que eu não conseguia ver um futuro para mim?

Até mesmo Suga terminaria os estudos e iria administrar os negócios de seu pai, enquanto eu não tinha nada. Não tinha um objetivo, não tinha foco, não tinha para onde ir. Eu só continuaria vivendo, sem saber o que me aguarda no futuro e tendo a única certeza de que eu queria continuar com a música nos meus dias. Era a última parte que fazia sentido, talvez a última certa. Mas isso não significava nada. Não quando eu precisava de respostas imediatas e definitivas.