Capítulo 20 🎲

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 Eu tentava me convencer de que eu não estava evitando Yoongi

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Eu tentava me convencer de que eu não estava evitando Yoongi. Tudo bem que já faziam dois dias que eu não falava nada com ele, mas não era proposital, ou era? Se eu continuasse a prometer que estava apenas querendo evitar o turbilhão de sentimentos que estar no mesmo ambiente que ele me causava... Dessa forma, eu conseguiria fingir que não estava me sentindo culpada. De algum jeito, mesmo sem querer admitir, isso tudo estava me fazendo ansiar, cada vez mais, a sua presença. Toda vez que alguém atravessava alguma porta, eu secretamente olhava, esperando que fosse ele. Com certeza era o sinal de que eu iria a loucura e só me faltava um ticket para o hospício. Eu não queria lhe encontrar, então por que eu continuava esperando que ele fosse me encontrar sem que eu planejasse?

– Eu não sei o que fazer, Chanyeol. – Reclamei, sentada no sofá mais largo da sala de estar da sua casa. Era apenas um momento de descanso, sem que ninguém estivesse por perto para me encher o saco. – Não aguento mais isso.

– Você anda muito irritada, isso sim. – Ele cruzou os braços, sentado do meu lado. A suavidade com que o meu amigo falava as coisas era tocante. Suas palavras cortavam por dentro.

– O quê? – Me virei para ficar de frente para ele.

– Você reclama demais de tudo, arranjando problema com isso e com aquilo. Vai acabar se tornando uma velha rabugenta. Devia trabalhar em criar habilidades para conseguir um namorado.

– Que palhaçada é essa? – Empurrei seu braço com certa força, ouvindo um ai! de protesto, enquanto ele tentava não cair do sofá. – Era eu que sempre te ajudava a falar com todas as garotas que você gostava na escola.

– Eram tempos diferentes Yeji... – Ele olhou para a janela, como se fosse um homem velho. – Eu era jovem, inexperiente, não sabia nada sobre o mundo e as mulheres.

– Com certeza não sabia, você era O garoto dos furões. – Eu ri com a lembrança dos apelidos de infância.

– Yah! Não era só porque eu tinha um furão que isso mudava alguma coisa. – Ele resmungou, fazendo sua voz ficar mais abafada no final da frase.

Eu continuei rindo. Ele tinha mudado muito desde então, de um esquisito quieto no canto da sala de aula para até que um ser humano decente. Pelo menos até as pessoas conhecerem ele de verdade e perceberem que ele não tinha mudado por dentro.

– Você não pode ficar falando da minha vida amorosa assim, Chanyeol. – Ainda não tinha esquecido o comentário maldoso que ele falou. Na verdade, isso incomodava as pessoas.

– Por quê? Eu sou a pessoa que mais te conhece nesse mundo.

– Mas isso não é verdade. Eu não pretendo virar uma velha rabugenta. – Suspirei e deitei com a cabeça no colo dele, pronta para confessar coisas esquisitas. Respirei fundo novamente.

– Acho que eu estou amolecendo, Chany. Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo.

– E eu vou concordar, se não estivesse amolecendo, você não estaria deitada no meu sofá tendo essa conversa sobre seus sentimentos.

– Estou tentando falar sério aqui. – Olhei com a cara mais feia que conseguia fazer. – Não sei direito como lidar com isso. De repente, eu comecei a sentir coisas e eu não gosto de sentir coisas, sensibilidade? Quem é que me conhece por se importar com os outros? Eu não sou fraca. Você já me viu sendo fraca? A fraqueza combina com minha personalidade?

A corrente de pensamentos jorrou sem uma ordem específica, fazendo com que eu falasse sem parar e sem buscar uma ordem para cada coisa. Meu amigo me olhou levantando as sobrancelhas, numa expressão de quem sabia mais do que estava acontecendo do que o que eu tinha contado para ele. Eu não gostava dessa cara.

– Tem a ver com o açucarado, não é? – Eu odiava o quanto Chanyeol me conhecia. Não adiantava nem mentir para ele.

– Talvez. – Franzi as sobrancelhas. Ele não tinha comprado a mentira, devolvendo um olhar cínico.

– Esse cara está te encantando! – Ele exclamou dramaticamente, com gestos exagerados. – Ele é como uma sereia, esperando que você esteja vidrada na música para terminar de te afogar por baixo do barco.

– O quê? – Ele estava me confundindo. De onde ele tinha tirado essa história doida, provavelmente de algum filme de ação clichê.

– E é assim que você acaba caindo nos braços dele.

– Não era exatamente o tipo de coisa que eu queria ouvir agora. – Interrompi seu discurso e me levantei, sentando do seu lado. Quem que quer saber de sereias e braços? Meu problema era urgente.

– E você queria ouvir exatamente o quê? – Ele parecia incomodado. – O quanto ele é incrível? Que você deveria insistir? Que no dia que você estava inconsciente de bêbada ele ficou o tempo todo me perguntando se ficaria tudo bem com você, só faltava querer te carregar no colo?

– Ele se preocupou? – Não sabia como reagir, além de supresa.

– Só era legal implicar com esse assunto quando você ficava incomodada, agora não tem nenhuma graça... – Ele cruzou os braços.

– Chanyeol, eu sou uma piada para você? – Coloquei a mão no peito, ofendida. Ele vivia dizendo que eu nunca iria admitir nada e quando eu ao menos tento...

Você está perdendo o foco aqui! – Ele estalou o dedo. – Estamos falando de Min Yoongi, o futuro herdeiro do Senhor Min, dono da rede de negócios ilegais rival do seu pai e pronto para assumir isso tudo.

– Não... – A minha ficha estava caindo. Aquele discurso não condizia mais com o que eu conseguia enxergar. – Ele não é nada disso, Chanyeol.

– E agora você parte para defender ele? Vai passar pano no pé do garoto? – Ele levantou os braços, exasperado.

– Não, não é nada disso, ele não quer tomar a frente dos negócios. Ele não é uma pessoa ruim, como todos insistiram em acreditar esse tempo todo. Ou como os outros insistiam em dizer. – As pessoas gostam de manipular palavras. É fácil.

– É, não tem mais salvação. – Meu amigo constatou, com a expressão fechada. – Foi bom te conhecer durante todos esses anos Yeji, e ter tido a oportunidade de ser seu amigo, eu sinto muito por você estar se afogando por ele. Não consigo te entregar a boia salva-vidas.

– Você pode parar de brincar por um minuto? Eu to falando sério!

– Eu também!

– Quer saber, Chany, você é um caso perdido. Não tem como te ajudar a entender. – Me levantei do sofá , farta daquele diálogo que não iria para frente nunca. A gente só continuaria numa discussão sem sentido.

– Não distorça minhas palavras, você já estava em um caso perdido bem antes disso tudo. Talvez desde o começo.

– Você deveria entender que as aparências não te levam para lugar nenhum.

– Não é aparência, é a realidade!

Sim, desisti. Aquele argumento não parecia ter um final, a gente ficaria andando em círculos durante horas se eu permitisse que a discussão continuasse. Então fiz o que era mais lógico e andei até a saída, buscando meus sapatos e batendo a porta, com a maturidade que eu tinha adquirido ao longo dos anos. Chanyeol não conseguia entender que Yoongi era diferente de tudo que a gente tinha dito? Ele era uma boa pessoa, ou pelo menos, no fundo, era isso que eu queria acreditar que fosse a verdade. Ele poderia mudar de ideia se soubesse?

White NoiseOnde histórias criam vida. Descubra agora