Capítulo 17 🎲

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 Olhando de longe, até que o cabelo do Chanyeol ficou decente

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Olhando de longe, até que o cabelo do Chanyeol ficou decente. Era o que eu queria acreditar, sentada no galpão enquanto queria encontrar forças para continuar vivendo. Ele percebe que eu estava lhe encarando e mostra a língua. Realmente, muita maturidade para pouco tamanho.

– O que foi? – Ele perguntou, depois de perceber que eu não iria retrucar sua provocação.

– Nada. – Olhei através do vidro, encarando o outro lado da sala. Eunbin passava bastante tempo nesse lugar.

– Você ainda está incomodada com isso?

– Claro que não. – Cruzei os braços.

– Vamos lá, eu não aguento mais isso. Você e esse garoto ficam fazendo esse joguinho, os dois de cara feia na minha frente. – Chanyeol bufou. – Vai logo falar com ele.

– Não mesmo. Ele está ocupado.

– Ele sempre está ocupado. – Chanyeol revirou os olhos. – Vai contar logo o que seu pai te disse.

Fui pega desprevenida. Eu precisava mesmo falar isso, mas não queria que fosse minha prioridade.

– Ele obviamente está se divertindo com aquela menina e a Chanmi. – Só eram desculpas vazias para que eu não fosse enfrentar o que eu tinha medo. Na verdade, não era medo, relutância. Eu gostaria de acreditar...

– Ah, por favor. – Chanyeol estava sem paciência, me sacudindo de leve pelo braço.

– Vamos lá Yezi, o cara tá com um mau humor insistente desde o dia que você parou de falar com ele. – Hwasa apareceu não sei de onde, se metendo no assunto.

– Como você pode saber disso tudo? – Olhei assustada para sua capacidade de se manter atenta ao ambiente.

– Eu sei de tudo. – Ela sorriu enigmaticamente. – E as paredes daqui tem ouvidos. – Ela falou a última parte menos séria. – Dá pra perceber que ele não está bem, Yezi. Você precisa falar com ele.

Aparentemente todo mundo sabia mais da minha vida do que eu. Bufei.

– Eu vou fazer isso. Mas não pensem que é por causa de vocês me convencendo, é por que é necessário.

– O que te deixa feliz à noite. – Chanyeol respondeu, sem acreditar em mim.

– Não era o que te deixa dormir tranquilo à noite? – Hwasa perguntou, pendendo a cabeça para o lado. Ele deu de ombros sem responder. Me levantei e abri a porta.

– Yoongi.

A menção do nome e ao barulho da porta, ele virou em minha direção. Seus olhos mostravam um brilho que já fazia tempo que eu não encarava, porém eles estavam hesitantes. Ele não confiava em mim.

– Preciso falar com você. – Eunbin e Chanmi espiaram curiosas. – A sós.

Elas tinham aquele olhar suspeito no rosto, mas Yoongi pediu para que elas saíssem e relutantemente elas deixaram a sala de gravação. O silêncio cresceu.

– Decidiu me xingar de alguma coisa? – Ele me encarava com expectativa, correndo os olhos pelo meu corpo inteiro e me deixando de alguma forma desconfortável. – Ou sei lá, agir como se ainda precisasse lutar contra mim, sendo que eu nunca te dei um único motivo.

Eu suspirei, sabia que aquilo seria difícil.

– Olha, não foi nada disso. Eu precisava falar sobre meu pai. Ou melhor, o que ele espera que a gente faça.

Ele colocou as mãos na cintura e riu sarcástico, franzi as sobrancelhas. Não entendi o motivo da graça.

– É sério isso? – Não respondi, não sabia o que era. – Você só vem me procurar por conta dos seus interesses.

Eu teria algum outro motivo para vê-lo?

– Me desculpa Yezi, mas eu pensei que fosse ser diferente. Eu pensei que eu pudesse te ajudar como um favor de amigo, que a gente pudesse, sei lá, agir como pessoas normais perto do outro. – Ele andou pelo estúdio enquanto falava. – Achei que fosse alguma coisa, depois que a gente quase morreu juntos. – Ele chegou perto de mim, olhando nos meus olhos. – Mas se você só for me usar para manter sua imagem bonita na frente do seu pai, aquele que você morre de medo, porque deus o livre de perceber que você tem uma personalidade própria, me desculpa eu não vou aceitar.

– O quê? – Espremi os olhos.

– Você só me procurou pelo interesse. Não quero ser mais uma marionete nesse show inventado. Pensei que você quisesse escapar disso também.

– Mas é claro que eu que– Ele me interrompeu.

– Então me dê um motivo para que eu possa acreditar nisso. Eu não vou ser seu boneco de plástico.

– Eu nunca falei isso, nosso acordo era outro.

– Não vou ficar aqui aguentando suas exigências enquanto você se safa daquilo tudo e finge que eu nem existo. Eu prefiro nem ficar perto de você se for o caso.

– Então não fique! – Perdi a minha pouca paciência. – Nunca pedi para que você ficasse.

– Pensei que você estivesse fazendo isso e que eu estaria recusando agora.

– Sempre soube que isso ia acontecer não disse? – Me irritei. – Eu sabia que no final, isso ia acontecer e que você iria me mac- Reformulei a frase, mas a minha maldita voz estava embargando no momento errado, junto com o meu peito agonizando. – Você iria embora.

– Você não entende, docinho? – Ele andou em minha direção, genuinamente preocupado.

– O quê? – Me segurei. Aquilo não deveria ser tão frustrante. Eu não deveria estar sentindo nada daquilo, a vontade de chorar. Ele era um idiota e eu não tinha me permitido a me importar com um idiota. Eu não podia. Ele não ia mudar isso.

– Não fui eu quem foi embora, foi você. – Ele passou a mão pelo minha bochecha e eu juro, aquilo foi a gota d'água. Um calafrio percorreu todo o meu corpo. Sua mão era quente e eu não estava acostumada com o toque. Eu não sabia que ele tinha um efeito tão potente assim e me deixou assustada. A primeira lágrima desceu lentamente pela outra bochecha e eu estava passando mal de tanta angústia. Toda a situação tinha sido estarrecedora. Isso não era justo, não era pra ser assim. Eu não conseguia nem me mexer. Ia enlouquecer se continuasse ali.

– Só me fala se vale a pena continuar lutando por você, se você mesma abandonou a batalha. – Ele falou mais baixo, encaixando meu rosto nas suas mãos.

Eu não conseguiria falar sem abrir uma torneira de lágrimas, estava uma grande bagunça.

– Eu... – Estava sussurrando, tentando encontrar forças para que minha voz saísse. Suas mãos me desconcentravam. Eu abaixei a guarda. – Não quero que você desista.

Ele se inclinou para ouvir melhor.

– Eu preciso que você continue persistindo. Eu vou mudar. Eu vou ser uma pessoa melhor.

– Eu preciso que você queira isso para continuar. Não posso aguentar mais a sua personagem.

De alguma forma estranha, suas palavras baixas e suas mãos reconfortantes estavam me tranquilizando, mesmo que ainda estivesse arrepiada.

– Eu quero. – Só não estava preparada para o que eu teria que enfrentar pela frente.

– Se você me provar isso, a gente descobre um jeito de te tirar da sua bagunça. Uma forma efetiva.

– Se você estiver comigo, a gente consegue vencer essa guerra. – Seus lábios moveram levemente na menção de um sorriso. Senti o cheiro familiar de uma bala de limão. Isso me dizia que eu estava no caminho certo. Eu sorri sem perceber que estava fazendo.

White NoiseOnde histórias criam vida. Descubra agora