Capítulo 23 🎲

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Eu não queria ter me empenhando tanto para ir àquela festa

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Eu não queria ter me empenhando tanto para ir àquela festa. Parecia um retrocesso comparecer nesse evento depois de tudo que eu já tinha vivido nesse tempo. Mas talvez fosse a minha última chance de ver Yoongi, antes que ele se tornasse um herdeiro de ouro e eu não fosse mais capaz de reconhecê-lo. Era por isso que eu estava encarando cada mesa daquele salão repulsivo, dessa vez decorado em azul, procurando por um rosto familiar. Nem Chanyeol nem Chanmi concordavam mais com isso, então eu poderia ter certeza que eu estava sozinha nessa missão. Convenientemente, eu não conseguia reconhecer o rosto de Yoongi em lugar nenhum. A mesa com seu pai e sua mãe tinha uma cadeira vazia e isso deixava meu coração cada vez mais apertado. Eu via cada um daqueles senhores, mas nada de encontrá-lo. Estava frustrada de ser obrigada a estar naquele lugar mais uma vez. Minha família estava fingindo que eu nem existia, como na maioria das vezes que eu via meu pai. A atmosfera, era apenas demais para aguentar. Estava sufocada. Deixei minha taça de vinho em cima de alguma mesa e corri para fora, antes que alguém pudesse perceber. Eu precisava de ar fresco. De um tempo desse pessoal todo.

Fui andando sem rumo, chutando o asfalto com aqueles sapatos altos que apertavam os pés e me dariam bolhas no dia seguinte e arranjando motivos para ficar com raiva do mundo todo. Às vezes, só dava vontade de mandar todos que se achavam parte daquela "sociedade" se explodir. Tão cheios de si, como se tivessem as respostas para tudo com algum favor ilegal. Eles podiam achar as respostas nos próprios rabos.

Pelo caminho dos pensamentos desalinhados, entrei  em uma praça por parecer mais convidativa do que ruas desertas na madrugada. Talvez um parque deserto também não fosse tão convidativo se eu fosse avaliar bem. Mas era a melhor escolha que eu tinha no momento. A rua estava um pouco fria, então eu esfregava os braços nus para me distrair da temperatura. Não tinha um plano em mente, só queria fugir daquilo que me perseguia. Por uma noite, queria não me preocupar com nada disso. Nem herança, nem futuro e muito menos com a máfia. Eu devia ter sido trocada na maternidade. Não queria fazer parte de nada daquilo. eu desejava que pudesse fechar meus olhos e esquecer da realidade que me fez chegar até aqui. Só ouvir o barulho do vento e de algum carro que passava bem longe. Nada mais complexo que isso. Me aproximei do parquinho da praça, ainda tentando fechar os olhos e imaginar outro universo paralelo, um que eu pudesse ser feliz. Queria que funcionasse.

– Quem é vivo sempre aparece.

É claro que eu tomei um susto, abrindo os olhos e me sobressaltando. É claro que esse cara tinha que me perseguir em todos os lugares mais inusitados. Em todos.

– Também veio parar aqui?

Eu poderia ter respondido com algo sarcástico, mas isso apenas gastaria uma energia que eu não tinha no momento.

– Se eu soubesse que finalmente poderia te encontrar, teria vindo mais cedo. – Ele estava sentado no alto do castelo de ferro do parquinho, com os cotovelos apoiados nas pernas e dedos entrelaçados, como o maldito príncipe que ele achava que era, com toda aquela autoconfiança nem um pouco magnética e aquele olhar totalmente atraente que era uma droga. Eu não conseguia desviar deles.

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