Nós tínhamos voado a noite toda. Eu não fazia ideia de que lugar estávamos, mas quando entramos em um local fechado, senti, pela mudança de temperatura, bem como os cheiros.
- Aí está meu brinquedo!
Aquela voz não me era estranha. Era de um homem.
- Não apagamos ele como pediu, mas tá arrisco, mais que o normal!
O outro cara do avião falou.
- Normal...
Senti alguém tirar a venda de mim. Quando abrir os olhos a luz forte me desorientou. Pisquei algumas vezes até que vi um homem de barba branca, sorrindo, com um charuto na mão.
- Olá 867!
Rosnei. Não tinha ideia de quem ele era, mas de alguma forma conhecia sua voz.
- Meu nome é Aeron!
Ele riu. E olhou para os outros homens.
- Arrisco e cheio de si ele não rapazes?
Os outros dois riram. Olhei o espaço. Era uma espécie de depósito, estava cheio, e tinham carros, motos e helicópteros.
- Onde eu estou?
Perguntei ao velho. Ele deu de ombros.
- De volta ao lar...
Rosnei. E ele sorriu fumando. O cheiro me inojou.
- Quem é você?
- Muitas perguntas 867.
- Meu nome é Aeron!
Ele baixou o charuto e me olhou sem sorrisos.
- Você é um número, um brinquedo saído de um dos meus frascos, se andou pelo mundo lá fora achando que era mais que isso se enganou imbecil. - Ele fez um sinal aos seus homens. - Levem ele para a jaula e preparem o avião. Vamos sair em dois dias!
Dando as costas para mim ele seguiu seu caminho em direção a saída do galpão. Os homens se aproximaram rindo.
- Vamos para a casinha lobinho!
Eles moveram o local a onde eu estava preso. Rosnei. Seguimos até um corredor frio que dava para o elevador. Descemos um nível e então saímos em outro corredor cheios de jaulas.
- O que é isso?
Grunhi começando a me debater. Os dois riram.
- Seu hotel cinco estrelas.
Ele me levou em direção a uma jaula no final do corredor. Olhei ao redor e via que tinha apenas uma ocupada. Não pude ver muito. Eles me colocaram de costas e de frente para a entrada da jaula.
Senti a picada dolorosa da agulha em minhas costas. Um segundo depois cair no chão frio solto. As portas da jaula se fecharam automaticamente. Fiquei um tempo ali sem ter meus movimentos.
Aquilo era terrível. Demorou até que conseguisse me erguer com certa dificuldade. Quando consegui olhei para a jaula em frente a minha, então vi um macho. Não era como eu. Parecia novo e humano. Rosnei.
- Quem é você?
Para minha surpresa ele rosnou de volta. Não era um humano, nenhum fazia aquele som.
- Quem é você?
Ele devolveu a pergunta. O avalei em silêncio. Estava sem camisa, com uma calça esfarrapada, mais limpa, o cabelo parecia cortado. Ele era forte, mas pequeno... Não podia ser.
- Eu sou Aeron... Você é um macho com DNA animal também?
Ele me olhou com desconfiança. E então rosnou.
- Sim...
Não podia ser. Ele era novo demais. Será que podia ser um filhote? Meu coração saltou. Não. Aqueles bastardos do ECP não podiam ter conseguido tirar isso de nós. Puxei a respiração tentando identificar a espécie dele. Se fosse um lobo eu iria enlouquecer, mas não, não era, parecia ser felino.
- Quanto tempo está preso aqui?
Seus olhos ainda estavam carregados de desconfiança. Esperei. Dando seu tempo para que falasse.
- Aqui há pouco tempo. Mas estou com o mestre desde sempre!
Rosnei. A quem ele chamava de mestre?
- Fala do homem de preto e barba branca?
- Sim.
Ele franziu as sobrancelhas.
- Aquele bastardo não é seu mestre! - Respirei fundo tentando aplacar minha raiva. - Tem um nome?
- Me chamavam de Sillas, mas o mestre não gosta. Disse que sou um número. 019...
- Não o chame de mestre!
- Quer que eu o chame de que?
- De nada. Ele não é seu dono e nem meu!
Sillas ficou calado. E então me encarou parecendo curioso.
- De onde é?
- Do mundo livre...
"Da minha Elle!"
Será que ela já tinha ideia que eu tinha sumido?
×××
O interrogatório de Juan estava sendo realizado

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Unbroken
RomanceSinopse: QUINTO LIVRO DA SÉRIE DNA O mundo entrou em processo de degradação, graves epidemias e guerras. E para evitar tentar controlar o caos, o governo, adotou políticas quase ditatoriais. Sua mais famosa medida foi a "Lei 569, do código 4" que c...