Capítulo 8 🎲

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A cada festa que eu participava eu ficava mais de saco cheio. Algo me dizia que eu estava velha demais para essas coisas e eu só queria ser Chanyeol e fugir desse lugar. Nesses momentos, eu sinto falta dele. A cada risada artificial que eu ouvia, a cada elogio falso, a cada pessoa atuando para ser melhor do que ela realmente era, só fazia eu me sentir pior. Será que eu era a única a me incomodar? Ninguém conseguia achar aquilo tudo errado? Não há nem motivos para celebrar além do fato que eles estão sempre ganhando dinheiro ilegalmente. Estava tudo tão estático e vazio que eu quase sentia falta de algo para me distrair.

O tema da noite era vermelho e eu via todas as cortinas combinarem com o carpete, o que poderia ser estranho dependendo da estampa. As roletas e as mesas faziam barulhos altos, além das vozes animadas e eu me perderia em uma cacofonia se eu não me concentrasse em esquecer o ambiente em minha volta. Tanto barulho me dava dor de cabeça. Eu andei até encontrar uma sala afastada do resto da festa e agradeci para o deus da barganha sagrada o fato de estar vazia e isolada de todos. Peguei um cigarro na minha bolsa e o acendi, levando o isqueiro a boca. Talvez se eu produzisse fumaça o suficiente as pessoas iriam desistir de entrar na minha mais nova descoberta salinha. Eu estava sentindo o meu coração apertar e se não fosse a nicotina, talvez eu não fosse capaz de relaxar. Eu realmente sentia falta do meu melhor amigo. Talvez ele fosse o único capaz de me distrair das partes ruins de mim. Ele não iria me "consertar", mas enquanto estava com ele, podia fingir que eu não sentia mais nada de errado.

A maçaneta da porta foi girando e só poderia significar uma coisa. Eu queria que qualquer pessoa desistisse de entrar ao perceber que eu estava bem ocupada por lá. Antes de tudo, um rosto redondo com dois olhos brilhantes e desafiadores aparece com a franja escura  repartida ao meio e jogada para trás com spray fixador e um terno azul marinho. Não sei o que eu aprontei para o meu karma me castigar de forma tão pesada.

– Não se pode ter um pouco de paz nesse inferno? – Coloquei o cigarro entre os dedos e desisti de continuar plena na minha salinha.

– Olá, docinho. Que sorte a minha encontrar você por aqui. – Ele abriu o sorrisinho provocador.

– Eu não tenho energia nem para discutir com você. Vou só ignorar sua presença. – Me sentei no chão, ignorando o fato de que eu estava de vestido longo. Encostei a cabeça na parede, fechei meus olhos e traguei o cigarro, soltando a fumaça o mais devagar que eu conseguia.

– Uau, Yezi, o que te atingiu hoje? – Seu tom estava completamente diferente do sarcasmo que ele despejava usualmente e eu quase me perguntei se ele estava se importando comigo. Como se alguém pudesse se importar comigo.

– Só estou cansada. – Respirei fundo.

– De quê, docinho?

– Meus problemas não são da sua conta. – Minha respiração se tornou desconfortável, junto com o rumo da conversa.

– Então anda mantendo segredo das pessoas. – Ele questionou, com uma sobrancelha levantada.

– Surpresa, não é só você que tem uma vida escondida da sua máscara de porcelana. Suga. – O nome ainda era azedo em meus lábios e eu lembrava que ele não era quem eu idealizava ser. Uma piada de mau gosto, no máximo. Como eu pude gostar das músicas desse cara...

– Então me conte o que está por trás dessa sua armadura de vidro.

Franzi as sobrancelhas em confusão.

– O que você está falando?

– Você está se escondendo atrás de uma coisa que, uma hora ou outra, vai se quebrar.

– Como você saberia? – Esse menino era engraçado.

– Porque eu sei como isso vai acabar. Com tudo estilhaçado.

White NoiseOnde histórias criam vida. Descubra agora