Yezi é filha de um dos maiores mafiosos do seu país. Tentando recusar todas as propostas da sua família, ela busca encontrar outro propósito para o seu futuro. Tudo estaria bem até aí, se o filho do principal rival do seu pai, Min Yoongi, não se met...
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– Essa é realmente sua melhor ideia de reconciliação? – Chanyeol perguntou, debochando. – Um show no festival de outono.
Ele observou o lugar a sua volta, enxergando algumas crianças correndo perto de brinquedos de parque e uma aglomeração de famílias próximas às barraquinhas de comida. Por fim, era possível ver o palco gigante que, em breve, as artistas que viemos ver iriam se apresentar. Puxei os dois até um canto mais calmo e silencioso antes de darem início ao show.
– É claro! O que pode criar uma união melhor entre dois homens do que meninas fofas cantando e dançando com aegyo*?
Yoongi passou um olhar duvidoso e julgador para minha frase. Eu tinha desistido de evitar ele pela união dos dois. Era a única forma de evitar a implicância de Chanyeol. Eles não acreditavam no poder reconciliador da música.
– Está na hora de vocês resolverem seus problemas e os dois têm até o final do show para virarem amigos.
Antes que eu pudesse terminar de ditar, os dois já estavam se encarando de expressão fechada, prestes a cair no soco a qualquer momento.
– Por que sou obrigado a ser amigo desse criminoso? – Chanyeol perguntou, incomodado.
– Yah, você não sabe nada sobre a minha vida. – Yoongi devolveu, cruzando os braços, irritado.
– Eu sei o suficiente para entender que pessoas como nós deveríamos manter distância de um problemático que nem você. Um protótipo de traficante. – Ele tinha nojo encravado nas palavras.
– E quem você pensa que é para julgar o que vai ser o meu futuro? – Ele estava com mais raiva com as provocações.
– Eu não poderia me importar menos com seu futuro. Eu só queria que você cuidasse da sua própria vida e parasse de querer usar a Yezi para qualquer capricho egoísta seu que termine perigosamente, por que no fundo você só traz problemas. E no final das contas essa definição é a única que pode ser atribuída a você. E ainda é ruim no que faz, quase matando a minha amiga junto com a sua estupidez de ir em outro bairro.
Yoongi ficou mais impaciente. Ele se aproximou de Chanyeol, tentado o intimidar, pisando na ponta dos pés. Mas de qualquer forma, Chanyeol era bem mais alto e sua tentativa foi em vão. Em uma briga, o pé grande venceria ele facilmente. Eles se encaravam intensamente e era quase cômico a forma que Yoongi o desafiava, na ponta dos pés e erguendo o pescoço para que conseguisse encarar os olhos de Chanyeol. Era um cavalo contra uma girafa. Resolvi acabar com a ceninha.
– Ei, ei ei! – Interrompi. – Eu não quero esse espírito briguento estragando os meus planos de hoje. Peça desculpas ao Yoongi, Chanyeol.
Ele cruzou os braços, mantendo o bico no rosto.
– Eu quero agora, Park Chanyeol. – O desafiei com os olhos e meus braços apoiados no quadril.
Ele bufou. Revirando os olhos, disse:
– Desculpa, herdeiro.
– Sem apelido pejorativo. – Briguei.
– Desculpa, Min Yoongi. – Ele parecia ter lutado contra todos os seus demônios para dizer aquilo entre os dentes.
– Não sei se devo aceitar dessa forma. – O outro respondeu, birrento.
– Yoongi... – Protestei. Por que aquilo tinha que ser tão difícil?
– Tudo bem, Park Chanyeol, desculpas aceitas...
Sorri, finalmente criando disciplina entre as crianças.
– Agora um abraço para selar a amizade!
Propus animada, enquanto ouvi protestos simultâneos de "Agora você foi longe demais" e "Não mesmo, de jeito nenhum" mas no final das contas, os dois já tinham feito as pazes e se abraçado.
– Ainda não acredito que você trouxe a gente para ver um show de grupo feminino de kpop, Yezi. Pensei que você tinha um gosto musical melhor. – Dessa vez, Yoongi que estava reclamando.
– Ah, me dá um tempo, todo mundo ama Twice. – Eu peguei um lightstick de dentro da minha bolsa e chacoalhei na sua frente. Chanyeol riu do acessório, me chamando de maluca.
– Só se for orelhas que não ligam para um refinamento sonoro e ficam ouvindo lixo musical pré-fabricado sem sentimento e nem sentido nenhum. – O palestrinha retrucou.
– Ah pronto, virou crítico de arte. – Revirei os olhos.
– Ele está certo Yezi, você sabe que podemos ouvir coisas melhores que isso. – Chanyeol concordou, ficando em pé do lado dele.
– Se fosse um show de sei lá, o Dynamic Duo, eu te perdoaria, mas Twice não dá. – Yoongi completou.
– Nossa seria incrível ir num show do Dynamic Duo. – Chanyeol disse com brilho nos olhos. – Yezi você vacilou.
Eu juro que iria me defender e mandar os dois calarem a boca, mas isso me fez perceber uma coisa: eles estavam concordando. Os dois estavam felizes falando do mesmo assunto e eu não iria estragar o papo sobre as músicas favoritas daquele grupo musical. Meu plano dava certo no final.
– Eu também gosto deles, mas vocês não entenderam o espírito do evento. – Provoquei, sabendo como ia terminar.
– Mas o espírito seria muito melhor se fossem os dois aqui! – Chanyeol reclamou e rapidamente Yoongi estava concordando. Eles continuaram a conversar e eu não fui obrigada a fazer mais nada para a faísca da amizade acender forte. Eu apenas sorri.
No final das contas, tanto Yoongi quanto Chanyeol se emocionaram a ver as garotinhas em cima do palco, cantando todas as letras de cor e até se juntando em um complô, criando um plano para roubar o lightstick da minha mão para eles acenderem e as meninas os notarem na plateia. Eram dois palhaços isso sim. Aproveitamos muito o show e ninguém pode se atrever a falar que não tinha gostado, eu tinha provas em vídeos gravados no meu celular deles cantando, se emocionando, imitando as coreografia, fazendo fan chant e discutindo qual era a bias de cada um. A melhor parte foi no final do show, quando os garotos tomaram um susto com os fogos de artifício e fingiram que não tinham se afetado.
Eu apenas tinha me divertido com as duas pessoas que melhoravam os meus dias e mal podia acreditar que todo aquele planejamento tinha dado certo, com os meninos trocando telefones para compartilhar recomendações de músicas que eles gostavam. Parece que a birra era fácil de ser substituída por momentos genuínos e eu não poderia estar mais genuinamente feliz. Isso quase me fez esquecer que tinha problemas não resolvidos com Yoongi e que eu não queria nem o encontrar pessoalmente.
Vi ele se despedindo do meu melhor amigo, entre risadas fofas e sorrisos largos e eu sorri junto de longe, com algo misturado ao sentimento de orgulho no peito, uma coisa que eu não tinha gostado nem um pouco. Meu coração tinha ficado aquecido e toda a teoria de que eu estava amolecendo era mais real que nunca. Não tive nem tempo de processar isso, porque ele veio se despedir de mim, me abraçando e levando o meu estômago a dar um salto olímpico e voltar ao lugar. O seu cheiro doce característico era repentinamente muito sufocante. Não estava nem um pouco confortável e eu não fazia ideia de como iria me livrar disso tudo. Ou se já era tarde demais e eu já tivesse terminado de me afogar. Chanyeol estava certo. Não adiantava nem mesmo jogar uma boia.
