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Despejam um balde de água por mim abaixo, com o intuito de me acordar. A criatura imbecil que o fez, tem a decência de permanecer com a cara tapada. Pela estrutura, é o baixinho que estava com os outros quando foram atrás de mim.

Observo a minha situação. Estou em um ambiente escuro, a pouca luz que vejo, é a da brecha da enorme porta ao longe, e a de um candeeiro pequeno em cima de uma mesa. É um armazém, e pouco falta para começar a cair aos pedaços.

Tenho os braços presos atrás da cadeira, assim como as pernas. E não são burros de usarem uma cadeira de madeira, ou material fraco semelhante, que eu poderia quebrar facilmente, mas para qualquer dos efeitos, se as circunstâncias pedissem, as chamas resolviam o problema.

Também não é que eu queira sair daqui.

Nada de objetos à vista que possam ser utilizados para tortura, mesmo que se fosse realmente necessário, qualquer coisa serviria para mim. Era só partir a lâmpada presente no candeeiro, e o serviço estava feito.

Nehum sinal de que me vão matar, caso contrário já o teriam feito.

Tento aperceber-me se o meu bracelete ainda está no meu pulso, mas os resquícios do tranquilizante ainda me fazem o corpo formigar. Então com um leve roçar na cadeira, descubro que o retiraram.

As gotas de água a percorrerem os meus fios de cabelo, e estão realmente a perturbar-me. - Meus caros amigos, não têm uma toalha? - pergunto virando o pescoço, ora para o homem da esquerda, ora para o homem da direita.

- Silêncio. - vocifra o que não é o baixinho que acha que tem piada.

- Se quisesses que eu me calasse, tinhas me tapado a boca, agora sofre as consequências. - respondo calma enquanto o analiso. - Lindas botas que tu tens, roubaste-as a algum palhaço? Pés tão grandes só no circo.

- É melhor nem te chegares perto de mim. - digo no tom mais calmo possível, quando o mesmo vem na minha direção.

Ele para a menos de um metro de distância, parecendo quase ter um ataque de riso. - Ou fazes o que? Atacas-me com um livro, ou vais chamar o papá? - do outro lado, o idiota baixo, faz-lhe sinal para parar de falar. Aparentemente, não é tão idiota assim.

- Sei lá, não ficaste a saber o que fiz aos teus 4 colegas? - pergunto com um sorrisinho no rosto.

- Deves pensar que...

- Caro amigo, não vamos perturbar a nossa convidada, e ter um ferido grave no chão, ou até mesmo um cadáver. - essa voz é como um clique para minha memória. Uma das que estão trancadas mesmo lá no fundo cheias de pó. O matulão com relutância, volta à posição dele.

Eram poucas as vezes que ele ficava no laboratório atrás dos meus pais, quando eu estava lá também, como se a minha presença o deixasse perturbado. - John Smith, presumo. - o mesmo aproxima-se da luz, revelando o rosto cheio de queimaduras, extremamente semelhantes às do resultado da simulação. - Não terá nenhuma pinga de café? Fui relembrado hoje que tenho um leve vício nele, sabe, ajuda a controlar a minha paciência. Ou já é outro dia? Quando adormeço, perco a noção das horas.

Ele ri. Um riso harmonioso, mas com um leve toque de sarcasmo. - Isto não é bem um hotel de 5 estrelas. Admito, achei impressionante todo o trabalho que tiveste. Desde o dia que mandei 4 dos meus homens, para apenas te vigiarem, e um deles decidiu como boa ideia tentar trazer-te, até à visita de propósito à Alemanha. Sem erros. Relamente continuas o prodígio que conheço desde que deste os teus primeiros passos naquele laboratório.

- Aquele laboratório, sempre cheio de boas memórias. - ironizo. Caso as coisas se ponham complicadas para o meu lado, aqueço consideravelmente o material que me prende, permitindo-me molda-lo com um leve movimento dos meus pulsos, deixando-me livre, sem eles saberem. - Podia ter mais memórias com o teu ser, se não parecesse que sempre que eu lá punha os pés, corresses para o mais longe possível.

A Stark, but not a StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora