Capítulo 3 🎲

574 40 0
                                    

Minha chegada traz toda a atenção da casa para mim. Meu pai só lança um olhar irritado em minha direção e sai andando apressado. Se preparando para alguma coisa que ele precisa. Como um dia normal.

– Sinceramente... – Virei a cabeça ao ouvir a primeira palavra. – Eu espero que você mude esse comportamento. É melhor se aprontar para amanhã. – Fui deixada sozinha na sala.
Subi as escadas de madeira até o meu quarto, para que pudesse finalmente descansar depois desse drama todo.

Deitei na cama e suspirei olhando para o teto. Arranquei o laço da minha cabeça, pensando que me preocupei à toa. Seria mais um motivo para ser reprovada?

...

Ajeitei o meu vestido longo. A cor me agradava por ser escura, mas seria o suficiente para eu ser perdoada? Isso é ridículo, e é mais ridículo por eu estar me preocupando com isso. O caminho todo até o espaço de eventos foi silencioso, ninguém trocava uma palavra e eu não ousaria abrir a boca. Já tinha me acostumado com aquele caminho que levava para um galpão escondido no meio da cidade.

Tudo estava basicamente como todas as outras vezes que eu já vim. Um monte de flores e outras coisas para decorar o lugar e música jazz tocando, enquanto homens sorriam sorrateiramente e se enchiam de bebidas alcoólicas. Era engraçado viver assim. Como se fôssemos a nobreza, sendo que estávamos muito longe dela. No escuro da sociedade, em que até mesmo a polícia não conseguia se infiltrar. Com aquelas festas que fingiam ser importantes, mas só servia para manter todos os contatos atualizados dos novos acontecimentos. Nada além de interesses egoístas. Nem mesmo a melhor maquiagem, roupa cara ou música alta iria conseguir mascarar isso para mim. Não passavam de ratos egoístas mais preocupados com aparências do que o fato de estarem vivendo a base de atos ilegais. Alguém se aproxima, oferecendo uma taça de champanhe.

– Não... – Foquei meus olhos na pessoa a minha frente, surpresa. – Olha só, quem diria que você estivesse aqui.

Dava para perceber que ele tinha se esforçado, usando um terno elegante e com o cabelo cheio de gel penteado para trás, isso era realmente um avanço para Park Chanyeol. Ele sorriu.

– Quem é vivo sempre dá as caras. Ou algo assim. – Ele franziu as sobrancelhas, sem saber o ditado popular.

– O que te trouxe até aqui?

– Quero fazer novos contatos.

– Claro que quer. – Revirei os olhos e sorri com sua resposta idiota.

– Estou tentando me redimir. E realmente, precisava ver a ordem das coisas.

– Pensei que fosse você que tivesse dito para seu pai que nunca mais iria participar de nenhuma dessas encenações estúpidas e sem propósito, que não significam nada além de uma imagem falsa. – O provoquei, relembrando da última vez que ele tinha aparecido para algum desses eventos.

– Aquele dia eu estava realmente irritado, você sabe. – Ele fez uma careta, lembrando do acontecimento. – Meu pai ainda não me perdoou, mas isso não importa, porque aqui dentro nós somos a família perfeita. – Ele continuou em tom de deboche.

– Mas é claro. – Olhei para a direção de seu pai, que se encontrava em uma mesa com meu pai e, quem diria, senhor Min. Suas faces sérias demonstravam que deveriam estar falando sobre dinheiro. A única coisa que importa. Duvidava que seria outra coisa, logo quando o senhor Min estava no meio da conversa.

– Chanyeol! Venha aqui! – Sua madrasta chamou, ele estava relutante em sair.

– Vai lá bad boy, você já causou intriga o suficiente.

– Espero que eu sobreviva. Aquilo é raposa em pele de cordeiro. Ou algo assim. – Acompanhei seus passos com meus olhos, ele saiu virando o conteúdo da taça em um gole só, impressionante, já que o gosto amargo de champanhe é horrível.

White NoiseOnde histórias criam vida. Descubra agora