Depois de uma longa discussão sem um final aparente, Yoongi acabou me levando até um bar perto do seu apartamento luxuoso. Mas quem colocasse os pés naquele recinto, logo ia perceber que era o contrário do prédio caro na esquina da rua. Era todo sujo, dos pisos encardidos com o tempo até as paredes escuras, que gritavam que o estabelecimento precisava uma reforma completa.
– Como que eu vim parar aqui? – Eu estava com uma garrafa de soju para disfarçar o meu desconforto do ambiente com álcool.
– Com o melhor guia desse bairro te mostrando o mundo real. – Ele bebeu sua própria cerveja.
– Se ao menos minha família soubesse onde eu vim parar. – Apoiei minha cabeça na mão. Ele riu.
– Aposto que eles ficariam preocupados.
– Na verdade, nem tanto. Eles precisariam se importar mais para ter algum sentimento sobre os lugares que eu frequento.
– Talvez eu não devesse mencionar isso. – Ele parecia se sentir culpado através dos seus olhos de cachorrinho.
– Não, to acostumada. Às vezes fingir que é piada é mais fácil do que lidar com os sentimentos.
– Pesado. – A gente tomou um gole de cada bebida, sem saber direito o que dizer depois disso.
– Quer um cigarro? – Ele ofereceu.
– Esse lugar realmente não tem nem um nível. Deixando fumantes dentro do estabelecimento.
– Se a gente for para a varanda tá tudo bem. Ninguém quer ficar fiscalizando. – Ele deu de ombros.
...
– Você está mal acostumada, docinho.
– E você adora esse apelido né? Impressionante. – A gente já estava compartilhando um maço na mesa da varanda.
– Ele é todo seu. Não consigo chamar mais ninguém de docinho.
Eu fui pega desprevenida. Não sabia nem o que responder, além de sentir meu rosto mais quente.
– Não se preocupe, ninguém pode te tirar do seu posto. – Ele sorriu com tranquilidade, repousando o cigarro nos dedos. Tínhamos acabado com as primeiras garrafas de bebida bem rápido, considerando que ele já estava pedindo outra cerveja. E outro soju.
– Que posto? – Eu perguntei pela impulsividade, mesmo temendo a resposta.
Ele sorriu maliciosamente.
– Parceira de crime?
– Queria que dissesse outra coisa. – Respondi, sem medir muito bem minhas palavras. Eu poderia culpar a bebida mais tarde.
– Outro tipo de parceria? Era isso que você planejava? – Ele tinha se surpreendido, mas não tirava o sorriso da boca.
Eu não sabia o que dizer. Tinha chegado em um ponto em que nem o restante de consciência que eu tinha sabia como lidar com o meu atrevimento anterior. Eu acabei me questionando em voz alta.
– Afinal, o que estamos fazendo?
Ele ouviu e não pode deixar de responder.
– Você sabe muito bem o que estamos fazendo, Yezi. – Ele me desafiou, com as sobrancelhas levantadas, se aproximando enquanto encarava meus olhos.
Um calafrio percorreu minha espinha ao ouvir suas palavras. Esse momento tão raro e vulnerável me deixava tensa. Eu não podia ceder.
Alguém desconhecido estava fazendo comentários desnecessários sobre a gente e me deu uma vontade súbita de ir embora.
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White Noise
FanficYezi é filha de um dos maiores mafiosos do seu país. Tentando recusar todas as propostas da sua família, ela busca encontrar outro propósito para o seu futuro. Tudo estaria bem até aí, se o filho do principal rival do seu pai, Min Yoongi, não se met...