CAPÍTULO VIII

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8. Pernas, coelhos rosas e Kurt Ramona.


Um bocejo escapou dos meus lábios enquanto eu me arrastava para fora da cama. Aquelas oito horas de sono – ou mais – não foram suficiente para meu cérebro exausto descansar, mas, felizmente, não parecia que um caminhão passou sobre meu corpo em seu trajeto de ida e volta.

Após realizar todos os meus deveres matinais, segui para a cozinha um pouco alegre demais para alguém faminta. Não havia nenhum sinal do meu pai na casa, o que significava que eu tinha que fazer o meu café. Verifiquei as horas no relógio barulhento da cozinha e ele ainda marcava sete horas, pelo horário papai já deveria estar aqui.

Procurei dentro da geladeira algo para comer, em um bule havia um pouco do chá de ontem, o qual sobrou e guardamos para o outro dia. Eu não hesitei em pegá-lo, também coloquei para fora a caixa de leite quase vazia e o pote de geléia de morango. Deixei o bule no fogo e o resto dos ingredientes do meu café da manhã sobre a mesa, e busquei no armário alguns pães, para minha sorte havia apenas um e para o meu azar sequer me lembrava do dia em que fora comprado.

Enquanto o fogão fazia o seu trabalho, aproveitei o momento para passar geléia no pão, o qual não estava tão duro como imaginei. Quando o chá estava quente, entornei um pouco dele no meu copo e junto dele, virei o resto do leite. 

Não enrolei muito para tomar meu café, precisava arrumar minha cama, trocar de roupa e ainda por cima estudar para o teste de cálculo. Durante o tempo em que tomava o meu chá com leite, folheei uma revista de moda sobre a mesa, sentindo minha testa se franzir com cada depoimento escrito pelo jornalista, aquilo não acrescentaria nada na vida de alguém.

— Bom dia, filha. — papai disse tocando em meu ombro, como resposta saltei assustada de minha cadeira.

— Bom dia. — respondi a ele, fechando a revista e me colocando de pé. — o Senhor demorou. 

— Deixei algumas roupas na lavanderia. — comentou abrindo a geladeira, ele observou cada centímetro da mesma. — Você gostou dos óculos? — franzi minha testa sem entender. — Não viu eles em cima da escrivaninha? 

Às pressas, me movi para o meu quarto sem sequer responder o papai e como ele havia dito, os óculos estavam sobre a escrivaninha, se fosse uma aranha com certeza já tinha me picado. Eu os peguei, avaliando cada traço de sua armação escura e quadrada, nas pernas havia um detalhe de pequenos corações. Deixei o antigo óculos sobre a escrivaninha e não prolonguei sequer um minuto antes de colocar o novo, o qual se encaixou perfeitamente bem no meu rosto. Papai ainda lembrava das minhas medidas, com isso, seu gesto amoroso me fez sorrir por longos segundos.

No espelho do meu quarto, notei o quão perfeita a armação combinou com meu rosto oval e agora dava para ver minhas íris marrons bombom. Segurei o meu cabelo escuro no alto para me analisar melhor e por fim decidi ir para a escola com o cabelo preso para trás. Eu me sentia diferente assim, entretanto aquele era um diferente bom, daqueles em que a gente se sente bonita e quer que as outras pessoas também vejam. 

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