Capítulo 14 🎲

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 Não acreditava que estava em um "encontro" com Min Yoongi e que esse era o "final" do meu castigo

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Não acreditava que estava em um "encontro" com Min Yoongi e que esse era o "final" do meu castigo. Por mais que ele tenha se mostrado um cara bem diferente da visão que eu tinha dele, menos irritante e mais corajoso, isso não me parecia certo. Eu nem mesmo queria encontrar ele em tão pouco tempo. Mal tinha melhorado da gripe e já estava procurando o endereço que ele tinha mandado, indo parar em um café pequeno, longe do centro da cidade.

As mesas estavam quase vazias, apenas o jazz baixo embalando o ambiente e algum cozinheiro fazendo comida preenchiam o silêncio, entre a decoração minimalista escura de madeira e o balcão metálico. Me sentei na mesa próxima a janela, olhando para fora. A rua estava quase vazia, salvo por alguns cachorros que passeavam com seus donos.

– Olá docinho. Quer uma bala?

Yoongi chegou e eu recusei. Não estava tão animada quanto ele.

– O que você planeja fazer? – Não deixei que ele continuasse tranquilo e alegre.

– Vamos com calma.

– Se eu for com mais calma eu vou ser despejada em uma sarjeta. – Minha expressão estava fechada, ele precisava me levar a sério. – A minha maldita vida está em jogo, eu não posso desperdiçá-la.

– Nós continuaremos com o plano. – Um garçom chegou para perguntar o que iríamos comer. Eu estava acostumada a não comer nada, teve uma época em que acharam que eu fazia isso de propósito para chamar atenção do meu pai ausente, mas eu só queria emagrecer para me sentir mais bonita.

Yoongi pediu um machiatto de caramelo e eu uma água. 

Levantei uma sobrancelha em questionamento. Ele não parecia ser do tipo que beberia algo tão doce e enjoado. Ele apenas deu de ombros e voltou ao assunto original.

– Eu estou com você nessa. E posso te ajudar com o que você precisar. – De repente, ele parecia muito confiável e dava vontade de jogar tudo para o alto e seguir qualquer que fosse o plano. Mas eu não iria depender de ninguém para conseguir minha vida.

– É o seguinte. – Apontei para ele. – Eu sei que meu tempo está acabando. Mas eu vou encontrar uma forma de sair de casa, ter meu emprego e arranjar alguma coisa nesse meio tempo. É a única certeza que eu posso dizer.

– Tudo bem por mim, se você conseguir tudo isso, posso ganhar tempo enquanto a gente finge que vai ter algo.

– Eu vou fazer de tudo para conseguir.

Seus olhos brilhavam ao olhar para os meus. Algo estava diferente na atmosfera e não era pelo lugar que a gente estava.

– Eu nunca saberia o que se escondia por debaixo da sua cara amarrada e vestidos chamativos. Mas eu fico feliz de, aos poucos, poder te conhecer de verdade. – Ele abriu seu sorriso sincero e fofo e fez com que eu me sentisse completamente desestabilizada, perdendo o foco de qualquer coisa que estivesse dizendo antes. Como eu reagiria a uma frase dessas?

– Espero que você realmente encontre o seu caminho, Yezi. Isso não é justo. Você merece muito mais. Quem sabe você merece o mundo.

Ele olhava para o meu rosto e eu tentava desviar meus olhos, mas era incapaz. Me sentia em uma competição e quem abaixasse o rosto perderia primeiro. Ele tomou um gole do café.

– Tudo bem admitir que você não é um lixo completo? – Forcei, exagerando com a minha voz. Ele deu uma risadinha, mas não parecia ofendido.

– Okay, vou considerar essa como um esforço máximo seu para não me xingar. – Ele piscou um olho, ladino.

– É realmente difícil, ainda bem que você percebeu meu trabalho duro. – Eu ri de volta e parecia que tudo se tornaria fácil.

Parecia que tudo tinha graça e qualquer coisa que ele ou eu falasse acabaria em risadas logo em seguida. De repente, parecia que eu não teria mais nada para me preocupar. Não existia problema que a gente não conseguisse resolver. Até mesmo com ameaças de morte.

Seria fácil passar uma tarde inteira com Yoongi. Seria fácil rir com ele em qualquer ocasião. Seria fácil sentir falta de o ver o tempo todo. Seria muito fácil me apegar a sua presença, ao seu jeito, ao seu cabelo partido no meio, no sorriso fofo e gengival característico e na simplicidade que ele encarava tudo, na forma que ele era o oposto de mim ao lidar com problemas, com toda a sua tranquilidade. E esse era exatamente o perigo. Era fácil demais e assustador demais. Quanto mais tempo eu ficasse perto dele, mais eu sentia que as coisas pioravam e mais eu queria estar perto dele.

Eu sempre mantive minha distância de qualquer pessoa que pudesse me machucar. Eu sempre mantive distância de qualquer homem que pudesse tomar todo o meu tempo. Eu sabia que não valia a pena e que eles acabariam indo embora, como meu pai sempre fazia. Eles perceberiam que eu não era boa, nem atraente e não teria nada para oferecer. Eu não queria implorar para que um deles ficasse, porque, isso nunca adiantou em toda minha vida. Eu sabia que eu não era o suficiente para que eles quisessem ficar.   Ser vulnerável era muito perigoso e eu não podia sequer pensar em me machucar mais vezes. Talvez eu não fosse aguentar mais um estilhaço. Era tão fácil esquecer disso tudo quando estava bem em frente a ele. E esse era o maior problema. Eu iria fazer de tudo para que esse sentimento passasse e tudo voltasse ao normal. Eu não podia nem ao menos me atrever a pensar que o contrário. Não poderia ao menos cogitar que tinha como dar certo.

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