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- Tens a certeza que estás bem? - pergunta o Happy, apressado entre montes de papelada.

- Estou melhor. - respondo, percorrendo os olhos por uma lista, ajudando-o na tarefa extremadamente chata.

Pouso os papéis no topo de uma caixa de transporte e olho para ele. - Achas que sou mais emocional ou racional? - questiono.

Ele meio que paralisa. - De onde vem essa pergunta?

- Podes responder? - peço calma.

- Certo. Emocional. - franzo o cenho, mas rapidamente o suavizo.

Encosto-me à caixa, e subo rapidamente nela, ficando sentada em cima da mesma de pernas cruzadas. O Happy vira costas e "grita" com alguns trabalhadores que estão a transportar o material para o avião. - Faz algum sentido. - exclamo alto o suficiente para o fazer olhar para mim, tal como eu queria. - Deve ser por isso que me despediram.

- Não foste despedida, foste colocada de reserva. - contrapõe, voltando à papelada que tem em mãos. - E sai de cima de essa caixa.

Não lhe dou ouvidos. - Ninguém gosta de ser reserva. Especialmente eu. Cometi erros? Cometi. Cometi erros graves? Cometi, mas ninguém se arrepende mais que eu. E eu preciso de distrações. Estou a começar a ficar cansada em correr apenas 10 km.

Ele dá um rápido olhar indignado em mim, que me faz rir, e descer da caixa, não o deixando mais enervado.

Sigo o Happy por alguns minutos, tentando decidir se lhe faço certa pergunta, ou não. Sem estar muito perto, mas próxima o suficiente para ele notar a minha perseguição. - Diz, chata.

Engulo em seco. - Hipoteticamente, se tivesses tido um leve problema de saúde, ou melhor, levemente grave problema de saúde, contarias à pessoa que mais se preocupa por ti? Hipoteticamente.

Ele nem exita. - Vai já ligar ao Tony! - reviro os olhos com o nível da minha esperança. Já lida comigo à anos suficientes. - Já! - ordena, e em resposta, levanto as mãos rendida.

- Certo, certo. - saio para uma sala vazia rendida. Puxo o telemóvel do bolso e ligo redundante. Ele atende imediatamente.

- Que queres? - e eu a que sou a maldisposta.

- Quer dizer que só te ligo para te pedir favores? - pergunto indignada. - Vou te relembrar quem fui raptada nem à 24 horas atrás.

Ele solta um longo suspiro do outro lado da linha. - Em que posso ajudar?

Por breves instantes hesito em lhe contar, mas nunca lhe ocultei nada, excepto os últimos ocorridos, que ele acabou por saber, pois eu contei. - Tive um ataque de pânico à cerca de uma hora. - solto.

Silêncio. Apenas silêncio do outro lado da linha. - Ei, Tony!

- Estás bem? Queres que vá ter contigo? Eu posso...

- Estou melhor agora. Pressão corporal é relevante boa para ataques de pânico. - digo, não evitando rir, o que é bastante errado.

- Abraços? Estás a falar de abraços? - pergunta um pouco surpreso.

- Sim. Chocado?

- Zangado comigo mesmo por não saber disso mais cedo. - confessa.

Sento-me no chão, deixo o som da chamada em alta voz, permitindo assim ter as minhas mãos livres para bater sincronizadamente contra o solo. - Que queres dizer?

- Desde Nova Iorque que tenho Stress Pós-traumático e Ansiedade. - claramente nunca iria perceber tal coisa. Não sem ele me contar.

Decido não me queixar por ele nunca me ter contado, e inspiro fundo, relaxando. - Como controlas?

A Stark, but not a StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora