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- É melhor parares quieto, caso não queiras ficar com uma cicatriz horrenda. - finalizo a sutura cobrindo a ferida e em seguida dou um tapinha no ombro dele, entregando-lhe uma t-shirt limpa, que rebusquei no armário.

- Dói. - reclama vestindo a roupa que lhe entreguei.

Atiro o material utilizado ao lixo, e deixo o resto para ele ir cuidando ao longo dos dias até estar cicatrizado. - Esqueci-me da anestesia, desculpa. Não tenho culpa que tenhas decidido ir atrás do meu avião a meio do teu baile, e a meio da minha crise existencial.

- Ainda não percebo como entraste pela janela.

- As escadas de incêndio, mesmo estando do lado oposto, ainda são úteis. - sorrio. - Como te sentes, depois de perderes o baile? Ainda conseguiste dançar com a Liz? - pergunto curiosa.

A expressão levemente alegre desfaz-se. - O homem que atacou o teu avião, é o pai dela. - responde dando ênfase no teu.

Franzo o cenho com a tamanha coincidência. - Sério? Isso é complicado. Mas achas que ela sabia? - pergunto cuidadosamente.

- Não, é muito improvável. - ele responde cabisbaixo, coçando as costas, e devido a esse gesto, dou-lhe um leve tapa na cabeça, proibindo-o de fazer tal gesto novamente. - Eu acho que gostava realmente dela.

- Achas?

- Não tive grandes oportunidades de passar tempo com ela hoje, nem tivemos tempo para uma única dança, não tive como confirmar que a podia chegar a amar, sendo que esta iria ser a primeira vez que iria passar tempo de verdade com ela. Além que o pai dela me ameaçou pouco tempo antes de entrar para o baile. - paraliso preocuoada.

- Isso significa que ele...

- Sim ele sabe. - responde, compreendendo o que eu ia perguntar. E não parece muito preocupado com isso, o que me preocupa a mim, mas não o vou perturbar com tal coisa neste preciso momento.

- Então destruiste o meu avião! - volto a dizer, tentando aliviar a tensão. Ele ri rapidamente, preenchendo o meu coração.

- Não foi minha culpa. - sussurro um "eu sei", sentado-me ao lado dele, e pouso a cabeça no ombro dele. - Estamos bem lixados.

- Sim estamos. - completo. - Eu precisava de coisas que estavam naquele avião. - digo fingindo voz triste. - Precisas de descansar. - acrescento levantado-me, calculando mentalmente que o Happy deve estar a passar para me vir buscar.

Ele dirije-me um olhar triste, mas com um leve sorriso no rosto. Pego nos meus óculos, que estavam pousados na cama, colocando-os na cara. Em seguida, pouso as mãos nos suaves fios de cabelo, húmidos, devido ao pós-banho, alisando-os. - Amanhã ligo para saber como estás. Pode ser?

Ele afirma com a cabeça. - Pode ser que consigas falar com ela amanhã. Descansa. - peço, contudo ele sorri forçado.

Abro a janela, inclinado-me para fora, sinto-o a levantar-se, provavelmente curioso para ver como é que eu vou sair pela janela sem auxílio de nada.

Balanço-me em direção de uma planta o suficiente forte para aguentar o meu peso e depois, levo as mãos à borda do telhado subindo. - Como? - grita ele com a cabeça por fora da janela, a olhar para mim.

- Não preciso de mãos pegajosas para fazerem o trabalho por mim, eu realmente treinei para fazer coisas como esta. - ele sorri, desta vez de forma doce e verdadeira.

- És inacreditável.

- Eu sei! - replico alto. Dirijo-me às escadas de incêndio, e desço-as o mais sigilosamente possível, não quero que alguém me veja a utilizá-las.

A Stark, but not a StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora