Era a primeira vez que eu iria encontrar Yoongi depois dos acontecimentos anteriores. Seria mais difícil encará-lo sem as emoções da madrugada e o vinho intervindo no rumo que as coisas tinham tomado. Era de alguma forma, desconcertante. Não deveria estar sentindo meu coração querendo sair contra o meu peito, acelerado, mas eu estava sentindo. Ele atendeu a porta sorrindo e eu senti minhas mãos suarem. Completamente ridícula por causa desse cara esquisito. Ele sorri, me cumprimentando e deixando com que eu analisasse seu apartamento luxuoso e fosse até sua varanda. Estava apreciando a vista dos prédios e das ruas movimentadas quando ele cortou o silêncio.– Não consegui dormir direito ontem.
– Por quê? – Cruzei meus braços. Meus dedos estavam coçando para alcançar o meu bolso.
– Você deve saber. – Inclinei a cabeça para o lado sem entender. – Então você aparece no meio da noite, fala sobre sentimentos, o que chega a ser surpreendente porque ninguém sabia que pedras sentiam e tudo o que aconteceu depois. – Ele ri baixo. – Não acha que isso ficaria confuso? O que sequer tudo isso significa?
Tudo bem, eu não conseguia mais me segurar. Se a gente fosse fazer isso, eu teria que me acalmar. Puxei a caixa de cigarros e peguei um, fazendo Yoongi levantar as sobrancelhas. Mas ele puxou um isqueiro da calça jeans e trocou pelo meu pacote de cigarros.
– Engraçadinho. – Acendi e devolvi para ele, que também acendeu.
– A gente deveria parar com isso. Ainda mais da forma que a gente acaba queimando nossos pulmões mais rápido juntos. – Ele apontou, soltando cinzas no chão, me acusando.
– Eu sei, é um hábito idiota, ainda mais para mim. – Traguei mais uma vez, encarando um carro prateado distante, antes de retomar o assunto anterior. – Bem, é o que é no final do dia, né?
Ele não entendeu a pergunta.
– Eu só estava fazendo papel de idiota e todo mundo percebia. Eu precisei que você desaparecesse e tivesse o risco de nunca mais voltar a ser o que eu conhecia para finalmente ligar as engrenagens na minha cabeça.
Ele continuou ouvindo, se apoiando na cerca da varanda.
– Foi idiota da minha parte. Eu deveria ter admitido mais cedo. Teria poupado tanto tempo.
– Me deu tempo para pensar também. – Ele tragou mais uma vez, soltando a fumaça pelas bochechas infladas sem pressa e essa visão lateral chegava a provocar coisas em mim que eu não explicitaria. – Você vai querer mesmo fugir comigo?
– E você acha que eu cogitaria qualquer outra opção?
– Não. Então vou poder falar o que eu planejei durante todo esse tempo?
– Estou ansiosa. – Sorri e joguei a bituca do cigarro no chão, apagando com a bota.
Ele também apagou o dele e se virou de frente para explicar.
– Metade, metade. A gente abre um estúdio de música e cada um investe cinquenta por cento. Se acontecer qualquer coisa entre a gente, você sabe que tudo pode ser divido.
– Um estúdio? Você está falando sério? – Olhei de boca aberta, impressionada pela possibilidade.
– Uma empresa própria, começando pequena e atingindo a fama. – Ele sorriu, já imaginando a jornada.
– Ter a minha própria boyband, parece surreal. – O brilho transbordava por meus olhos.
– Vou ser trocado por meninos bonitos? – Ele brincou, fingindo ofensa.
– Isso é impossível.
Rimos e continuamos em silêncio. Quase puxei outro cigarro do bolso, mas tinha acabado de prometer que iria diminuir o uso.
– O que você me diz? Pronta para fugir do mundo dos crimes para sempre?
– Nunca estive mais pronta.
Sorri. Ele sorriu de volta. Quebrei a distância entre a gente, porque parecia apropriado. O abracei forte, sentindo o tecido da sua blusa e seus braços junto com o perfume de leve, transbordando a alegria das notícias atuais.
– Então, finalmente poderei resolver isso? – Ele sorriu com a malícia no olhar e no sorriso.
– O quê? – Perguntei, mesmo que soubesse qual era a intenção.
– Sabe como é, uma menina bonita me procurou no meio da noite ontem, disse que eu era importante,me beijou e depois do meu discurso foi embora. Não consegui dormir pensando o quanto ela é doida.
– Idiota. – Eu ri da sua atuação.
– Você permite que meus sonhos virem realidade?
– Vá em frente.
Ele não perdeu nem mais um segundo, indo direto para um beijo, segurando minhas costas em suas mãos cuidadosamente. Era quente, delicado e cheio de esperança, como o momento atual. Com um pequeno rastro de fumaça e cheiro de doce também. Depois de me separar e pensar, falei.
– Quem diria que um dia eu estaria beijando o meu ídolo, o habilidoso rapper Suga. – Encostei a mão nos meus lábios quentes, sem acreditar.
– E quem diria que eu estaria beijando minha ídola, Crazy Dog.
Eu ri, ainda mais pelo nome em inglês que parecia um pouco mais bobo agora que sou mais velha. Teria que me preparar para ser profissional.
– Você me idolatrava? E nunca admitiu? – Ele assentiu, envergonhado e eu ri mais ainda, incrédula. – Não dá para acreditar nesse cara.
Continuava envolvida por seus braços e não sabia se tinha algum motivo para sair deles. Me desliguei da hipnose por um momento.
– Uma grande ironia que nossos dois ídolos estavam solteiros ao mesmo tempo não é? – Brinquei.
– Estavam? No passado? Você tá namorando? – Ele falou baixo, até sem jeito de perguntar.
– Han? Quer namorar comigo?
E ele nem respondeu, calando minha boca com a sua antes que eu pudesse falar qualquer outra besteira. Eu continuei depois, apoiando as mãos no seu peito.
– Não é sério, eu sou insegura, preciso da sua confirmação, você realmente gosta de mim?
– Yezi, eu não preciso falar o que é óbvio.
– Você está apaixonadinho? – Eu ri.
– Se você continuar falando merda eu vou continuar a fechar sua boca.
– Ainda bem que eu sou boa nisso.
– Era esse seu plano desde o início? – Ele levantou a sobrancelha.
– Lembra a boyband que eu acabei de mencionar...
Ele me calou mais uma vez com outro beijo e pude sorrir contra seus lábios. Eu tinha ganhado.
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White Noise
FanfictionYezi é filha de um dos maiores mafiosos do seu país. Tentando recusar todas as propostas da sua família, ela busca encontrar outro propósito para o seu futuro. Tudo estaria bem até aí, se o filho do principal rival do seu pai, Min Yoongi, não se met...